Por Lucas Paes
Foto: UEFA/Handout via Xinhua
Messi parece finalmente ter se cansado da situação do Barça
A verdadeira ebulição no ambiente do Barcelona vivida depois da goleada sofrida para o Bayern por incríveis, absurdos e históricos 8 a 2 parece ter sido a gota d'água da paciência do maior jogador da história dos Culés. Messi comunicou oficialmente que quer deixar o clube nesta janela de transferência, confirmando de vez a informação antecipada pelo ótimo Marcelo Bechler após a eliminação. Mesmo com a chegada de Koeman ao comando do Barça e com uma promessa de renovação de ideias, o argentino parece ter atingido o máximo de desgaste na relação com o clube.
O pedido para deixar o clube chega em meio a uma crise que parece insustentável no clube. O Barcelona vive uma situação financeira bastante complicada e não poderá fazer grandes investimentos no marcado e vê a presidência de Josep Bartomeu cada vez mais questionada por ídolos, torcedores e agora claramente por jogadores do time, incluindo seu maior nome. A situação não era boa há alguns anos, mas os títulos espanhóis disfarçavam um pouco dos problemas barcelonistas. No retorno da temporada pós-paralisação a coisa pareceu degringolar de vez e o clube, que já vinha perdendo força na Europa em eliminações vexatórias seguidas, perdeu uma liga onde tinha boa vantagem, fechando o ciclo da decepção com a maior goleada de sua história em jogos da Liga dos Campeões e uma das maiores sofridas pelo clube em toda sua história.
Leo já tem seus 33 anos e é muito claro que o argentino quer um projeto esportivo onde possa vencer títulos, ou ao menos ser um protagonista com um ambiente mais pacífico. O Barça não consegue mais oferecer, pelo menos no momento, um ambiente vencedor. O futuro do gigante catalão parece nebuloso e já seria mesmo que Messi ficasse (ou fique, caso ainda mude de decisão), pois nada foi bem preparado para a sucessão e o impacto absurdo que o fim de sua carreira teria no clube. O fim de sua passagem deve deixar o clube sem chances de brigar por títulos grandes por pelo menos uma temporada e é muito complicado imaginar que os Culés consigam voltar ao padrão de protagonismo da era Messi.
Entre as questões todas que envolvem essa decisão parece ficar clara uma intenção do ídolo barcelonista: ele não quer mais respaldar o projeto de Bartomeu a frente do Barcelona. O desgaste com a diretoria chegou ao limite e isso parece estar diretamente relacionado ao modo como trataram a saída de seu grande amigo Suarez. A relação pode até ser prejudicial, já que os "protegidos" de Léo podem travar a renovação no elenco, mas o Pistoleiro merecia um tratamento muito mais digno por parte de um clube onde tanto fez.
A notícia da saída de Messi repercutiu no mundo todo e obviamente teve seus resultados mais sérios, muito além de bons "memes" produzidos na internet e de especulações de sua ida ao City, PSG, Internazionale e outros clubes. No momento em que este texto é escrito, plena madrugada na Catalunha, pipocam notícias de protestos dos torcedores do Barça em frente a sede do clube pedindo a renúncia de Bartomeu e a permanência do ídolo argentino. Saiu inclusive uma notícia sobre uma possível renúncia do presidente azulgrana veiculada pela TyC Sports, canal de TV argentino. Resta aguardar maiores repercussões.
Independente da renúncia ou não, parece muito difícil que o argentino permaneça no Camp Nou. As questões que eram inicialmente só com o presidente parecem ter se refletido em problemas com o novo treinador Ronald Koeman, que segundo notícias disse a Messi que ele não terá mais privilégios. O empecilho maior porém, ainda é Bartomeu e uma saída do presidente pode até significar uma permanência, ainda que se veja com dificuldade uma renovação do contrato de Messi, que vence ano que vem.
Neste momento, o que parece claro é que a era Messi acabou. Depois de 20 anos no clube e pelo menos 13 sendo protagonista no time principal, depois da impressionante disputa com Cristiano Ronaldo, depois de mudar a história do futebol e marcar seu nome nos livros do Ludopédio mundial, parece cada vez mais próximo o dia em que não veremos mais a camisa 10 azulgrana com um baixinho argentino assassinando defesas alheias e pulverizando gigantes. Resta saber agora se La Pulga vestirá azul claro, azul e preto, azul marinho e vermelho ou então o vermelho e preto do Newells. O que importará, porém, é continuar vendo a arte de Léo, agora em condições de ganhar grandes coisas novamente.
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