Adílio - Consagrado no campo e campeão mundial de Futsal em 1989

Foto: arquivo

Adílio, com a medalha de ouro no peito, junto com o então presidente da Fifa, João Havelange

Alguns craques consagrados do Futsal já tentaram trocar o tênis pela chuteira e não tiveram muito sucesso, como Manoel Tobias e Falcão. Porém, já tivemos um caso inverso e que teve muito sucesso na sua pequena imersão nas quadras, pelo menos no resultado final. Adílio, ídolo do Flamengo e que está completando 65 anos neste 15 de maio de 2021, foi campeão da Copa do Mundo da bola pesada pela Seleção Brasileira em 1989, na Holanda, quando já era consagrado no campo.

Adílio de Oliveira Gonçalves nasceu no Rio de Janeiro, em 15 de maio de 1956. Começou no futebol de areia tradicional (com 11 jogadores) e logo foi para o Flamengo, onde foi lançado nos profissionais em 1975. Na década de 80, ganhou tudo o que poderia pelo Rubro Negro, fazendo parte do histórico time campeão do mundo de 1981. Em 1987, saiu do Fla e foi para o Coritiba. Em 1989, foi para o Barcelona de Guayaquil.

Em uma folga no time equatoriano é que aconteceu a migração do ex-flamenguista para o Futsal. Em 1989, a Fifa resolveu entrar na briga com a Fifusa e realizar a sua primeira Copa do Mundo da modalidade. Até aquele momento, a entidade que dominava o esporte da bola pesada até então já havia organizado três mundiais, com o Brasil ganhando os dois primeiros (1982 e 1985) e o Paraguai vencendo o terceiro (em 1988).

A primeira Copa do Mundo de Futsal da Fifa foi realizada na Holanda e como a CBFS ainda era atrelada à Fifusa, a CBF, ao invés de entrar em acordo com a organização nacional de Futsal, simplesmente passou a empreitada para o Bradesco, um dos grandes times de Futsal do Brasil na época, para representar a Seleção no torneio.

O Bradesco então montou a Seleção com base na sua equipe, convidou alguns jogadores de Brasília e veio a ideia de convidar um jogador de futebol de campo. "Estava jogando no Barcelona do Equador na época, mas já havia começado minha carreira no futebol de salão Flamengo desde garoto. Joguei no infanto, na seleção carioca. O Bradesco tinha um time sensacional na época. Meu treinador fazia parte da diretoria do Bradesco. Quando voltei para o Brasil ele me convidou para disputar essa Copa do Mundo por eu já ter uma experiência no salão", disse Adílio, em entrevista ao UOL em 2008.

Com isto, o time do Bradesco, mais os convidados, partiu para a Holanda. Os brasileiros chegavam ao Mundial com dois títulos no currículo conquistados na época da FIFUSA. Porém, em quadra, o início contou com um susto: estreia contra a Hungria e derrota por 3 x 2 (Toca e Atila marcaram para a Seleção).

A recuperação não demorou, veio na rodada seguinte. Em duelo contra a Arábia Saudita, goleada por 8 x 0 para lavar a alma dos brasileiros. Os gols foram marcados por Raul, Toca (2x), Gilson, Benatti (2x), Atila e Neimar. Fechando a primeira fase os brasileiros enfrentaram a Espanha, em confronto que tomou ares de grande rivalidade ao longo dos anos. Mais uma vitória do Brasil, desta vez por 4 a 1, com Raul, Benatti e Marquinhos balançando as redes.

Após os primeiros confrontos, as equipes se classificaram para formar um novo grupo. Os brasileiros caíram na chave com Argentina, Paraguai e Estados Unidos. No primeiro confronto da nova fase, a Seleção Brasileira encarou o Paraguai e venceu com tranquilidade: 5 x 1 no placar. Depois foi a vez da Argentina sofrer com os brasileiros em ação. Vitória por 6 x 3. Fechando esta segunda fase de Grupos, os americanos surpreenderam, venceram os brasileiros por 5 x 3 e garantiram vaga na semifinal com a melhor classificação na chave – seguido de Brasil.

No confronto eliminatório que iria decidir quem avançava, a Seleção Brasileira encarou a Bélgica. Em quadra, um empate emocionante por 3 x 3, que levou o jogo a ser decidido nos pênaltis. Melhor para os brasileiros, que saíram com a vitória após a disputa.


Na outra semifinal, os Estados Unidos caíram para os donos da casa. A Holanda desbancou a surpreendente seleção americana e garantiu vaga na disputa pelo primeiro título de Copa do Mundo de Futsal FIFA. Na decisão pelo título, o Brasil levou a melhor com dois belos gols, um de Benatti e outro de Raul, que garantiram o triunfo por 2 x 1 na partida.

Na entrevista ao UOL, Adílio falou sobre o título. "Era muita torcida contra. Mas nós tivemos uma torcida especial nossa. O Romário estava na Holanda [jogava no PSV] e foi nos prestigiar, isso ficou marcado para nós. Apesar da maioria ser da Holanda, tinha muitos torcedores do Brasil também. Foi um jogo muito difícil. O Brasil teve o controle até o final. Acabei nem entrando na partida. Estava tranquilo esperando a oportunidade de entrar. Foi tudo muito rápido. A proposta era entrar no segundo tempo, mas nós marcamos os gols e o jogo acabou quando eu ia entrar. Tenho medalha até hoje. O título ficou sim marcado. Fomos campeões, abraçamos o Havelange, conversamos muito com ele. Tenho contato com o pessoal todinho até hoje".

Depois, Adílio voltou ao futebol de campo. Defendeu Itumbiara, Inter de Lages, Alianza Lima, América de Três Rios, Santos de Vila Velha, Avaí, Friburguense, Bacabal, Serrano-BA, Barreira, Borussia Fulda e encerrou a carreira no Barra Mansa, em 1997.
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