Com informações da CBF
Foto: Arquivo
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Foram três jogos fantásticos, entre dois esquadrões do futebol. De um lado, o Santos bicampeão da Libertadores da América (1962/1963) e campeão do mundo de 1963, depois de duas vitórias sobre o campeão europeu Benfica, de Eusébio e Coluna.
Do outro, o Milan, primeiro clube italiano campeão da Liga da Europa, e que contava em seu time com grandes jogadores como Maldini (pai do também zagueiro Maldini dos anos 90/2000), Trapattoni e os brasileiros Mazzola (campeão do mundo pelo Brasil em 1958) e Amarildo (bicampeão mundial pelo Brasil em 1962).
O Mundial Interclubes era disputado em um sistema de melhor de três. A primeira partida foi disputada no dia 16 de outubro de 1963, no Estádio San Siro, e o Milan venceu por 4 a 2. O zagueiro Trapattoni, o ponta-direita Mora e Amarildo, duas vezes, fizeram os gols dos italianos. Pelé, mesmo muito bem marcado por Trapattoni, exibiu toda a sua genialidade e marcou os dois gols do Santos.
O segundo jogo seria na casa do Santos. Muito identificado com o público carioca e com o Maracanã, onde disputara os seus jogos na Libertadores e do Mundial anteriores, o clube repetiu o Maracanã como o estádio em que mandaria o jogo no dia 14 de novembro de 1963.
Não se arrependeu. 132 mil torcedores pagaram ingresso - havia muito mais gente lotando o Maracanã - para assistir a um dos maiores jogos de futebol que aconteceram no então Maior do Mundo. Pelé, contundido, dificilmente poderia entrar em campo, mas sua escalação foi guardada em suspense até o último instante.
Àquela época, a escalação oficial era divulgada pelo serviço de alto-falante do estádio. Zito e o zagueiro Calvet já eram desfalques certos. Quando o locutor divulgou o camisa 9 (Coutinho), o Maracanã ficou em absoluto silêncio para ouvir quem vestiria a camisa 10.
"Número 10", anunciou o lucutor: "Almir". Decepção e apreensão misturadas, afinal Pelé não iria jogar, o que parecia um prenúncio de que aquela noite não seria mesmo santista. O que tomou contornos de perversa realidade com pouco tempo de jogo. Com 17 minutos, o Milan já vencia por 2 a 0, gols de Mazzola e Mora, e dava um show de bola dominando completamente as ações.
Parecia que o título iria para Milão. Mas uma tempestade, dessas que inundaram várias ruas do Rio de Janeiro, desabou exatamente no intervalo do jogo. Com o estádio completamente tomado, não houve alternativa: a maioria dos torcedores assistiu o resto do jogo debaixo daquela chuva impressionante.
A cena do time do Santos voltando para o gramado e batendo bola sob o aguaceiro, enquanto os jogadores italianos relutavam em sair do vestiário, foi emblemática para a heroica reação que se anunciava.
Não demorou para a virada começar. Aos cinco minutos do segundo tempo, Pepe, o Canhão da Vila, pela potência do chute da sua canhota, bateu falta de longe e diminuiu para 2 a 1.
Quatro minutos depois, Almir, o substituto de Pelé, empatou. Aos 25 minutos, Lima desempatou, com um belo chute de fora da área - 3 a 2 para o Santos.
O público no Maracanã enlouqueceu. Os torcedores não paravam de gritar, empurrando o time paulista - afinal, a vitória no segundo jogo levaria a decisão para um terceiro que, pelo regulamento, seria realizado 48 horas depois no próprio Maracanã.
Foi quando três minutos depois do gol de Lima, houve uma falta no mesmo lugar que Pepe havia feito o primeiro gol do Santos. O que se seguiu foi impressionante: a massa gritou pelo nome do Canhão da Vila: "Pepe, Pepe, Pepe", era o coro que vinha da arquibancada.
Pepe tomou distância e cobrou do mesmo jeito, com a mesma precisão e violência; bola no fundo da rede e vitória decretada por 4 a 2.
O terceiro e decisivo jogo dois dias depois no Maracanã - Conforme mandava o regulamento, Santos e Milan voltaram ao Maracanã no dia 16 de novembro para decidir o Mundial de Clubes. Em um jogo duríssimo, muito disputado e cercado de polêmica, o juiz uruguaio Juan Brozzi marcou pênalti de Maldini em Almir - o lateral-esquerdo Dalmo cobrou para fazer o gol do 1 a 0 que deu ao Santos o bicampeonato mundial de clubes.
A marcação do juiz revoltou os jogadores italianos, e uma briga se formou no gramado. Mas não conseguiu tirar o brilho da conquista do título daquele time formado por Gilmar, Ismael, Mauro, Haroldo e Dalmo; Lima e Mengálvio; Dorval, Coutinho, Almir e Pepe.
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