Por Fabrício Lopes*
Foto: Lucas Mercon / Fluminense FC
A bola de um dos campeonatos nacionais
Há alguns dias, recebi convite do meu grande amigo Victor de Andrade, editor do site "O Curioso do Futebol" para escrever com um pouco mais de frequência sobre futebol e assuntos relacionados ao nosso esporte mais popular.
Confesso que já fui um "viciado" em futebol, consumidor assíduo da Revista Placar, Gazeta Esportiva, programas esportivos no rádio, TV, colecionador de camisas e mais todo tipo de material que o tempo e as economias permitissem.
Gosto de esportes de forma geral, acredito que dentro ou fora dos campos, quadras, pistas, etc, ele cumpre um papel importantíssimo na formação cidadã de nossos jovens, além de nos trazer vários ensinamentos a partir de exemplos permanentes de superação e genialidade que surgem a cada dia.
No nosso país, independente do esporte que você pratique ou goste, de alguma maneira também estará ligado ao futebol. Nos apropriamos desse esporte de uma maneira tão forte, que se algum desavisado chegasse a terra hoje, jamais definiria o esporte como bretão.
Acredito que isso se deve essencialmente ao fato de ser um esporte simples de ser praticado e que depende de pouco infraestrutura para se dar os primeiros toques na bola, mas que também pode ser uma latinha amassada, uma meia, uma tampinha ou qualquer coisa que permita juntar crianças para interagir e se divertir sem os compromissos da maioridade.
Em um país de contrastes sociais profundos, o futebol de alguma maneira permitiu que com uma bola e qualquer objeto que se pareça como uma trave, crianças e adultos pudessem alegrar suas vidas e porque não, sonhar com dias melhores.
Como toda criança, também achei que esse pudesse ser um caminho, mas o tempo passou, as prioridades mudaram, conheci um pouco mais os bastidores do esporte e hoje continuo a observar as movimentações com menos paixão e mais serenidade.
Hoje vejo que o esporte que tanto admiramos e que tem muita relação com o nosso modo de viver está cada vez mais a serviços de egos e vaidades e perde um pouco de sua essência a cada dia.
São cada vez menos crianças batendo uma bola na rua, cada vez menos campinhos espalhados pelas cidades, atletas da várzea que só jogam por dinheiro, escolas que não deixam os alunos chutarem a garrafa de água no pátio.
Paralelamente a estes acontecimentos, assistimos os clubes brasileiros, com raras exceções, cada vez menos competitivos e sem aquele gingado capaz de surpreender qualquer adversário. Parece que estamos fazendo do futebol um esporte cada vez mais previsível e com pouca emoção.
Talvez seja importante refletir até onde isso é "culpa" do mercado da bola e dos dirigentes ou mesmo do público, que cobra um enquadramento que vem no pacote de TV mas não condiz com a nossa essência, aquela mesma que mostrou ao mundo que o futebol foi embrionado pelos ingleses, mas verdadeiramente nasceu no Brasil.
*Fabricio Lopes, formado em Gestão Pública e pós graduado em Gestão Ambiental
0 comentários:
Postar um comentário