Por Ricardo Pilotto
Foto: arquivo Fifa
Neste dia 7 de julho de 2021, se completam 23 anos que o Brasil conseguiu eliminar a Holanda nas penalidades máximas após um empate em 1 a 1 no tempo normal e avançar para a final da Copa do Mundo de 1998. Até os dias de hoje, este é considerado como um dos maiores jogos da história das Copas.
Para a Seleção Brasileira chegar nessa fase da competição, passou pelo Chile com uma goleada de quatro gols a um nas oitavas de final e pela Dinamarca por três a dois nas quartas. Já a Holandesa eliminou a Iugoslávia por dois a um e a Argentina pelo mesmo placar.
Em partida realizada no Stade Vélodrome na cidade de Marseille, a Amarelinha e a Laranja Mecânica tiveram de medir forças para conquistar a vaga na grande decisão da Copa do Mundo de 1998. O adversário do Brasil sairia do confronto de França e Croácia pela outra semifinal, realizada no dia seguinte.
Os primeiros 90 minutos - Por conta de toda a qualidade técnica envolvida, os espectadores da partida viram um primeiro tempo em que ambas as equipes se respeitaram bastante e poucas chances claras de gol, "frustrando" a expectativa de um jogo de muitos gols. Nos primeiros cinco minutos a Holanda chegou com perigo em um chute de Bergkamp, que tentou encobrir o goleiro Taffarel mas acabou não tendo sucesso. Pouco tempo depois, Cocu recebeu cruzamento e desviou de cabeça, mas novamente, os neerlandeses não conseguiram abrir o placar.
Percebendo que a dupla de zaga brasileira, composta por Aldair e Júnior Baiano, não traziam muita confiança em jogadas de bola aérea, o treinador Guus Hiddink percebeu que seus comandados poderiam tramar bons ataques em velocidade com o habilidoso Kluivert. Do outro lado, o Brasil com um meio campo formado por Dunga e César Sampaio que já estavam em sintonia, ajudavam bastante no quesito da marcação e da proteção para Leonardo, Rivaldo e Ronaldo para criar situações de gol. Isso fez com que o centroavante da Amarelinha fosse mostrando toda a sua qualidade com a bola no pé ao fazer tabelas, imprimir velocidade e começasse a oferecer perigos a Van Der Sar. Outro ponto a ser destacado do lado da seleção sul-americana foi o lateral Zé Carlos, que além de cometer muitos erros durante a partida, proporcionava uma verdadeira avenida do lado direito, onde Cocu e Zenden criavam as jogadas ofensivas da Laranja Mecânica. Mesmo com esses fatos, o placar da primeira etapa ficou em branco.
Já no segundo tempo, o Brasil fez o gol com menos de um minuto da etapa complementar. Após troca de passes em vários setores do gramado a bola chegou nos pés de Rivaldo. O meia logo observou Ronaldo Fenômeno, que na entrada da área, pedia o cruzamento. O camisa 10 tocou em diagonal para o artilheiro, que conseguiu se livrar da forte marcação de Frank de Boer, vencer a disputa com Cocu e chutar a bola por entre as pernas do goleiro holandês para abrir o placar. Com o tento, a partida que foi marcada por poucas emoções na primeira etapa, ganhou mais intensidade na segunda metade do confronto. Tanto os atletas brasileiros quanto os holandeses, criaram chances reais de fazer com que o placar ficasse 'recheado' de gols e exigiram defesas importantes e milagrosas dos dois goleiros.
Com o decorrer do jogo, o embate foi ganhando cada vez mais intensidade. As equipes foram fazendo com que a partida fosse ficando cada vez mais rápida. A Holanda partiu para cima do Brasil em busca do gol de empate, mas também sofria algum sufoco quando os atletas da seleção canarinho partiam em velocidade para marcar segundo para matar o confronto e garantir a classificação para a grande final do Mundial. Aos 34 minutos do segundo tempo, quem teve a chance de igualar o marcador através de um contra ataque em velocidade foram os holandeses. Kluivert fez boa jogada pelo meio, passou para Hooijdonk que logo devolveu, mas na hora da finalização o camisa 9 acabou pegando muito embaixo e isolou. Foi então, que aos 42 minutos o artilheiro conseguiria empatar o jogo e levar a partida para a prorrogação. Em belo cruzamento de Ronald de Boer, Kluivert aproveitou a falha da zaga brasileira e subiu sozinho para cabecear a bola para o fundo das redes de Taffarel. Nos acréscimos, aconteceu um lance polêmico a favor da Holanda. Van Hooijdonk recebeu um bom cruzamento vindo do lado direito e teve de disputar a bola com o zagueiro Júnior Baiano. O atleta da Laranja Mecânica caiu no chão e reivindicou a marcação de um pênalti, mas o árbitro acabou não marcando nada e deu cartão amarelo para o camisa 17. Depois deste grande momento, o tempo regulamentar foi encerrado e a decisão precisou de mais 30 minutos de bola rolando.
A prorrogação - Naquela edição da Copa do Mundo, um detalhe que vale a pena destacar é que a prorrogação tinha o 'gol de ouro' ou 'morte súbita'. Isto é, a equipe que fizesse o gol antes do fim dos 30 minutos extras, conseguiria a vaga para a final em tal ocasião. Mesmo correndo o risco de tomar o gol e perder o jogo e consequentemente a classificação, as equipes buscaram o gol a todo momento. Logo aos 3 minutos, Ronaldo teve uma grande chance de garantir a Amarelinha na final em uma meia bicicleta após grande defesa de Van Der Sar, mas Frank de Boer tirou a bola em cima da linha para evitar o tento. Pouco tempo depois, o camisa 9 do Brasil conseguiu mais uma vez finalizar em direção a meta da equipe laranja de fora da área mas o guarda redes holandês fez uma bela defesa. Com 6 minutos da prorrogação, Van Hooijdonk fez uma cobrança de falta colocando efeito na bola e obrigou Taffarel a fazer uma grande defesa. Aos 12 minutos, foi a vez de Kluivert assustar o arqueiro brasileiro. Após receber passe nas costas de Zé Carlos pela lateral direita, o atleta neerlandês chutou cruzado no canto oposto e a bola passou rente a trave defendida pelo Brasil.
Na segunda etapa da prorrogação, os lances de mais destaque foram proporcionados pelo Brasil. No primeiro minuto, Ronaldo disparou do meio de campo em velocidade na direção do ataque e perto da área, jogou a bola por entre as pernas do zagueiro Stam, que não conseguiu se recuperar no lance. No momento da finalização, Frank de Boer travou o camisa 9 para evitar o tento brasileiro. Já nos últimos minutos, Denílson fez cruzamento para Rivaldo, mas a finalização do meia da camisa 10 foi prensado e a bola foi para as mãos de Van Der Sar, que não teve dificuldade para fazer a defesa. Ao final dos 30 minutos extras, o árbitro encerrou a partida e a decisão foi para os pênaltis.
A decisão dos pênaltis - Na disputa de penalidades máximas, a Seleção Brasileira foi mais competente e acabou acertando 4 penalidades de 4 cobradas. Do lado da Laranja Mecânica, Cocu e Ronald de Boer desperdiçaram as cobranças do lado laranja, com destaque para as duas grandes defesas de Cláudio Taffarel. Placar final da disputa de pênaltis foi de 4 a 2 a favor da equipe canarinho, e com isso, a seleção canarinho conseguiu se classificar para a grande decisão que seria disputada diante da anfitriã França no dia 12 de julho de 1998, em Saint-Denis.
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