Por J. Cruz*
Foto: arquivo
Parte da arquibancada do Estádio
Quando imaginamos na atividade do futebol, vem logo em nossa mente que são necessários: atletas, bola e espaço delimitado. Os demais itens vêm depois, isto não quer dizer que outros não sejam importantes, como por exemplo: arbitragem, uniforme e as famosas regras que ditam o procedimento dos atletas em um jogo oficial, amistoso e até de várzea como é conhecido popularmente.
Diante desse contexto, o espaço delimitado para praticar o futebol, ficou conhecido como campo. Anos depois estes espaços passaram a ser conhecido como estádio de futebol que diante de sua grandiosa arquitetura se tornaram modernas e belíssimas praças esportivas.
Em Sergipe, além da capital existiram campos famosos que por possuírem um espaço pequeno para a torcida, ficaram conhecidos como alçapão. Na capital os dois principais clubes, Confiança e Sergipe possuem há muitos anos, suas praças esportivas (Sabino Ribeiro e João Hora). Com a inauguração em 1969 do Batistão, ele substituiu o antigo Estádio Municipal de Aracaju. No interior, sempre existiram os campos ou estádios: o Constantino Tavares de propriedade do Esporte Clube Propriá, o Gonçalo Prado em Maruim, o do Rio Branco de Capela que possuía pista para corrida de cavalos.
Em Itabaiana, o time serrano possuía seu campo, o Etelvino Mendonça, mas doou ao Estado de Sergipe, em 1971 para construção de um moderno. Após a doação, a Olímpica de Itabaiana ficou dependente do Estádio Estadual Presidente Médici. Atualmente o nome do antigo campo, serviu para substituir o no nome do Estádio Presidente Médici. Convém ressaltar que em várias cidades do interior, a exemplo de Lagarto, Tobias Barreto, Nossa Senhora da Glória possuem seus campos ou estádios modernos.
Em Estância, igualmente as demais cidades do interior, também chegou a existir até três espaços exclusivos para partidas de futebol: O estádio José Pequeno de propriedade do Grupo Constâncio Vieira, o primeiro campo de futebol em Sergipe com iluminação para jogos à noite. O campo do Cruzeiro que era utilizado pelo Estanciano e a Vila Operária de propriedade da Fábrica Santa Cruz que era utilizado pelo Esporte Clube Santa Cruz. Em 5 de março de 1983, foi inaugurado o Estádio Governador Augusto Franco, apelidado de Francão dentro dos padrões modernos com iluminação, local onde jogos do Estanciano e Santa Cruz passaram a ser realizados, tanto oficiais quanto amistosos.
Mas voltando ao campo da Vila Operária que fica localizado no Bairro Santa Cruz, a sua construção tem uma história interessante que mostra a importância da força de vontade para se chegar a alcançar um objetivo. Segundo relato do Sr. José Felix dos Santos (ex-supervisor da equipe do Sport Clube Santa Cruz), em 1930, os funcionários da extinta Fábrica Santa Cruz de Estância (SE), por iniciativa do senhor José Vieira, o mesmo com os colegas de trabalho procuraram o diretor e empresário João Joaquim de Souza Sobrinho, informando o sonho do grupo de fazer um campo para praticarem o futebol, porém, a resposta foi um sonoro “não”! Mas o diretor fez uma proposta que autorizava eles construírem o campo e fornecia toda ferramenta necessária: pás, picaretas, enxadas, foices, machados e galinhotas. Para surpresa do diretor, o pessoal aceitou a doação.
Após seis anos construindo o campo manualmente, o primeiro jogo foi realizado em 1936. Em 1937 a Fábrica Santa Cruz foi vendida ao Coronel Gonçalo Prado, que continuou apoiando o trabalho esportivo dos funcionários. O novo diretor, Dr. Júlio Leite autorizou a continuação da construção do campo, criou a diretoria e formou o primeiro time de futebol, denominado Sport Clube Santa Cruz e o campo recebeu o nome de Vila Operária. Em 1947 o Dr. Júlio Leite iniciou a primeira reforma da Vila Operária com a construção das arquibancadas. No dia 1º de maio foi reinaugurada a moderna praça esportiva para os padrões da época, com o jogo entre Santa Cruz x Ypiranga de Salvador. A equipe baiana venceu pelo placar de 4x1.
A Vila Operária foi palco de grandes partidas de futebol quando o time do Santa Cruz era considerado o bicho papão, ou seja, a melhor equipe de Sergipe. Atualmente o campo ou estádio da Vila Operária é mantido pelo grupo empresarial de propriedade da família Leite, conservando a sua arquitetura original e sendo utilizada pelos desportistas amantes do futebol amador. A história do futebol sergipano está escrita no gramado da Vila Operária, local em que o Sport Clube Santa Cruz conquistou vários títulos futebolísticos para o orgulho do futebol estanciano.
Fonte de pesquisa: Jornal Folha da Região SE, edição 382 maio 2021
*Historiador
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