Por Felipe Roque
Colaboração e supervisão: Victor de Andrade
Foto: arquivo A Tribuna
Elano fez o primeiro gol da vitoriosa campanha
Há exatos 20 anos, começava a campanha de um título histórico para o Santos. Em uma tarde de sábado, para quase 14 mil pagantes, o Peixe recebeu o Botafogo na Vila Belmiro para dar início a caminhada do título que a torcida tanto sonhava: o Brasileirão de 2002.
O Santos vivia anos de sofrimento, apesar dos títulos do Rio-São Paulo de 1997 e da Copa Conmebol de 1998, a torcida queria mesmo era conquistar algo de maior expressão, que não vinha desde o Paulistão de 1984 (sim, naquela época o estadual valia! E muito!). Nesse período, algumas campanhas para se esquecer e outras que bateram na trave, como o Brasileirão de 1995 e o Paulistão de 2000. E o grito de campeão estava preso na garganta do torcedor.
E aquele 2002 estava mais para a primeira do que a segunda opção. Apenas nono colocado na Liga Rio-São Paulo (um certame ampliado se comparado àquele conquistado pelo Peixe em 1997, com mais equipes), o Alvinegro Praiano, dirigido por Celso Roth, não se classificou para as finais da competição e também para o SuperPaulistão.
Com isto e por conta da realização da Copa do Mundo de 2002, onde o Brasil conquistou o penta, o Peixe ficou mais de 3 meses sem jogar oficialmente. Celso Roth foi demitido e trouxeram para o seu lugar Emerson Leão. O novo treinador pediu reforços, mas a diretoria do Santos, na época presidida por Marcelo Teixeira, disse que não havia dinheiro para contratar e que teria que usar os jogadores da base.
Leão começou a treinar a garotada, com nomes que depois ficariam famosos, como Diego, Robinho, Elano, Renato, Paulo Almeida, entre outros. Alguns surgiriam só quando o Brasileirão já estava rolando, como o zagueiro Alex. Para piorar, na preparação, Leão perdeu Fábio Costa, com grave contusão e previsão que só voltaria em 2023.
Alguns, poucos, reforços chegaram: o goleiro Júlio Sérgio, o lateral-direito Maurinho, o zagueiro Bernardi e os atacantes Fabiano Souza e Alberto. Mas quando Leão começou a treinar a garotada, viu muito talento. E os amistosos contra o Comercial, goleada por 5 a 0, e Glasgow Ranges, este em Nova Iorque, com vitória por 1 a 0, gol de Diego, de pênalti, reforçaram para Leão que o caminho era com a nova geração dos Meninos da Vila.
Mesmo assim, a crônica esportiva não apontava o Santos como favorito. Pelo contrário! No máximo, meio de tabela. Os Meninos da Vila só passavam confiança para Leão e alguns torcedores que já tinham conhecimento dos talentosos 'pratas-da-casa'. Para fechar, em um amistoso contra o experiente Corinthians, que tinha ganho tudo no primeiro semestre, em Urbano Caldeira, os 'Peixinhos' deram um show e venceram o maior rival por 3 a 1. Antes do jogo, o eterno capitão Zito chamou Leão de louco por marcar este jogo. E o treinador, mais uma vez, estava certo.
A vitória deu ânimo para o elenco e à nação santista, que foi em peso para o jogo de estreia do Campeonato Nacional. Naquele 10 de agosto de 2002, o alvinegro foi para campo com Júlio Sérgio; Maurinho, Preto, André Luís e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano (Wellington) e Diego (Alexandre); Robinho (Fabiano Souza) e Alberto. Dirigidos pelo histórico Emerson Leão.
A pouca experiência do time formado à base de novatos promovidos de suas categorias inferiores não foi problema para o Santos em sua estreia no Brasileiro de 2002. Jogando em casa, o Santos começou pressionando e chegou ao primeiro gol logo aos 4 minutos. Num cruzamento de Diego, da direita, Robinho ajeitou para Elano, que chutou forte, sem chances de defesa para o goleiro Carlos Germano.
O segundo gol santista saiu aos 43 minutos. Diego recebeu na entrada da área, chutou forte e ampliou para a equipe da casa. O Botafogo conseguiu o seu gol solitário na partida apenas aos 40 minutos do segundo tempo. Após cruzamento da esquerda, Ademílson se antecipou à defesa e tocou para o fundo das redes, mas já era tarde demais!
Em mais um dia inspirado dos Meninos da Vila, o Santos bateu o Botafogo por 2 a 1! Aquele jogo foi, oficialmente, o início da caminhada que abrilhantou os olhos de muitos e que teve baixos também. Por conta deles, quase não passam para a fase final. Mas no capítulo final, em 15 de dezembrod e 2002, o final foi feliz. Muito feliz!
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