Por Ricardo Pilotto
Foto: Arquivo
O 'Marujo' passou pelo Vincenza nos anos 90
Marcelo Alejandro Otero Larzábal, popularmente conhecido como Marcelo Otero ou por seu apelido Marujo, está comemorando o seu 51º aniversário nesta quinta-feira, dia 14 de abril de 2022. Por isso, vamos relembrar quando o atacante uruguaio defendeu as cores do Vincenza, da Itália, de 1995 a 1999, e se tornou ídolo do clube lanerossi em tão pouco tempo.
Nascido em Montevidéu, capital do Uruguai, Otero começou sua carreira futebolística no Rampla Juniors. Jogou nas categorias de base do clube rojiverde e subiu para a equipe profissional em 1990 quando tinha apenas 19 anos de idade. Chamou a atenção de grandes time do futebol nacional e foi para o Peñarol, onde ficou por quatro temporadas.
Fazendo pelo menos 10 gols em cada temporada jogando com a camisa aurinegra, o jogador passou a defender a Seleção Uruguaia. Em 95, seu bom futebol e sua apresentações fizeram com que o jovem fosse vendido ao Vincenza por 2,5 bilhões de velhas liras ao time da cidade do norte da Itália. Se transferiu aos Biancorossi junto com seu compatriota, o zagueiro Gustavo Méndez.
Além dos dois uruguaios, os Lanerossi trouxeram um pacotão de reforçou para o treinador Francesco Guidolin, que tentava montar um time promissor e tinha como principal objetivo, manter a equipe na elite do futebol nacional. Para isso, o clube contratou também os italianos Daniele Amerini, Giampieri Maini, Alessandro Pistone, Luca Mondini e o sueco Joachim Björklund. Naquela temporada, o Vincenza voltava a disputar a primeira divisão do futebol nacional após 16 anos longe da competição.
Sua estreia aconteceu logo na rodada inaugural do campeonato italiano, quando os Biancorossi enfrentaram a equipe da Internazionale, mas sua primeira grande apresentação foi em um jogo da Coppa Italia. Contra o Padova, o uruguaio mostrou o seu 'cartão de visita' fazendo um gol e dando uma assistência. Algumas rodadas depois, Otero também marcou um gol diante da Udinese e outros em um jogo contra o Bari.
Apenas neste curto período, o camisa 19 já ia se tornando um ídolo para a torcida e já foi ganhando alguns apelidos. Por comemorar seus gols com os braços abertos, lembrando um par de asas, atacante sul-americano passou a ser chamado de 'Falco' (Falcão) e 'Avioncito' (Aviãozinho).
Jogando ao lado de Roberto Murgita, que havia sido o grande artilheiro da equipe na Serie B da temporada anterior, rendeu muito bem e acabou sendo principal goleador da equipe italiana com 13 tentos anotados, sendo 12 na Serie A. Fez apenas dois gols a mais que o seu companheiro de ataque, que balançou as redes adversárias em 11 oportunidades, sendo que 10 foram no campeonato nacional.
Com vitórias importantes sobre times como Lazio, Napoli, Roma e Juventus, o Vincenza chegou a sonhar com uma vaga que levaria o clube para a tradicional Copa Uefa, mas os Lanerossi terminaram a principal competição nacional na 9ª colocação da tabela de classificação, tendo inclusive marcado um gol de pênalti na partida contra a Veccia Signora. Na Coppa Italia, o time do uruguaio parou nas oitavas de final diante do Palermo. Adaptado ao futebol e ao país, Otero já era um xodó da torcida alvirrubra.
Na temporada seguinte, o atacante começou à todo vapor e logo na primeira rodada do campeonato italiano, viveu um dos momentos mais especiais na sua passagem pelo Vincenza. O uruguaio marcou os quatro gols da vitória pelo placar de 4 a 2 sobre a Viola. Apesar de ter apenas 1,76m de altura, o camisa 19 mostrou seu bom aproveitamento em jogadas de bola aérea fazendo três gols por mero oportunismo e um cobrando penalidade máxima.
Com um excelente começo, os Lanerossi chegaram a liderar a Serie A de maneira isolada na 10ª rodada. Claramente, o objetivo da equipe ainda era se manter na elite do futebol nacional e o time já tinha alguma gordura. Em 24 jogos na temporada, Falco marcou 13 vezes no campeonato nacional e mais uma vez foi o artilheiro do clube Biancorossi. O Vincenza conseguiu terminar a competição na 8ª colocação, e com um detalhe: não perdeu da Juventus, que foi a campeã do certame. Inclusive, na vitória conquistada em casa, o atacante uruguaio fez um gol.
O momento de maior glória para os alvirrubros vira com a conquista da Coppa Italia. O começo de trajetória do clube no torneio foi bastante difícil, já que teve dificuldades para eliminar equipes como Lucchese na primeira fase e o Genoa nas oitavas de final. Na sequência, teve de enfrentar o gigante Milan, e ainda vivendo um momento super conturbado. O clube Biancorossi estava em uma crise administrativa gigantesca e trocava de presidente constantemente, chegando até a ter quatro mandatários diferentes ao longo da temporada.
Apesar deste fato extra campo, os Lanerossi eliminaram o time Rossonero, que era nada mais nada menos que o atual campeão italiano, despacharam o Bologna nas semifinais e superaram o Napoli na grande decisão. Naquele momento, o Vincenza finalmente conseguiria conquistar um título de grande expressão do futebol nacional.
Por conta da campanha, os atletas foram bastante enaltecidos na cidade, incluindo Otero, que teve uma participação bem tímida no torneio. Mais utilizado durante a Serie A, o atacante sul-americano não marcou nenhum gol na copa e sequer participou do último jogo da finalíssima, já que a lesão que o acometeu fez com que a temporada fosse encerrada antes do previsto para o atleta.
Seu problema físico o prejudicou consideravelmente. Logo na primeira rodada do Campeonato Italiano. Avioncito fraturou o tornozelo e acabou ficando afastado dos gramados por quase dois meses. Sem um de seus principais nomes, os Berici tiveram um começo de temporada muito ruim, e isso se concretizou com a perda da Supercopa para o Juventus após revés por 3 a 0. Além disso, o Vincenza foi eliminado pela equipe do Pescara, que disputava a Serie B, na segunda fase da Coppa Italia.
Sem poder contar com Otero, Francesco Guidolin passou a usar Pasquale Luiso, que era era do Piacenza e havia sido contratado na janela de transferências mais recente, em uma troca envolvendo Murgita. Além de ter perdido espaço no time titular, era colocado do lado direito do meio de campo em um 4-5-1 quando era utilizado. Consequentemente o seu rendimento não foi o mesmo e o uruguaio marcou apenas dois gols em 15 partidas disputadas. O clube Biancorossi terminou a Serie A apenas na 14º posição na tabela de classificação.
Apesar da má campanha no principal certame do país, os Berici conseguiram um bom desempenho na Recopa Uefa, que juntava os campeões das copas nacionais. A equipe italiana eliminou times como Legia Varsóvia, Shakhtar Donetsk e Roda da Holanda, beliscando assim uma semifinal de um torneio de âmbito continental. Nesta fase perto da decisão, o time alvirrubro foi eliminado pelo Chelsea. Contundido durante metade da competição, o uruguaio apenas jogou uma partida diante dos holandeses e ainda contribuiu com um gol para o fantástico placar agregado de 9 a 1 feito pelo Vincenza. Seu outro tento foi sobre os Blues, no apagar das luzes no revés dentro do Stamford Bridge.
Insatisfeito com a condição de reserva, o atacante, Otero comunicou a diretoria biancorossi que não ficaria no clube caso não retornasse ao time titular. Isso aconteceu quando Francesco Guidolin deixou o comando técnico dos Berici, rumando à Udinese, e Franco Colombo chegou pra assumir o cargo e guiar a equipe naquela temporada 1998-1999.
Porém, o treinador acabou não conseguindo repetir o sucesso do anterior e o time entrou na zona de rebaixamento na 6ª rodada. Os 10 gols em 29 apresentações do uruguaio não foram o suficiente para fazer com que o Vincenza permanecesse na elite e a equipe vêneta terminou a Serie A na penúltima colocação naquela temporada. Foi desta maneira melancólica, que Otero encerrou o seu vínculo com os Lanerossi após marcar 40 gols em 111 jogos disputados com a camisa vermelha e branca.
Depois de quatro anos no futebol italiano, Avioncito ainda defendeu clubes como Sevilla, Colón da Argentina e encerraria a sua carreira como jogador de profissional aos 32 anos de idade, após jogar pelo Fénix do Uruguai no ano de 2003.
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