A sina das Sereias nas quartas dos três últimos Brasileirões

Por Lucas Paes
Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

As Sereias foram eliminadas pelo São Paulo

O Santos tem um dos mais tradicionais e mais fortes times do futebol feminino no Brasil. Dono de duas conquistas da Libertadores, uma conquista do Brasileirão, uma Copa do Brasil, entre outros títulos, as santistas costumam ser citadas junto ao Corinthians e a Ferroviária como as equipes mais fortes da modalidade no Brasil. Porém, nos últimos anos, elas sofrem com uma sina: cair nas quartas de final do Brasileirão. 

As Sereias foram campeãs do Campeonato Brasileiro em 2017, vencendo na final justamente o Corinthians, maior rival do clube. Em 2018 e 2019, as santistas acabaram eliminadas pela Ferroviária, time forte que sempre é uma das favoritas ao título, que aliás foi ganho justamente pelo time de Araraquara ano passado. A surpresa, em 2019, foi que as meninas do Santos haviam conseguido uma vantagem fora de casa e acabaram perdendo-a jogando em Santos. Em 2020, porém, as santistas eram favoritas e fizeram duas péssimas partidas na eliminação para o São Paulo.


Em primeiro lugar, é importante frisar que parte desse histórico negativo se deve de fato ao Santos ter um time mais enfraquecido. O caos no clube, ainda que em menor proporção, atinge também o futebol feminino. As Sereias já não apresentam mais o desempenho dos anos áureos e perderam algumas atletas importantes, apesar de conseguirem trazer bons reforços. É inegável, porém, que o time caiu de desempenho nos últimos anos. Somando-se isso a um processo de renovação que tem ocorrido, é possível entender a queda de desempenho.

Outro problema que as Sereias tem enfrentado são erros táticos. No primeiro jogo contra o São Paulo, em diversas vezes Cristiane tinha de buscar a bola no meio de campo, já que a bola não chegava no ataque do Alvinegro Praiano. Foi possível observar outros problemas táticos na péssima partida das Sereias na eliminação no dia de ontem. Como saída de bola e criação de jogadas, já que a equipe sempre apelava para os cruzamentos. É preciso melhorar alguns aspectos para que a equipe volte a lutar por títulos. Talvez, inclusive, trocar o treinador. Em uma análise mais ampla, trocar toda a equipe de futebol, inclusive.


Por fim, uma situação mais subjetiva é a própria questão de mentalidade e até talvez a pressão. As eliminações em sequência, somadas a um desempenho no mínimo claudicante fizeram com que o time santista talvez sentisse o jogo e o São Paulo aproveitou essa fragilidade para se classificar. Desde dentro até fora de campo, muita coisa precisa mudar para que as Sereias voltem aos dias de ouro de um dos principais clubes do futebol feminino brasileiro. 

Em meio a todas as discussões sobre o futuro do Santos, pensando no momento conturbado que o clube vive, espera-se que se olhe com zelo, de preferência já neste momento, mas pelo menos ao fim da temporada, para uma modalidade onde o nome do gigante Alvinegro Praiano sempre foi bem representado, porque as meninas santistas podem sim ser muito melhores do que foram nesses últimos anos.

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