Por Lucas Paes
Foto: Arquivo
Obdulio Varella vestindo a camisa do Peñarol
Obdulio Varela é um dos maiores nomes da história do tradicionalíssimo futebol uruguaio. Dono de categoria e liderança, o jogador era o capitão do Uruguai campeão do mundo em 1950 no Maracanazzo. Pouco antes daquilo, o craque, que viraria lenda e completaria 103 anos neste dia 20 de setembro chegou ao Peñarol, gigante clube uruguaio, onde faria história e entraria no seleto hall de lendas aurinegras.
Chegou ao Manya sem nem saber que iria jogar pelos aurinegros. Numa época primitiva do profissionalismo no futebol charrua, Varela dividia o futebol com outra profissão no Montevideu Wanderers, mas nos Carboneros foi obrigado a escolher apenas um futebol, um risco que decidiu correr, já que além de tudo, disse ser torcedor aurinegro desde sempre.
Estreou com a camisa do Peñarol apenas em 1943. Naquele ano, porém, viu o Nacional ser pela quinta vez seguida campeão uruguaio. O grande destaque da temporada foi na verdade uma goleada por 6 a 0 sobre o Boca, em um amistoso. No ano seguinte, porém, foi campeão nacional, sendo essencial nos clássicos, marcando na vitória por 2 a 0 e marcando um dos gols na virada do jogo decisivo, quando os Manyas venceram por 3 a 2. Era o primeiro título de sua trajetória aurinegra.
No ano seguinte, foi novamente campeão nacional. Viveu episódio curioso naquele ano em um amistoso contra o River Plate. Após a vitória dos Mirasoles, foram pagos ao Negro Jefe (apelido que tinha) 500 pesos de bicho, 250 a mais do que pago ao restante do elenco. Mostrando mais uma vez o grande caráter que lhe era característico, recusou a premiação, forçando o clube a pagar os mesmos 500 pesos a todos os jogadores. No ano seguinte, apesar de Varela se tornar capitão dos Carboneros, o campeão foi o Nacional, assim como em 1947 e 1948.
Em 1948, Varela foi um dos lideres da greve feita pelos jogadores uruguaios que acabou paralisando o campeonato. Os atletas pediam uma "lei do passe" que os prendesse aos clubes e salários melhores. A greve durou mais de um ano e é até hoje a mais longa da história do futebol. Varela, como um dos lideres, sofreu com palavras e atitudes de dirigentes e tentaram inclusive manda-lo para a Argentina. Nesta época, ele cogitou inclusive trabalhar na construção civil novamente e largar o futebol, mas acabou convencido pelos torcedores e por, como ele próprio declarou: "tanta gente boa que também gostava do futebol".
No ano de 1949, o Peñarol foi novamente campeão e Varela era o capitão da equipe, que tinha formado um ataque absurdamente matador, chamado de "Esquadrilha da Morte", com Ghiggia, Schiaffino, Vidal, Miguez e Hoeherg, Em 1950, foi o capitão do Uruguai que seria campeão do mundo. Esteve no clube até 1955, ganhando mais três campeonatos uruguaios antes da aposentadoria.
Encerrou sua trajetória pelos Carboneros com 302 jogos e 72 gols, sendo até hoje lembrado como uma das maiores lendas da história do Penãrol. Varela foi jogar no plano dos eternos em 8 de agosto de 1996, deixando para sempre a marca da lenda que se tornou e um legado da liderança que sempre mostrava dentro de campo.
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