Com informações do Senta Aí
Foto: divulgação
O futebol é uma paixão não apenas nacional, mas internacional. Ele é amado e admirado em todo mundo, contudo mais energicamente – e loucamente, diga-se de passagem – na América Latina. O Brasil pode ser um desses exemplos, com o fato de brigas, pelo lado negativo, e torcidas gigantescas, pelo positivo, existirem. No Uruguai essa história não é diferente e isso foi muito do vivido pelo jogador Daniel Baldi. Baldi, em busca de contar um pouco dessa história sobre a força do futebol, criou o livro Mi Mundial, nunca publicado no país. Agora, a adaptação ganha as telas dos cinemas contando a história sobre o sonho do pequeno Tito (Facundo Campelo).
Em Meu Mundial: Para Vencer Não Basta Jogar, filme uruguaio de 2017, acompanhamos a história do garoto, com muita habilidade, na qual quer viver de futebol. Ele acaba por não conseguir se dar bem nos estudos, além de sofrer algumas retaliações do pai Ruben para seguir estudando (Néstor Guzzini). Após passar em um teste de um clube de maior expressão e em uma cidade grande, Tito deixa tudo para trás, inclusive sua grande amiga e romance Florencia (Candelaria Rienzi). O garoto, porém, agora terá que começar a lidar com o peso do sucesso e das responsabilidades, colocando a família em conflito.
Apesar as boas intenções narrativas dramáticas, o filme parece muitas vezes deslocado dos seus pensamentos propostos. A direção de Carlos Andrés Morelli acerta ao trazer um universo bastante realista, tratando o futebol como um sonho quase inalcançável (o início com o contra-luz da bola demonstra bem isso). Entretanto, esse mesmo fator parece se perder na facilidade e velocidade das conquistas de Tito. Com 1h42min poderia existir um tempo maior dessa sua trajetória, não levando tudo com a maior facilidade do mundo nas sequências. O roteiro, assim, transforma os dramas – bem consolidados a prióri – em repetitivos e até piegas, em determinado momento.
Mesmo sendo para a família, é interessante como o longa não tem medo de abordar os seus conflitos diretamente. Nesse sentindo, é interessante que toda a encenação de Morelli se proponha aos embates de pensamento constantes. Enquanto um lado visa uma mistura de um futuro profissional e uma boa educação, o outro apenas tem a visão financeira da situação toda. A figura do olheiro Rolando (Roney Villela) talvez seja a mais impactante nesse sentido. Ao oferecer um futuro melhor par a família, com um grande problema financeiro a ponto de não conseguir pagar aluguel, ele parece benevolente em suas atitudes. Quando sua faceta de apesar olhar para o dinheiro é colocada de frente, a obra joga as dicussões para primeiro plano, sem medo algum.
Esses elementos, sobrepostos, acabam jogando ainda mais diretamente toda uma trama voltada para uma certa falta de cuidado temático. Tudo parece ser 8 ou 80, sem uma verdadeira busca por balancear cada novo enfrentamento decorrente de causos anteriores. Por isso, a situação na qual ocorre para gerar o clímax, acaba sendo um pouco forte demais. Ela faz até sentido com tudo que está acontencendo, todavia a forma na qual é lidada pela direção de Carlos acaba sempre olhando em torno de uma moralidade e mudança de pensamento. Talvez haja uma falta maior de deixar a narrativa respirar por ela mesma.
Meu Mundial: Para Vencer Não Basta Jogar é um filme interessante e até bem diferentes de longas na qual retratam o futebol diretamente. Ele busca uma abordagem mais interessada em explorar a dramaticidade do seu enredo do que em tratar sobre uma diversão do esporte. Nesse sentido, é uma obra proposta para uma história universal, sobre pertencimento e sobre sucesso. Com o futebol sendo tratado como esses temas na América Latina, nada maior onipresente nas vidas daqui. Se os Estados Unidos lida com a fama sobre atores e músicos, essa dificuldade é trazida no Uruguai para o esporte. O futebol é presente de um jeito diferente em nossa existência. E essa produção retrata isso.
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