Há 10 anos, Ricardo Teixeira deixava presidência da CBF ao ser alvo de denúncias

Com informações do G1.com
Foto: arquivo

Ricardo Teixeira ficou à frente da CBF por 23 anos

Em 12 de março de 2012, há exatos 10 anos, Ricardo Teixeira renunciava à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cargo que ocupava desde 1989. A decisão, na época, foi anunciada em carta enviada à entidade e divulgada nesta segunda-feira, em que também comunicava a saída do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014, que foi disputada no Brasil.

"Deixo definitivamente a presidência da CBF com a sensação de dever cumprido", escreveu Teixeira, de 64 anos, em carta lida no dia da renúncioa por José Maria Marin, ex-vice-presidente da confederação para a Região Sudeste, que assumiu a entidade com a saída de Teixeira e passou a chefiar oficialmente a CBF até 2015.

"Presidir paixões não é uma tarefa fácil em nosso país. Futebol é associado a duas imagens: talento e desorganização. Quando ganhamos exaltam o talento, quando perdemos, a desorganização. Fiz o que estava ao meu alcance, renunciei à saúde. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias", acrescentou Teixeira.

Denúncias e polêmicas - Sem interlocução com a então presidente Dilma Rousseff nos preparativos do país para sediar a Copa do Mundo, Teixeira vinha sendo alvo de rumores sobre seu afastamento do comando do futebol brasileiro desde fevereiro daquele ano.

O dirigente também colecionou atritos com a Fifa, entidade que comanda o futebol mundial e da qual é membro do comitê executivo. Ele chegou a entrar em rota de colisão com o presidente da entidade, Joseph Blatter, ao sinalizar apoio ao candidato de oposição na eleição para o comando do órgão no ano passado.

Alvo de denúncias de irregularidades no comando do futebol brasileiro, Teixeira acabou sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de crimes de remessa ilegal de dinheiro ao Brasil e lavagem de dinheiro.

A denúncia se refere ao caso da falência da empresa de marketing esportivo ISL. Teixeira estaria entre dirigentes que supostamente receberam propina da empresa nos anos 1990 para garantir contratos lucrativos de direitos de TV e patrocínios de Copa do Mundo.

A ISL faliu em 2001. A Fifa prometeu em outubro divulgar os dados de um processo na Justiça suíça sobre o tema. Em 2000, Teixeira depôs na Comissão Parlamentar de Inquétito que investigou os contratos da CBF com sua patrocinadora e fornecedora de material esportivo Nike. À época, o relator da comissão era o então deputado federal e hoje ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Durante o período de Teixeira à frente da CBF, a seleção brasileira conquistou as Copas do Mundo de 1994 -a primeira em 24 anos- e de 2002. Foram ainda cinco títulos da Copa América, três da Copa das Conferedações, além de diversas taças conquistadas pelas seleções de base.


Escândalos após a saída de Teixeira - A CBF continuou marcada por denúncias e escândalos após a saída de Teixeira, que teve várias acusações após sair da confederação, quando ficou doente e emagreceu. Marin, o sucessor, ficou no comando da entidade até em 2015. Completou o mandato, sendo presidente na época doa Copa do Mundo no Brasil, mas saiu também com denúncias de corrupção e chegou a ser preso nos Estados Unidos.

Seu sucessor, Marco Polo del Nero também renunciou sendo alvo de corrupção. Após um mandato 'tampão' do Coronel Nunes, que ficou marcado por descumprir um acordo com a Conmebol e votar no Marrocos como sede da Copa do Mundo de 2026, ao contrário da ganhadora tríplice organização México-Canadá-Estados Unidos, assumiu a presidência Rogério Caboclo, que também deixou a presidência da entidade por denúncias, mas de assédio moral e sexual. Agora, a CBF é presidida interinamente por Ednaldo Rodrigues e uma eleição deve ser convocada.
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