Arquiteto responsável pela nova Vila Belmiro conta detalhes sobre o projeto da arena

Imagem: divulgação

O projeto do novo estádio do Santos FC é assinado pelo arquiteto Luiz Volpato

A tão sonhada nova casa do Santos Futebol Clube já é realidade e está saindo do papel. Aprovado pelo Conselho Deliberativo dos Santos e também pelos sócios, recebendo 97% de votos favoráveis na assembleia, o projeto está em fase de acertos burocráticos. A previsão é que as obras iniciem no segundo semestre de 2023.

Luiz Volpato, arquiteto que assina o projeto, conta os detalhes da proposta arquitetônica pela primeira vez. Para criar uma verdadeira arena multiuso, o profissional traz o que há de melhor em programas de estádios de grande porte, arenas indoor, centros comerciais e teatros mundo afora.

“O projeto busca contribuir fortemente para os sentimentos de identidade e autoestima de seus usuários. Aliamos modernidade e tecnologia para reavivar a marcante trajetória do clube, além de oportunizar a sustentação para investidores”, diz o arquiteto.

Volpato, que possui mais de 20 anos de experiência na área, explica que o objetivo é criar o cenário perfeito para comportar toda a multifuncionalidade do espaço. “A experiência na nova casa santista irá além de um emocionante campo de batalhas. Também será um local de encontros, performances e produção de conteúdo”, acrescenta.

A área construída total será de 71.690,46 m². Destes, a área comercial ocupará 4.940 m², que serão distribuídos em 27 lojas internas e 36 lojas externas. O projeto ainda prevê um amplo estacionamento, dividido em dois andares nos níveis Térreo e Esplanada, com capacidade total para 576 veículos.

Localização - A localização foi uma questão amplamente discutida. A decisão pela manutenção do local considerou o legado santista, que faz parte da memória afetiva da população e do sentimento de pertencimento existente. Segundo o arquiteto, esta bagagem histórica não poderia ser replicada, assim como a paisagem única de morro, mar e canais.

Outra vantagem é que o bairro Vila Belmiro tem uma posição estratégica, oferecendo acessibilidade em diferentes modais. Está próximo à linha de VLT existente, ao futuro corredor de ônibus e às diferentes linhas de ônibus previstas em projetos da prefeitura. A malha cicloviária e duas estações de bicicleta compartilhadas também estão perto do estádio.

Acessos - O projeto propõe a entrada do público pelas quatro esquinas da quadra. Os acessos veiculares e de logística se encontrarão nas ruas José de Alencar e Tiradentes. Já o ingresso para os camarotes será realizado pela Rua Dom Pedro I, e o dos jogadores e da imprensa pela Rua Princesa Isabel. A divisão dos setores seguirá os fluxos distintos, estrategicamente projetados para que os acessos sejam rápidos, confortáveis e seguros. O novo estádio garantirá a acessibilidade adequada para todos os seus protagonistas.

Capacidade - Um complexo desenho geométrico, reverso ao comumente utilizado, resolverá a questão: a deformação da arquibancada será de fora para dentro. Volpato assegura que este artifício, associado a parábola de 100% de visibilidade, permitirá a otimização do espaço e o consequente aumento de sua capacidade. Os espectadores serão divididos em quatro níveis diferentes: Arquibancada, Deck Premium, Camarote e Arquibancada Superior. A capacidade máxima será de 30.108 lugares.

Estética - A própria arquitetura foi pensada para refletir as cores do time, marcado pelo clássico branco e preto, além de detalhes em dourado. O máximo aproveitamento da capacidade do local configurou uma estrutura em formato irregular, que demonstrou potencial para ser explorada esteticamente. A partir dela o arquiteto desenhou uma fachada principal, que promete revelar a alma santista por completo.

A parte superior da arena será composta por uma envoltória branca metálica, com imagens representativas dos ídolos que marcam a história do Santos, como o soberano Rei Pelé. Recordações como a do jogador fazendo sua clássica jogada de bicicleta; ‘’socando o ar’’ - gesto que utilizava ao marcar gol; amistoso em que marcou cinco gols para o Brasil; entre tantas outras ficarão eternizadas na nova casa santista.

Estas figuras, desenhadas através de perfurações computadorizadas, são fotos de acervo do clube, conservadas desde a década de 1960. Também haverá uma montagem com imagens do inesquecível craque e dos maiores artilheiros que já passaram pelo time, como Gabriel (Gabigol), Kleber Pereira, Neymar e Paulinho. Além de recordações de partidas inesquecíveis, incluindo torneios nacionais e internacionais.

O peixe, símbolo da unidade, força e resistência santista, também terá seu lugar no novo estádio. Para proteger a grande esplanada de acesso, Volpato apresentará um elemento especial. Um brise em forma de escamas, com chapas metálicas micro perfuradas e delgadas lâminas de fibra de carbono. Cada detalhe foi pensado para fazer alusão ao adorado mascote da torcida.


Ainda nesta área, localizada na esquina principal do projeto - interseção das ruas Princesa Isabel e José de Alencar -, será inserido o símbolo maior do Santos. A parte mais exuberante do brise foi reservada para receber o brasão do clube, que será pintado na cor dourada. A proposta é consolidá-lo como objeto venerado e eternizado.

Alçapão - O amor e a devoção da torcida santista transformaram o estádio em um verdadeiro “alçapão”, amplamente reconhecido. Para potencializar a energia temerosa emanada pelos torcedores, o arquiteto aliará três premissas. O movimento geométrico das arquibancadas, a aplicação das normas usando os limites mínimos e o preciso desenho da cobertura aumentarão os efeitos de pressão. A promessa é clara: o novo alçapão será ainda mais assustador.

Desafios - Volpato afirma que as inúmeras necessidades e demandas deste projeto impõem um desafio singular, que será enfrentado com muita seriedade. Além da responsabilidade com a história do Santos Futebol Clube e a projeção de seu atual estádio, ele menciona outras condicionantes.

A necessidade de ampliação da capacidade de público para 30 mil lugares; a preservação das características do alçapão; a multifuncionalidade para viabilizar economicamente o empreendimento; e a pequena área de terreno para equipamentos deste porte. O arquiteto avalia que estes pontos formam uma equação bastante complexa para o processo projetual.

Além disso, a cidade de Santos tem um solo que dificulta a obra. É composto por areia e argila mole, impedindo a existência de um subsolo. Devido a isso, os estacionamentos tiveram de ser projetados nos primeiros pavimentos. “Elevamos o campo de futebol para 10 metros de altura do chão. Com isso, liberamos completamente a quadra, o que possibilitou grande fluência para todos os acessos, garagens, centro comercial e a parte funcional para todos os eventos. É uma solução extremamente inusitada e inovadora na construção de estádios de futebol”, declara o arquiteto.
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Um comentário:

  1. No começo era 900 vagas para veículos agora são 576, no final vão entregar 350... sem contar que a maioria da torcida vai fica em pé? Um retrocesso enquanto os estádios atuais são feitos todos com cadeiras a *"nova vila"* quase metade da torcida do Santos vai ver o de pé? Deveria construir no caminho para cidade de Cubatão um estádio grande de verdade com capacidade para 40 mil pessoas sentadas, no estádio atual se tirar as cadeiras cabem uns 25 mil fácil, muito dinheiro envolvido querem construir um shopping não um estádio!

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