Júnior no Torino - Onde o lateral começou a virar o maestro

Foto: arquivo

Júnior com a camisa do Torino

Nesta terça-feira, dia 29 de junho, Leovegildo Lins da Gama Júnior, ou simplesmente Júnior, está completando 67 anos. Um dos maiores ídolos da história do Flamengo, o ex-lateral-esquerdo e meia também atuou no futebol italiano e um dos clubes que ele defendeu na 'terra da bota' foi o Torino.

Nascido em João Pessoa, na Paraíba, Júnior foi novo para o Rio de Janeiro e começou jogando na praia, pelo Juventude. Também teve passagem pelo futsal, defendendo o Sírio Libanês. Em 1973, foi para o Flamengo, onde passou a atuar mais sério pelo campo e onde virou ídolo. Atuou na meia e lateral-direita até se firmar na esquerda. Chegou também à Seleção Brasileira, onde disputou a Copa do Mundo de 1982.

Depois do Mundial, o mercado do futebol italiano foi aberto e teve um boom de jogadores estrangeiros e Júnior foi um deles, chegando no Torino em 1984. Por aproximadamente 2 milhões de dólares, o time italiano adquiriu o lateral brasileiro, de 30 anos, para ser a principal peça de seu time.

Com uma idade mais avançada, Junior pediu para ser deslocado para atuar mais avançado, preservando-se mais para poder continuar sua carreira por mais tempo. Passou a ser chamado também de Leo Junior e virou o Maestro, assim como ficou conhecido no Brasil no fim da carreira.

E foi assim, atuando no meio de campo, que logo no ano de sua estreia, conduziu o time de Turim ao vice-campeonato italiano. Ele marcou sete gols e foi, ao lado do meio-campista Giuseppe Dossena, o maestro do time treinado por Luigi Radice. Não a toa ele foi eleito o melhor jogador daquele campeonato, que contava com jogadores do quilate de Maradona, Platini, Rummenigge, Falcão e Zico (os dois brasileiros já de despedida).

O primeiro ano de Júnior na Itália, apesar da idolatria da torcida do time de Turim, teve também algumas turbulências sérias. Ele sofreu racismo em duas oportunidades. O primeiro caso aconteceu em um duelo contra o Milan, onde foi insultado durante toda a partida no San Siro, sendo ainda alvo de mais xingamentos e cusparadas quando saía do estádio ao lado de seus parentes. Na outra ocasião, sofreu com torcedores da Juventus que levaram ao dérbi faixas ofensivas ao jogador, mencionando principalmente a cor de sua pele. Como resposta, a torcida do Torino levou cartazes de apoio, com os dizeres "Melhor negro do que juventino".


Em seu segundo ano pelo clube, Júnior manteve seu futebol de alto nível, sendo novamente a principal peça de um Torino que chegou ao quarto lugar da Serie A. Júnior foi para a Copa do Mundo de 1986, no México, e na Seleção também foi deslocado para a meia.

Em 1987, alguns desentendimentos com o treinador Luigi Radice o fizeram ser negociado com o Pescara, que tinha acabado de subir para a Série A. Em 1989, voltou para o Brasil, onde defendeu novamente o Flamengo. Jogou o 'fino da bola' em 1992, ajudando o Rubro Negro a conquistar o Brasileirão. Encerrou a carreira no ano seguinte, teve algumas oportunidades como treinador e atualmente é comentarista.
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