Há 71 anos, o Maracanaço acontecia

Ricardo Pilotto
Foto: Arquivo

Final entre Brasil e Uruguai no Maracanã

Nesta sexta-feira, dia 16 de julho de 2021, se completam exatamente 71 anos da derrota do Brasil para o Uruguai na última rodada do Quadrangular Final da Copa de 1950. Este episódio ficou conhecido como Maracanaço e até hoje, é considerada a maior derrota da história do futebol brasileiro.

Depois de passar na primeira colocação do seu grupo na fase inicial, a Amarelinha conseguiu garantir a sua vaga para o Quadrangular Final. Antes do grande embate diante da Celeste, o time canarinho goleou a Suécia pelo placar de 7 a 1 e a Espanha por 6 a 1. Já a equipe uruguaia, que goleou a Bolívia pelo placar de 8 a 0 em partida única e conseguiu se classificar automaticamente em primeiro de sua chave, empatou em 2 a 2 com a Fúria, além de também vencer os Escandinavos por 3 a 2 antes do embate decisivo com o Brasil.

O jogo - A equipe brasileira foi quem começou jogando melhor e tendo mais iniciativa da partida, mas mesmo assim não oferecia perigos à Máspoli. Os anfitriões somaram 17 finalizações a gol em todo o primeiro tempo, enquanto a Celeste chegou cinco vezes. Se sentindo cada vez mais pressionados, os jogadores brasileiros cometeram 12 faltas contra apenas cinco uruguaias.

Sabendo da grande força do time canarinho, que contava com muita qualidade de jogadores como Ademir, Jair e Zizinho, os jogadores uruguaios conseguiram neutralizar o meio campo brasileiro por completo, não permitindo que esses 3 atletas que tinham um papel de grande importância no setor ofensivo, demonstrassem o alto nível de futebol como nos jogos anteriores. Enquanto isso, Friaça e Chico, os dois atletas que jogavam pelos flancos, também não conseguiram se desvencilhar da forte marcação de Matías Gonzáles e Gambetta. O Brasil acabou tendo de continuar persistindo em busca de alternativas para abrir o placar ainda no primeiro tempo, mas o Uruguai conseguiu segurar o empate até o fim do primeiro tempo.

Já na etapa complementar, a equipe brasileira voltou do intervalo com uma postura ainda mais ofensiva, e logo no início do segundo tempo, conseguiu finalmente abrir o placar no Maracanã em uma jogada envolvendo Zizinho e Ademir, que escaparam da marcação e mostraram grande efetividade. Após receber passe do meia com a camisa número 8, o centroavante da Amarelinha conseguiu dar uma bela assistência para o ponta direita Friaça, que chutou rasteiro e mandou a bola no canto do goleiro Máspoli para colocar o Brasil na frente. Varela, capitão da Celeste deu um jeito de esfriar a torcida brasileira que havia ido ao delírio com o tento que daria o título ao time anfitrião. O atleta uruguaio reclamou por um minuto de um eventual impedimento no lance, mas de nada adiantou porque o gol foi validado.

Com o tento, a seleção brasileira optou por mudar a sua postura e chegou a ficar sem finalizar ao gol de Máspoli por 8 minutos. Aproveitando que o time canarinho diminuiu o ímpeto ofensivo, a equipe uruguaia melhorou na partida e passou a usar como principal arma, as jogadas de rapidez de Ghiggia pelo lado direito. Foi então, que na marca de 21 minutos da etapa complementar, Schiaffino igualou o placar e colocou mais fogo na partida. O ponta direita da Celeste recebeu passe de Varela no meio campo perto da linha lateral e avançou rapidamente tirando o lateral esquerda Bigode completamente do lance. Ao perceber o companheiro de equipe na grande área, fez o passe rasteiro para o camisa 10 chutar a bola no alto e empatar o jogo.

Com a partida já se encaminhando para os minutos finais, os uruguaios não se intimidaram com as dependências do Maracanã lotadas e continuaram em busca do gol da virada. Até que, aos 34 minutos de jogo, aconteceu algo que calaria todos os torcedores brasileiros presentes no estádio. Era o gol de Ghiggia para a Celeste Olímpica.

Em boa trama ofensiva com Julio Pérez pelo lado direito, o camisa 7 recebeu passe e avançou para o ataque nas costas de Bigode. Aproveitando que o zagueiro Juvenal estava marcando Schiaffino, ator do primeiro gol, correu com a bola em liberdade. Ao invés de fazer como no primeiro gol, Ghiggia percebeu que Barbosa, goleiro da Amarelinha, tentou antever um possível cruzamento para o meio e deixou a trave esquerda disponível. Com isso, o ponta direita surpreendeu o arqueiro do Brasil chutando direto para o gol. Por fim, a bola acabou indo para o fundo das redes dos anfitriões e concretizando a virada uruguaia.


Com o estádio do Maracanã silenciado e faltando poucos minutos para o árbitro encerrar a partida, os jogadores brasileiros não conseguiram demonstrar mais forças para buscar o resultado. Foi na marca dos 45 minutos, que George Reader fez jus a tradicional pontualidade britânica e encerrou o jogo que daria o bi campeonato mundial ao Uruguai.

Para os brasileiros, uma tristeza sem fim. Para os uruguaios, uma felicidade gigante, já que antes mesmo da bola começar a rolar, grande parte dos brasileiros já consideravam o Brasil como grande campeão.

A morte de Alcides Ghiggia - Um fato curioso é que exatamente 65 anos após a conquista do segundo troféu de campeão mundial na história da Celeste, o autor do gol do título veio a falecer por conta de uma parada cardíaca na capital uruguaia. Ghiggia era o único sobrevivente do elenco bi campeão do mundo em 1950 no Brasil.
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