Por Lucas Paes
Foto: Osvaldo Aguilar MEXSPORT
Ricardo Ferretti treina no México há 30 anos
Recentemente o futebol brasileiro ficou de cabeça para baixo com a eliminação do Palmeiras para o Tigres, do México, na semifinal do Mundial de Clubes da FIFA de 2021. O resultado não é tão absurdo quanto parece, pois os mexicanos possuem uma equipe tão boa quanto qualquer um dos semifinalistas da Libertadores de 2020, possivelmente melhor inclusive que palmeirenses, santistas e xeneizes e de nível igual ao do River, indiscutivelmente melhor time sul-americano, apesar da desclassificação. Muito disso se deve à um brasileiro: Tuca Ferretti, que "se encontrou" de certa forma no país da tequila.
Tuca, irmão de Fernando Ferreti, que fez história atuando pelo Botafogo nos anos 1960, também chegou á atuar no Glorioso, além de CRB, CSA e Bonsucesso, antes de desembarcar no Atlas. A partir daí, a historia do carioca toma claros tons de vermelho, verde e branco. Pois Ferretti seguiu atuando profissionalmente no México, onde passou por alguns clubes antes de encerrar a carreira de jogador pelo Pumas, no já distante 1991.
Mal encerrou sua trajetória dentro de campo, Ferretti passou a trabalhar como treinador. E por lá montou uma sólida trajetória que fez com que conquistasse seu espaço no futebol mexicano. Dono de um forte temperamento, coleciona brigas, desavenças, expulsões e, é claro, títulos. Curiosamente, jamais foi demitido de algum clube, sempre deixando ou por fim de contrato ou por ser contratado por outro As conquistas vinham a conta-gotas até o início de uma parceria que mudaria a história de Ferretti, de um clube e do futebol mexicano. A parceria, é claro, é entre o brasileiro e o Tigres UANL.
Tuca chegou aos Auriazules em 2010 e mudou completamente a história do até então pequeno clube do interior do México. A partir da chegada do brasileiro, em 2010, e com um investimento maior, a equipe passou á ser protagonista no futebol local. Sob a batuta de Ferretti, o clube conquistou cinco dos seus sete títulos nacionais, além, é claro, da Liga dos Campeões da CONCACAF de 2020. Ferretti acabou ficando mais conhecido pelas bandas sul-americanas quando levou o Tigres à final da Libertadores em 2015, quando acabou derrotado pelo fortíssimo River Plate de Marcelo Gallardo.
Cinco anos depois e sendo ainda protagonista, Ferretti causou traumas aos palmeirenses com um time forte e que conta com um centro-avante consagrado e excelente, o francês Gignac. Nos seus 10 anos de Tigres, chegou à ter uma curta passagem pela Seleção Mexicana, como interino, mas dedicou essa década á mudar para sempre a história do clube. Já é, junto à Ignacio Trelles. Dificilmente o brasuca não tomará o posto principal sozinho.
É estranho pensar que um treinador com tantos números bons nunca tenha sondagens do seu país natal, mas Tuca, em 2015, deixou claro em entrevista ao Globoesporte.com que não volta devido à "falta de continuidade" nos trabalhos de treinadores aqui no Brasil. De fato, o país é uma máquina de incinerar treinadores, diferente do que ele passa no México. Por enquanto, até que el mude de ideia, será difícil ver como ele seria treinando no futebol brasuca. Resta elogiar seu trabalho no Tigres e, com a classificação do Bayern à final, ver se seu time é capaz de fazer ainda mais história.
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