Mário Américo - O eterno massagista da Seleção Brasileira

Por Ricardo Pilotto
Foto: Arquivo

Américo foi um grande personagem da Seleção Brasileira fora de campo

Apesar da história das Copas do Mundo serem composta por grandes craques, goleiros intransponíveis e sábios treinadores, também existem alguns personagens que são pouco vistos, mas que acabam tendo uma importância enorme no torneio mais importante do futebol. Este é o caso de Mario Américo, ex-massagista do Brasil, que estaria completando mais um ano de vida nesta sexta-feira, dia 28 de julho, se estivesse vivo.

Sua trajetória na Seleção Brasileira teve início quando a Amarelinha estavam usando uniforme branco e perderam para o Uruguai, no Marcanazo, na Copa de 50. "Foi muito tempo de isolamento, quatro meses entre as cidades de Araxá e Rio de Janeiro. Tudo em vão, porque na concentração entravam jornalistas, políticos e sofríamos o assédio dos fãs", falou Américo. Além disso, antes das finais "muitos parentes se aproximaram e vários jogadores foram revendo a lista de empresas e indústrias que lhes pagariam uma recompensa pela vitória que nunca aconteceu".

Seu excelente trabalho na função de massagista, o fez ir para o Mundial de 1954 sediado na Suíça. Naquele ano, foi ver como jogava a Seleção da Hungria, favoritos nos jogos anteriores. Ali, ele pode ver como os húngaros realizavam os exercícios ainda dentro dos vestiários, antes mesmo de subir ao campo. Depois de ver e entender, Américo foi até o treinador Zezé Moreira, que logo colocou a Amarelinha para aquecer.

Em 1958, se tornou algo mais do que somente um fisioterapeuta da Seleção e passou a fazer parte da equipe. Vicente Feola, primeiro treinador a conquistar uma Copa do Mundo no comando do Brasil, lhe deu a alcunha de Pombo-Correio: usando uma pochete de couro ele entrava no gramado  para atender os jogadores que se machucavam, e também fazia outras coisas.

Do banco, Feola fazia um gesto direcionado a um jogador no campo, e o mesmo caia, como se estivesse machucado. Ligado nisso, Mário pegava em sua pochete e maletas e levava ordens táticas.

Missão especial - Um episódio marcante aconteceu na final de 58, quando Vicente Feola lhe pediu a mais difícil de todas as missões que teve de cumprir: capturar aquela bola que o Brasil ganhou o seu primeiro troféu mundial. Quando o jogo terminou e a Amarelinha já havia se sagrado campeã, Américo se apossou da bola que estava com o árbitro francês Maurice Guigué e correu rumo ao vestiário.

A segurança até tentou o perseguir, mas Mário correu ainda mais rápido do que estava acostumado. Foi assim, que ele chegou ao vestiário com tempo suficiente para conseguir levar a bola da até um lugar seguro, buscar uma reserva, retornar ao campo e ainda pedir desculpas por aquela brincadeira.


Nos títulos de 1962 e 1970, Américo também teve a sua importância. Fez parte daquelas seleções que se enquadram do grupo do "melhor Brasil de todos os tempos", como ele próprio falou algum tempo depois de se aposentar. 

Posteriormente, resolveu trabalhar no ramo da política: foi eleito vereador da cidade de São Paulo em 76. Lá, ele foi responsável por atender pessoas e atletas pelo Instituto de Fisioterapia, na Zona Norte de São Paulo.

Esta foi a grande trajetória de Mario Américo, que veio a falecer no dia 9 de abril de 90, quando tinha 77 anos de idade. Participou de sete Copas do Mundo, sendo visto correndo que nem um relâmpago não só para cumprir a sua função de massagista, mas para fazer seus serviços em prol do futebol apresentado dentro das quatro linhas.
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