Momento da assinatura do acordo
Estreante no Módulo I do Campeonato Mineiro em 2020, o Athletic Club, de São João del-Rei, é um dos primeiros clubes do país a se tornar Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A empresa V2 Participações, criada pelos empresários Vinícius Diniz e Victor Felipe Oliveira, especialmente para investir em futebol, adquiriu 49% de participação no controle do clube. Diniz é CEO da Urbaville Urbanismo, de Belo Horizonte e Victor é o CEO da holding 3F Investimentos, atuante em todo o Brasil.
Para os sócios gestores, o Athletic é uma “joia rara” porque, diferente da grande maioria dos clubes brasileiros, não possui dívidas e tem, hoje, um forte trabalho direcionado às categorias de base, figurando entre as primeiras posições do ranking nacional.
Organização e profissionalismo têm sido as palavras de ordem no Athletic nos últimos anos. O clube secular ficou adormecido até 2018, quando retomou suas atividades profissionais no futebol. E hoje a agremiação colhe frutos de uma administração eficaz e uma gestão de futebol austera e antenada aos novos rumos do esporte. Além do acesso ao Módulo I do Campeonato Mineiro em 2020, o clube causou burburinho no primeiro semestre ao contratar o craque uruguaio Sebastián “Loco” Abreu.
Agora, o Athletic alça mais um voo rumo ao crescimento com a implementação do modelo de SAF sancionada pelo Governo Federal por meio da Lei 14.193 em agosto deste ano. A SAF foi protocolada pelo clube no mês passado e aprovada em dezembro. Desde setembro o Athletic mantinha conversas com empresários e, com a aprovação do conselho do clube para que se tornasse Sociedade Anônima de Futebol, o caminho ficou aberto para que o time passasse a ser administrado pelo sócio nos moldes de uma empresa.
De acordo com o diretor administrativo financeiro e representante dos sócios gestores do Athletic, Luís Nobre, a SAF chega ao clube para potencializar ainda mais o trabalho de excelência que já vem sendo realizado: “o Athletic Club é um time que possui as contas em dia, sem dívidas e com uma administração responsável, diferente de muitos dos grandes clubes do país, que passam por um momento financeiro delicado. Isso torna o clube muito atraente para investimentos. O novo modelo de gestão vai ampliar a visibilidade do clube e seus ativos no mercado brasileiro e internacional, profissionalizar todos os processos administrativos e de negócio e oferecer mais oportunidades de acesso ao capital”.
Com a SAF implementada, o Athletic acredita que a possibilidade de investimentos será maior e a governança mais rígida e transparente. De acordo com Leandro Bini, presidente do clube, o modelo vai proporcionar ao Athletic uma gestão ainda mais profissional e elevar a sua estrutura: “Temos uma expectativa muito grande de que esse novo modelo profissionalize ainda mais o departamento de futebol e a SAF é o caminho certo para que isso ocorra na gestão do Athletic. Tenho certeza de que escolhemos um bom caminho, que vai dar muitos frutos para nosso time e nosso torcedor”, afirma.
Neste primeiro momento como Sociedade Anônima de Futebol, o Athletic vai focar primeiramente em melhorias na infraestrutura do clube: o Estádio de Futebol Joaquim Portugal vai ser modernizado e será construído um novo centro de treinamento e formação de jogadores de base, com padrão de grandes clubes nacionais e internacionais. O projeto do CT é do reconhecido arquiteto Bernardo Farkasvölgyi, da Farkasvölgyi Arquitetura, responsável também pelo novo estádio do Atlético-MG.
Para o Luis Nobre, o Esquadrão de Aço, como é conhecido o Athletic, passará a ter mais condições de crescimento com melhor gerenciamento, direcionando seus esforços para a formação de bons atletas: “Buscamos longevidade e mais qualidade. E conseguiremos isso com mais investimento na base, um programa de formação social cidadã para crianças, adolescentes e jovens, com técnica, comprometimento e profissionalismo, que hoje já qualificam o Athletic Club como um celeiro de atletas".
Este novo formato de gestão permite que clubes de futebol, que em grande parte adotam o modelo de associação sem fins lucrativos, possam se tornar empresas. A partir dessa premissa, podem ter o capital social vendido para novos sócios e receber investimentos privados e públicos, de empresas e de pessoas físicas. Outro ponto positivo é que o novo modelo oferece aos clubes uma maior viabilidade para superar crises financeiras, como as que possuem alguns dos grandes times brasileiros, oferecendo novas possibilidades de negociação e de capum tação de recursos.
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