Gerson está certíssimo! Racismo não pode ficar impune!

Foto: Jorge Rodrigues/AGIF

Momento da confusão

Gerson foi o melhor jogador da vitória eletrizante do Flamengo na noite de hoje (20), no Maracanã, por 4 a 3, contra o Bahia. Após o jogo, o volante do time carioca deu um depoimento forte, acusando o colombiano Índio Ramírez, da equipe adversária, de uma ofensa racista. O camisa 8 também cobrou respeito do técnico adversário, Mano Menezes, que, segundo ele, teria minimizado o incidente.

"O Ramírez, quando a gente tomou o segundo gol, não me lembro, reclamou do Bruno [Henrique]. E ele falou bem assim para mim: 'Cala a boca, negro'. Isso eu nunca sofri, em toda a minha carreira profissional, e não aceito. Não aceito. E o Mano, o Mano precisa respeitar", desabafou o jogador ao Premiere.

No momento em que acontece a confusão e o suposto ato racista, Gerson ficou revoltado e precisou ser segurado pelos companheiros. Foi aí que também se desentendeu com Mano Menezes, a quem pediu respeito. Vale destacar que o técnico da equipe baiana foi demitido depois da partida.

Durante o bate-boca em campo, é possível ouvir o momento em que Gerson se dirige a Mano e afirma: "ele [Ramírez] me chamou de negro". Ao que Mano responde: "Ah, agora virou malandragem?". Gerson fica exaltado e rebate: "Malandragem não, pergunta para ele se ele não falou".

Pouco depois, Mano se dirige ao quarto árbitro e defende Ramírez. "Aquele menino não ia fazer isso com o Gerson, eu conheço o jogador. Chegou agora, é um guri", diz o técnico do Bahia.

Mano também provocou Gerson após a confusão, quando o jogo já havia recomeçado, citando as disputas que o volante do Flamengo teve com Daniel Alves, do São Paulo, nos jogos em que o Rubro-Negro foi eliminado da Copa do Brasil. "Tem que tomar bico do Daniel, mesmo. Tem que tomar bico do Daniel, que é mais malandro que tu. Quer mandar no jogo?", disse Mano a Gerson.

Depois da partida, o jogador desabafou nas mídias sociais. Confira a postagem no instagram do atleta na íntegra:
"Amo minha raça e luto pela cor."

- O "cala boca, negro" é justamente o que não vai mais acontecer. Seguiremos lutando por igualdade e respeito no futebol - o que faltou hoje do lado contrário. Desde os meus 8 anos, quando iniciei minha trajetória no futebol, ouço, às vezes só por olhares, o “cala a boca, negro”. E eles não conseguiram. Não será agora.

"Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista". Não adianta ter o discurso, fazer campanha, e não colocar em prática em todos os aspectos da vida, inclusive dentro de campo. O futebol não é algo fora da sociedade e um ambiente onde barbaridades como o “cala a boca, negro” podem ser aceitas.

É uma pena nós, negros, termos que falar sobre isso semanalmente e nenhuma atitude no esporte ser tomada a respeito. E é mais triste ainda ver a conivência de outras pessoas que estão dentro de campo e que minimizaram e diminuíram o peso do ato de hoje no Maracanã. É nojento conviver com o racismo e ainda mais com os que minimizam esse crime.

Não vou "calar a minha boca". A minha luta, a luta dos negros, não vai parar. E repito: é chato sempre termos que falar sobre racismo e nada ser feito pelas autoridades.

Racismo é crime. E deve ser tratado desta maneira em todos os ambientes, inclusive no futebol.

Não me calaram na vida, não me calaram em campo e jamais vão diminuir a nossa cor - escreveu o meio-campista do Flamengo.

Bahia - No Twitter, o Bahia, primeiramente, divulgou que demitiu o técnico Mano Menezes e que iria apurar o que aconteceu com Indio Ramírez. "O Esporte Clube Bahia comunica que Mano Menezes não é mais o técnico do Esquadrão. Nesta mesma ocasião aproveitamos para anunciar que, em relação à grave acusação de racismo envolvendo o colombiano Indio Ramírez, o clube se posicionará em breve após finalizar a apuração do caso".
Depois, o clube divulgou nota em seu site, que diz:

O Esporte Clube Bahia vem a público se manifestar sobre a denúncia de racismo feita pelo atleta Gerson, do Flamengo, ocorrida na noite deste domingo (20).

O atleta Indio Ramírez nega veementemente a acusação e a ele está sendo dada a oportunidade de se defender de algo tão grave.

O clube entende, porém, que é indispensável, imprescindível e fundamental que a voz da vítima seja preponderante em casos desta natureza.

Assim, decidiu afastar imediatamente o jogador das atividades da equipe até a conclusão da apuração.
O presidente Guilherme Bellintani ligou para Gerson a fim de prestar solidariedade.
A equipe de comunicação de Mano Menezes também se pronunciou sobre o caso através do Twitter oficial do técnico. “Mano condena qualquer ato racismo e reitera que a violência contra quem comete não é caminho para solucionar a questão. E apoia qualquer avaliação e julgamento justo para que o futebol seja sempre referência positiva na nossa sociedade. Crescemos juntos”, afirmou a mensagem.
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