Por Lucas Paes
Foto: Arquivo
O Palmeiras calou um Morumbi corintiano em 1974
No dia 22 de dezembro de 1974 o Estádio do Morumbi, que até poucos anos atrás era uma espécie de Maracanã para os clubes paulistas, onde todas as decisões aconteciam, estava tomado pelas cores pretas e brancas do Corinthians esperando pela festa de um título que quebraria um jejum de 20 anos do time do Parque São Jorge sem conquistas de campeonatos importantes (o Paulistão era na época um torneio ao qual as equipes davam mais importância até que a Libertadores). Só que faltou combinar com o seu arquirrival, o Palmeiras, que acabou levando aquela final com um gol de Ronaldo, que calou o Morumbi e acabou com o sonho do fim do tabu para o Timão.
O Verdão vivia naqueles anos um glorioso período de títulos. Nos anos 1960, dividiu o protagonismo do futebol brasileiro com o Santos de Pelé e conquistou vários títulos, desde estaduais até Taças Brasil e o Roberto Gomes Pedrosa. Nos dois anos anteriores, havia ganho também o Campeonato Brasileiro. Enfim, eram anos de ouro para o Verdão. Enquanto do outro lado, o Corinthians vivia um período de ostracismo e sofrimento, em meio a um jejum onde curiosamente sua torcida cresceu.
Aquele campeonato repetira a formula de outros anos. No ano anterior, as equipes do interior disputavam uma classificatória chamada de Paulistinha, que trouxe sete clubes para a disputa com Santos, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Guarani e Juventus. Após isso, ocorreram dois turnos de todos contra todos, com a classificação de cada um dando uma vaga à final. Caso um time vencesse os dois turnos seria automaticamente campeão.
O Timão ganhou o primeiro turno e foi até a decisão, onde enfrentou o Palmeiras, vencedor do segundo turno. Naquele dia, os corintianos eram claros favoritos, com um time que tinha, entre outros nomes, Rivelino e Zé Maria. Mas os palmeirenses também tinham em seu time ótimos jogadores, como Ademir da Guia, Dudu e Leivinha.
O jogo, num Morumbi onde dos 120 mil presentes mais de 100 mil eram corintianos, foi nervoso desde o início, com o time palmeirense claramente mais a vontade devido a uma pressão normal, já que o favoritismo era todo alvinegro. O primeiro tempo terminou sem gols e o time do Parque São Jorge não conseguia desempenhar um bom futebol. No segundo tempo, aos 22 minutos, o gol alviverde venho numa bonita jogada, onde Jair levantou, Leivinha subiu e tocou de cabeça para Ronaldo, que pegou de primeira, numa espécie de voleio, e marcou um golaço, que silenciou a maioria da torcida e deu o título ao Palmeiras. Ao fim do jogo, a torcida alviverde entoou a famosa música "zum zum zum é vinte um".
Ao fim do jogo, a festa foi da imensa minoria no estádio, com a equipe saindo para comemorar com sua torcida no Estádio Palestra Itália. Aos corintianos, mais uma tristeza, que acabou por condenar inclusive o craque do time, o craque Rivellino, que acabou deixando o Timão e indo jogar no Fluminense no ano seguinte, não suportando a pressão da torcida após a derrota. Curiosamente, o fim do jejum do time de Parque São Jorge veio três anos depois sob o comando de Osvaldo Brandão, que comandava o Palmeiras naquele Paulistão de 1974.
O Alviverde Imponente, por sua vez, não sabia, mas vivia ali o final de um período glorioso de sua história. Dois anos depois, após conquistar outro título no Paulistão de 1976, o clube entrou num jejum de títulos que perdurou até 1993 e teve entre seus anos a histórica derrota na final do Paulistão de 1986 para a Inter de Limeira.
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