Há 18 anos, ocorria o dia da libertação santista, uma lembrança necessária para o futuro

Por Lucas Paes
Foto: Divulgação/Santos FC

A comemoração santista em 2002

O dia 15 de dezembro de 2002 é e sempre será uma das datas mais importantes, se não a mais importante da história do Santos. Naquele dia, diante de um Morumbi repleto e dividido pela metade, o Alvinegro Praiano encarou a chance de voltar ao patamar de vencedor, consolidando um crescimento que já vinha ocorrendo há alguns anos e dando a toda uma geração de santistas a sensação de que se podia vencer de novo. Além de tudo, o título do Brasileirão daquele ano mudou para sempre o futuro do clube, que independente dos dois troféus menores conquistados no fim dos anos 1990 e a volta de boas campanhas naquele início de século, talvez não fosse o mesmo sem essa conquista.

O Peixe entrou num longo hiato e num período sombrio de sua história após o título do Campeonato Paulista de 1984. Problemas administrativos se somaram a problemas no campo e a bola de neve foi tomando tamanho o suficiente para fazer do clube um coadjuvante nas competições. Entre o final da década de 1980 e a primeira metade da década seguinte, o time de Vila Belmiro teve poucos anos de destaque, com alguns bons times (1993 e o histórico de 1995) mostrando alguma qualidade em meio a um mar de sofrimento. 


Além disso, a sensação é que o Santos sempre falhava na hora de vencer. Em 1993, por exemplo, o bom time alvinegro ficou pelo caminho na fase final do Campeonato Brasileiro. Dois anos depois, todo mundo conhece a história da final do Campeonato Brasileiro de 1995, polêmica até hoje pela anulação completamente equivocada do gol que daria ao Santos o título. Um pouco antes, em 1986, no ano em que a Inter de Limeira foi campeã paulista, os santistas acabaram eliminados pelo time do interior na semifinal perdendo em plena Vila Belmiro. No final da década de 1990, o ótimo time de 1998, que conseguiu a conquista da Conmebol, bateu na trave no Brasileirão, perdendo para o Corinthians na semifinal.

Nas duas piores, já nos anos 2000, primeiro a derrota na final do Paulista de 2000 para o São Paulo e depois a terrível eliminação para o Corinthians na semifinal do Paulista de 2001 com um gol nos últimos segundos do jogo. A sensação era que um titulo grande não viria nunca, que o santista não podia mais vencer. Uma sensação que teve momentos vivos e claros naquela própria final de 15 de dezembro.


A história já se conhece. Robinho pedalou, sofreu pênalti, bateu e colocou o Santos na frente. Fábio Costa evitou de todas as maneiras possíveis gols corintianos, mas não conseguiu sair invicto. No finalzinho do segundo tempo, em rápida sucessão, o alvinegro do Parque São Jorge empatou, virou o jogo e ficou à um gol do título. De novo a torcida praiana via a glória escorregar pelas mãos, os fantasmas voltavam a assombrar o torcedor. Só que Robinho, o homem daquela decisão fez a jogada do gol de empate, de Elano, que decidiu a conquista. O terceiro, de Léo foi apenas a cereja do bolo.

As faixas viradas, as taças levantadas, tudo aquilo representou a sobrevivência do Santos. O clube que conhecemos hoje existe muito graças ao que rolou naquele domingo há 18 anos atrás. Aquela geração rendeu frutos, rendeu torcedores, rendeu taças, rendeu um trabalho que ajudou à revelar Neymar, Ganso e outra geração vencedora. Todo esse legado não salvou o Alvinegro Praiano dos mandos e desmandos de diretorias incompetentes e hoje o clube vive outro momento muito crítico.


Há quem veja semelhança entre aquele 15 de dezembro e o 16 de dezembro que se avizinha e coloca o Santos num jogo decisivo novamente. A verdade é, porém, que independente do que ocorra nesta quarta na Vila Belmiro, o clube precisa estar pronto para outro tipo de luta a partir de agora, em meio a caótica situação que os problemas de gestão causaram. Além da óbvia feliz lembrança do título, estes 18 anos tem de servir como um alerta para todos, sejam torcedores ou dirigentes, entenderem que o Peixe não pode mais errar. Talvez uma nova "libertação" seja sim necessária para recuperar o ânimo dentro das quatro linhas, mas se não houver cuidado e inteligência, talvez nem outro 15 de dezembro salve o gigante santista de um fim, que dessa vez pode ser até literal.
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