Tradicional no Futebol Feminino, Kindemann encerra as atividades

Com informações de Andrielli Zambonin / SCC10 e Caçador Online
Foto: divulgação Conmebol

Último jogo foi a eliminação da Libertadores Feminina, nos pênaltis, para o Santa Fé

A Associação Esportiva Kindermann encerrou definitivamente as atividades após 46 anos. Os últimos 13 anos foram dedicados ao futebol feminino, modalidade que levou o clube e a cidade de Caçador a uma projeção nacional. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 17, pela repórter Andrielli Zambonin, do SCC10.

Segundo a reportagem do SCC10, as 18 atletas que estavam contratadas e que participaram da Libertadores Feminina 2021 foram dispensadas com baixa na carteira e tiveram todos os direitos previstos em lei pagos pela família. O mesmo aconteceu com a comissão técnica que trabalhou junto à equipe.

“Tomamos essa decisão com a alma, coração e consciência limpa, sabendo que fizemos o que foi possível para que o time chegasse até aqui e concluísse o calendário de competições previstas para 2021. Sabemos do carinho que muitos brasileiros têm pelo Kindermann Futebol Feminino, o quanto essa história e esse legado merecem respeito. Mas esse era o sonho do Salézio Kindermann. O futebol ocupava 100% do tempo dele, ele tinha dedicação exclusiva a isso, entendia e amava esse mundo. Em respeito ao legado dele, nós como família e as atletas que permaneceram até aqui, fechamos este ciclo com a participação na Libertadores, onde encerramos como a 5ª melhor equipe. O legado nunca será apagado, mas a era Kindermann futebol, mantida pela nossa família, encerra aqui”, disseram Daniel e Valéria, genro e filha, em entrevista à reportagem do SCC10.

O time encerra as suas atividades com todas as contas pagas. Todas as atletas e integrantes da comissão técnica receberam tudo o que lhe era de direito. A família também negociou outras dívidas antigas e pagou todos fornecedores, entre mercado, transporte, fabricantes de uniformes, academias, convênios de saúde e etc. Juntando Napoli e Kindermann, duas equipes tocadas pela família Kindermann, as despesas chegavam a R$ 270 mil por mês, com 65 funcionários no quadro.

Homenagens - Salézio Kindermann, fundador do time e um dos maiores entusiastas e incentivadores do futebol feminino, dirigente esportivo reconhecido em todo o Brasil, faleceu em maio deste ano vítima da Covid-19. Nas competições do ano, Brasileiro (eliminado nas quartas de final), Catarinense (campeão) e Libertadores (eliminado nas quartas de final), as jogadoras e comissão técnica homenagearam Salézio a todo momento.

Futuro - Para 2022, o Kindermann tem vaga garantida na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. O que também poderia acontecer com o time, é de alguém querer comprar a equipe. Porém mesmo que isso aconteça, o nome “Kindermann”, por se tratar de sobrenome da família, não deve mais ser usado no mundo do futebol feminino, salvo em situação específica de negociação.

“Quem tem preferência em ficar com o time é o Avaí. Mas estamos abertos a negociações caso alguém queira investir ou comprar a equipe. A equipe vem com o peso e o respeito já conquistados, também a vaga na primeira divisão e todas as contas em dia. Vamos entregar um time fechadinho, tabelado e pronto para ser tocado. Mas vamos avaliar se a pessoa que for assumir tem responsabilidade para honrar toda a história até aqui. E sobre o nome "Kindermann", não gostaríamos que fosse utilizado, salvo alguma situação específica, legal e mediante contrato”, destacou a família.

Se outra pessoa comprar o time e a vaga, terá um time sem contas, mas também sem atletas. Já que basicamente 90% das atletas do clube já estão em negociação com outras equipes do Brasil. Apesar disso, a comissão técnica segue disponível para ajudar caso alguém assuma. Vale a pena ressaltar que toda a comissão técnica e formada por profissionais de Caçador.

“Se o Avaí não assumir, se mais ninguém quiser fazer a gestão e bancar a equipe, vamos enviar uma carta a CBF abrindo mão das nossas vagas e dar seguimento aos tramites legais e burocráticos”.]


O legado Kindermann Futebol - O Kindermann encerra as atividades de 13 anos exclusivos com o futebol feminino com 12 títulos estaduais, duas vezes vice-campeão Brasileiro, campeão da Copa do Brasil em 2015, duas participações em Libertadores.

O clube revelou alguns dos maiores nomes atualmente do futebol feminino, como Gaby Zanotti, Julia Bianchi, Andressinha, Djeini, Camilinha, Gabi Portilho, entre outros. Além das conquistas no esporte, o Kindermann se destaca no seu papel social, oferecendo bolsas de estudo em parceria com a UNIARP, onde cerca de 50 atletas conseguiram concluir o ensino superior, formando além de atletas, enfermeiras, fisioterapeutas, educadoras físicas e outras. “O responsável por toda essa trajetória vitoriosa sempre foi o Salézio. E agora precisamos encerrar”, finalizaram Daniel e Valéria.
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