Por Lucas Paes
Foto: Lars Baron/AFP
Diego Carlos fez o gol do título do Sevilla na Liga Europa
O Sevilla ganhou mais uma vez a Liga Europa/Copa da UEFA. Foi a sexta vez que a equipe espanhola venceu a competição, dessa vez vencendo a Internazionale, outro gigante pisado pelos andaluzes em sua trajetória na segunda principal competição de clubes do continente europeu. A história, em seu enredo, dessa vez reservou os louros do heroísmo a um ótimo zagueiro brasileiro, visado por diversos clubes e que chama cada vez mais atenção do futebol europeu: Diego Carlos.
Nascido em Barra Bonita, no interior de São Paulo, em 1993, Diego passou na base por América, Desportivo Brasil e São Paulo. Acabou estreando profissionalmente na equipe de Porto Feliz, mais uma dos diversos "clubes-empresa" que investe em formações na categoria de base. Foi por lá que Diego Carlos estreou, sendo titular em parte da campanha do Paulista da Segunda Divisão de 2012. Seu futebol chamou atenção do São Paulo, que o trouxe para o time de base, mas não conseguiu se firmar no Tricolor. Jogou ainda por Paulista e Madureira no futebol brasuca. Em 2014, foi vendido ao Estoril Praia e foi ai que as coisas mudaram para o jovem brasileiro.
Seguindo o caminho de muitos compatriotas, Diego começou a se destacar pelo Estoril Praia onde esteve entre 2014 e 2016, jogando 33 vezes e marcando dois gols. Neste período, esteve emprestado ao Porto B. Depois de dois anos no modesto clube português, acabou contratando pelo Nantes, tradicional equipe francesa, onde, aos 23 anos, "estourou de vez" no futebol europeu, começando a chamar atenção pela sua qualidade e técnica defensiva.
Foi jogando pelo Nantes que começou a chamar atenção de outras forças do futebol europeu. Em três anos pelos franceses, fez 108 jogos e quatro gols. Recém chegado a direção de futebol do Sevilla no ano passado, Monchi o trouxe como a primeira grande contratação de seu período no Sevilla, por um preço não divulgado. Na temporada 2019/2020, Diego Carlos fez uma excelente La Liga, estando entre os destaques da competição e segundo especulações, despertando interesse do Liverpool. Na Liga Europa, foi meio claudicante nesse retorno, cometendo pênaltis em todos os jogos do mata-mata, porém, a imagem que fica, justa com a incrível temporada do brasileiro, é o gol do bicicleta, que, independente da colaboração de Lukaku, coloca o defensor entre o hall de heróis dos Rojiblancos.
Diego Carlos é um dos bons exemplos de algo positivo que os "clubes-empresa" podem oferecer ao futebol, já que em muitos casos o trabalho destas instituições com a base é louvável e exemplar. Estando no topo das notícias do futebol nestes últimos dias, o brasileiro vive agora o momento mais incrível de seus 27 anos de vida e olha apenas para a frente, cogitando um brilhante futuro, seja em Ramon Sanchez Pizjuan ou em algum campo mais tradicional do futebol europeu, talvez nas noites europeias de Anfield Road ou na bela Catalunha. Seja como for, em meio ao seu auge, Diego Carlos tem de se permitir sonhar e deve ser exemplo.
Num momento onde se discute a questão dos estaduais no calendário brasileiro é preciso entender o papel destes campeonatos na formação de atletas no Brasil. Antes de pensar na simples exclusão das competições, é preciso pensar num modelo que permita aos clubes pequenos sobreviverem e não destrua as categorias de base das equipes brasileiras. É bem claro que o modelo atual está esgotado, mas uma reforma mal pensada pode trazer consequências destrutivas para o futebol pentacampeão do mundo. Porém, encerrando este artigo em um tom bem menos complexo, que Diego Carlos seja para os garotos de Desportivo Brasil, Red Bull e mesmo de tradicionais como Ponte e Guarani um exemplo, que mirem para que possam chegar um dia ao protagonismo, já que o nome do zagueiro está marcado na história de um dos mais tradicionais clubes espanhois.
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