Mudança de filosofia nas contratações pode transformar para melhor o futuro do Real Madrid

Por Lucas Paes
Foto: Getty Images

Rodrygo e Vinicius Júnior são dois dos destaques madridistas

Quem cresceu no início dos anos 2000 se lembra provavelmente da época onde o Real Madrid tinha o time de "Galácticos". O maior clube do planeta tinha no começo do século um esquadrão lotado de estrelas que não conseguia apresentar em campo o que seus nomes mostrariam possível. A equipe que tinha Beckham, Ronaldo, Zidane, Roberto Carlos, Casillas e tantos outros jamais passou sequer perto de um domínio europeu. Desde então, muita coisa mudou no clube e mais recentemente a política de contratações dos madridistas tomou um rumo que parece aos poucos transformar o futuro do clube e colocar inevitavelmente o gigante espanhol no topo.

O começo dessa filosofia na verdade entra dentro de outra ideia do Real Madrid que parece cruel, mas é uma necessidade no futebol atual: não importa quão ídolo e gigante na história do clube um jogador seja, o Real Madrid nunca renova com ele por pura e simples gratidão. Assim se foram Casillas, Marcelo, Cristiano Ronaldo, Casemiro, entre outros grandes pilares recentes. A partir daí entra a filosofia que coloca de novo os Blancos no topo: contratações de jogadores jovens com enorme talento a ser explorado e lapidado.

Se antes o Real Madrid gostava de comprar estrelas prontas, hoje o time Merengue aposta em outra postura no mercado. Atualmente, o time de Florentino Pérez começou já com Vinicius Júnior e Rodrygo uma filosofia de trazer para seu time diamantes a serem lapidados. Assim ambos, que chegaram meio crus, praticamente tiveram a formação final dentro do clube merengue, sendo inclusive considerados "homegrowns" pela UEFA. A filosofia começa a dar resultados e já foi essencial no título da Liga dos Campeões passado, quando a dupla brasileira foi essencial junto a atletas como Mendy, Militão, Valverde e Canavinga.

Não é como se o Real só tivesse jovens no elenco, já que tem nomes como Courtouis, Benzema e claro, Modric (que parece vinho pois joga melhor a cada ano que passa) que possuem vasta experiência, mas o Real Madrid não contrata mais jogadores badalados já consagrados. Se antes Florentino provavelmente tiraria Salah do Liverpool a preço de ouro, hoje prefere pagar 80 milhões no jovem e ótimo Tchouameni, que já se encaixou no time. Se antes monitoraria o sucesso estrondoso de De Bruyne no City, hoje prefere colocar em seu radar o jovem e já badalado Bellingham. 

Não é que o Real Madrid não monitore mais grandes estrelas também. Recentemente ficou conhecido no mundo inteiro o interessante conflito entre o Real e o PSG por Mbappé e Haaland já foi especulado no time, mas até os dois cabem nesta filosofia de trazer mais garotos. Haaland, afinal, tem apenas 22 anos e Mbappé 24, ambos ainda jovens com muito futebol para exibir se chegassem ao Bernabéu. Na ausência de suas vindas, porém, o Real Madrid passa a treinar Rodrygo na função de camisa 9 e a adaptação do brasileiro é de certa forma assustadora de tão eficiente.


É improvável que Florentino e o Madrid deixem completamente de contratarem estrelas consagradas, mas estas serão cada vez mais raras num time que agora tem a filosofia de construir sua dominação por anos a fio, renovando e respirando um elenco que é cada vez mais jovem e, o que é mais impressionante, cada vez melhor. O futuro, como foi o passado, como é de certa forma o presente será, aparentemente Merengue. 
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