Por Lucas Paes
Foto: Divulgação/Liverpool FC
Houllier foi o último treinador dos Reds a conquistar uma "treble"
O mundo do futebol foi pego de surpresa neste dia 14 de dezembro por duas perdas em continentes diferentes. Aqui no Brasil o coronavírus fez mais uma vítima: o promissor Marcelo Veiga, treinador do São Bernardo FC que já vinha sofrendo com complicações da doença há algum tempo. Na Europa, por complicações de uma cirurgia cardíaca morreu o francês Gerard Houllier, que praticamente "redescobriu" o Liverpool, numa época onde os Reds sofriam para voltar ao topo.
Em Anfield, Houllier foi um espécie de Jurgen Klopp antes mesmo de existir o alemão na vida do gigante inglês. O francês chegou a Merseyside em 1998 para trabalhar junto a Roy Evans num time que tinha promissores nomes como o já estrondoso Owen, o ótimo zagueiro Carragher e um jovem chamado Steven Gerrard. A máquina de vencer títulos dos Reds havia perdido força e o francês tinha o objetivo de voltar os Reds aos trilhos.
Houllier começou uma revolução em Liverpool. O trabalho junto a Evans durou pouco e logo o inglês foi demitido, deixando o francês como treinador principal. Jogadores como Ince e o craque McManaman deixaram o clube e chegaram nomes como Hiyppia, Litmaen, Smicer, Djimi Traoré, entre outros. Estes seriam ainda reforçados por nomes como Heskey e McAllister, que somados a outros jogadores fizeram com que o ínicio da temporada 2000/2001 trouxesse ares de esperança aos Reds.
Aquela temporada seria mágica para os torcedores. Sem grandes conquistas nos anos 1990, o Liverpool foi regular do início ao fim. Na Premier League, faltou um pouco de força para competir contra o Manchester United pelo título, porém na Copa da Liga e na Copa da Inglaterra os Reds foram muito bem, vencendo ambas as competições. A temporada ainda foi coroada pela conquista da Copa da UEFA, em um emocionante 5x4 contra o Álaves decidido no gol de ouro. Uma treble que ainda é um feito não igualado por mais ninguém no comando do clube desde então. Naquele ano, já começavam a se destacar nomes como Gerrard e Carragher, junto à um já consagrado Michael Owen. Ainda deu tempo do time vencer a Supercopa da Inglaterra e a Supercopa Européia no início da temporada seguinte.
Porém, o promissor e esperado futuro do time de Houllier acabou atrapalhado por circunstâncias da vida. No final daquele ano de 2001, o treinador passou mal num jogo contra o Leeds e ficou cinco meses afastado por problemas de saúde, nunca mais conseguindo voltar a ser o mesmo. Ganhou ainda uma Copa da Liga Inglesa na temporada 2002/2003, mas acabou deixando o clube em 2004, em comum acordo com a diretoria, dando lugar à Rafa Benitez, que conseguiria um dos grandes títulos da história dos Reds, com a Liga dos Campeões de 2005, usando muito da base montada pelo francês, mas também falhou na missão de retornar os Reds ao topo do futebol mundial.
Apesar de tudo, Houllier ainda é lembrado e muito respeitado pela parte vermelha de Merseyside. O treinador ainda é o que mais conquistou títulos no comando dos Reds desde a era de ouro, tendo ainda dois títulos a mais no total do que Jurgen Klopp. Nem só de títulos viveu o trabalho de Gerard, que foi responsável direto pela evolução absurda de Steven Gerrard, que alguns anos depois seria alçado ao patamar de um dos melhores do mundo, além de montar a base do time do milagre de Istambul e moldar o bom futebol apresentado pela dupla Carragher-Hiyppia.
Houllier se vai com a certeza de que será bem recebido na mesa vermelha do campo dos eternos, sendo bem recebido por nomes como Shankly e Paisley no andar lá de cima. Agora, se tornará mais um de muitos guardiões das tradições do Liverpool, com a certeza de que, independente de Hicks e Gillet, independente de tudo o que o clube passou, o processo de renascimento que os Reds vivem hoje ainda tem sim um toquezinho de França.
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