Por André Simões Louro
Foto: Arquivo
Zico levantando a taça de campeão mundial
Outro dia, assistia a um programa humor na televisão, no qual o apresentador perguntava a seus convidados sobre a primeira lembrança de cada um. Não lembro das respostas porque, naturalmente, pensei qual seria a minha primeira lembrança e não tive a menor dúvida, com pouco mais de um ano e meio de idade, mal conseguindo sustentar o equilíbrio do corpo em pé, mas com uma bola de capão nas cores preta e branca, sob o pé esquerdo, vestido com uniforme do Corinthians, no quintal de casa, na rua Guarujá, em Cubatão.
Meu saudoso pai, corinthiano de religião vestia de timão, a mim e a meu irmão, um ano e três meses mais velho. E era muito legal. Fomos crescendo e eu era o camisa 10, Palhinha, enquanto meu irmão Neto, era o camisa 7, Vaguinho.
Naqueles primeiros seis anos de vida, morando tanto em Cubatão, cidade natal, como também em São Vicente e Santos, aliás, no Marapé, muito próximo da Vila Belmiro, de maneira que continuar alvi-negro parecia muito natural. Não considerava mudar de time, torceria para o mesmo time de meu pai, mas pensasse em mudar, seria para o Santos. Era claro, para mim.
Chegou o dia 13 de dezembro de 1981 e tudo mudou. Zico e companhia foram ao Japão enfrentar os campeões europeus para disputa do título mundial daquele ano. Até então somente o Santos de Pelé ostentava a condição de campeão do mundo e a tarefa do Flamengo não parecia fácil.
A crônica esportiva mundial apontava os ingleses do Liverpool como francos favoritos e a primeira batalha foi o reconhecimento dos gramados japoneses. Enquanto os bretões inventores do esporte chegaram de terno, os rubro negros, de chinelos, e pandeiros e fazendo festa, confiantes da vitória, fazendo rir os soberbos súditos de Elizabeth.
Quando a bola rolou, não teve Beatles, foi samba e pagode. Os ingleses sambavam sem dedinhos pro alto com suas cinturas duras. Ao primeiro piscar de olhos, um, dois, três e antes mesmo de encerrar o primeiro tempo de jogo, já estava três a zero. Voltaram para o segundo tempo ainda assombrados com os ataques pelas laterais com Leandro, Adílio e Tita pela direita, Junior, Lico e Nunes ou quem caísse pela esquerda. Zico comandava tudo pelo meio e Nunes impiedoso não perdoava dentro da área.
Não tiveram reação e sucumbiram.
Os ingleses, dizem que sonharam com o manto rubro negro durante dias, semanas, meses, anos. Alguns, aliás, sustentam que até hoje estão procurando o Galinho.
Em verdade, não sei se eles sonharam realmente com o manto sagrado, mas eu sim. A partir daquele dia, minha vida esportiva jamais seria em preto e branco. O rubro e o negro daquele manto, fizeram minha cabeça e Zico jamais seria somente um jogador, mas um super herói com capacidades extraterrestres. Aquele garoto de seis anos de idade cantaria para sempre – Uma vez Flamengo, sempre Flamengo e Flamengo até morrer.
Ano passado, já nem tão garoto, aos quarenta e cinco anos, estava com minha esposa no Rio de janeiro, neste dia 13 de dezembro e achei que assistiria, em plena praia de Copacabana, o meu Flamengo derrotar mais uma vez o Liverpool pelo título mundial, mas não demos a mesma sorte, mas a convicção não se abalou nem um milímetro e ao final do jogo saímos para passear na velha Copa, que nenhuma tem o encanto que ela possui a assoviar – Uma vez Flamengo, sempre Flamengo e Flamengo até morrer.
Salve o 13 de dezembro de 1981!!!
Saudações rubro negras!!!
Para mim, Zico foi o maior jogador que eu vi jogar, mas eu também fica boquiaberto com Leandro, que certamente foi o lateral direito mais cheio de categoria da história. Jogava fácil.
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