Julinho Botelho: herói em dois continentes

Foto: arquivo / SE Palmeiras

Julinho Botelho brilhou no Palmeiras

Julinho Botelho foi um dos maiores pontas-direitas do futebol brasileiro, tendo se tornado ídolo em dois clubes brasileiros e em um italiano. E só não fez sucesso igual na seleção brasileira porque, além de ter recusado duas convocações para disputar a Copa do Mundo, ele era contemporâneo de Garrincha. De todo modo, Julinho é lembrado até hoje como um dos gigantes do futebol brasileiro, que ao longo dos últimos anos vem vivendo uma crise de talentos. Será que voltaremos a ter os melhores jogadores do mundo? Se você gosta de fazer previsões esportivas, clique aqui e dê o seu palpite.

A carreira de Julinho Botelho teve início nos anos 1950, no Juventus da Mooca. Logo nos primeiros jogos, ele chamou a atenção da Portuguesa, para onde se transferiu em 1951. A Lusa foi o primeiro clube em que o ponta-direita talentoso se tornou ídolo. Por lá, conquistou duas vezes a Copa Rio-São Paulo, que à época era um torneio muito valorizado.

Em 1955, Julinho Botelho foi contratado pela Fiorentina – e bastaram três anos para que ele se tornasse ídolo na Itália. E não é para menos, afinal, o ponta-direita foi peça fundamental na conquista do primeiro título italiano da Viola, na temporada 1955-56. Ele ainda conseguiria dois vice-campeonatos em sua passagem pela Fiorentina, até retornar ao Brasil.

Dizem que sua volta se deve em grande parte à saudade que ele sentia pelo bairro da Penha, em São Paulo, onde nascera. Ponta veloz, de dribles curtos, Julinho escolheu o Palmeiras como destino ao desembarcar novamente no Brasil. E o Verdão seria o terceiro clube a tê-lo como um dos maiores ídolos de sua história.

Sua passagem pelo Palmeiras começou em 1958 e durou até 1967. Pelo Verdão, ele venceu a Taça Brasil de 1960, equivalente ao Campeonato Brasileiro, e a Copa Rio-São Paulo de 1965, além de dois Campeonatos Paulistas (1959 e 1963).

Vaia e aplausos

Em 1954, Julinho Botelho foi titular da seleção brasileira na Copa do Mundo da Suíça. Em uma época em que Garrincha já despontava no Botafogo, ele foi a opção de Zezé Moreira para a posição. No entanto, talvez seu principal momento com a camisa do Brasil tenha sido um amistoso contra a Inglaterra, no Maracanã, em 1959. Na ocasião, ele transformou a vaia de quase 200 mil pessoas em aplausos efusivos.

Quando Julinho Botelho foi anunciado como titular no lugar de Garrincha, a torcida carioca emitiu uma das maiores vaias da história do futebol – se não a maior. O craque, porém, não se intimidou e logo aos 7 minutos, marcou um golaço. Ele driblou um adversário, invadiu a grande área pela ponta direita, cortou para dentro, passou no meio de dois e bateu de esquerda.

A partir daquele momento, Julinho, em vez de vaiado, passou a ser aplaudido e celebrado a cada toque na bola. De personalidade forte, o homem que ainda recusara as convocações para as Copas de 58, por estar jogando fora do Brasil, e de 62, por achar que não estava em suas melhores condições, foi, sem dúvidas, um dos grandes personagens e jogadores da história do futebol brasileiro.
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