Por Lucas Paes
Foto: Arquivo
Ghiggia e Schiaffino vestindo a camisa da Azzurra
Alcides Ghiggia e Juan Schiaffino, que completaria 95 anos neste dia 28 de julho, são dois nomes que assombram os piores pesadelos de torcedores brasileiros quando se lembram do Maracanazzo. A dupla fez os gols que construíram o maior pesadelo da história do futebol e talvez da cultura brasileira como um todo. Porém, anos depois de destruir sonhos brasucas, a dupla foi convocada pela Seleção Italiana para tentar classificar a Azzurra para a Copa do Mundo de 1958 e acabou fracassando.
Ambos na época jogavam em clubes italianos. Ghiggia caminhava para estabelecer a idolatria que tem até hoje pela torcida da Roma e Schiaffino se firmava como ídolo no Milan. Há algumas décadas a questão de jogar por seleções no futebol não era tão rigorosa. Nada impedia que alguns jogadores vestissem a camisa de duas seleções, casos que ocorreram por exemplo com nomes como Di Stéfano, Puskas, Altafini "Mazzola" e claro, com a dupla uruguaia protagonista do Maracanazzo. A Federação Italiana de Futebol (FIGC) usou de um artifício legal para naturalizar e utilizar os dois.
Schiaffino, na verdade, jogou primeiro. O Milan não queria ocupar uma vaga de estrangeiros com ele, já que contava com Liedholm e Nordahl, destaques suecos da equipe e portanto coube ao destaque da Celeste Olímpica buscar um passaporte italiano, facilitado pelo fato de ser neto de um italiano. Com isso, a Azzurra já convocou ele em 1954, para um duelo contra a Argentina, em Roma, que terminou 2 a 0. As criticas em cima do uruguaio acabaram sendo grandes e então ele só voltaria a ser convocado três anos depois.
A convocação de Ghiggia também aproveitou a dupla nacionalidade. Ambos foram chamados em um processo de renovação após os italianos serem goleados por 6 a 1 pela Iugoslávia. A disputa da vaga no mundial de 1958 era com as seleções da Irlanda do Norte e de Portugal, num triangular decisivo. Era uma missão que já testaria a dupla vestindo o azul italiano.
A estreia da na época duas vezes campeã da Copa do Mundo foi diante da Irlanda do Norte, em Roma, vencida pelos locais. A segunda partida foi diante de Portugal em Lisboa. Apenas Ghiggia estava convocado e jogou aquele duelo, onde os italianos perderam por 3 a 0. O jogo seguinte, em Belfast, contra a Irlanda do Norte terminou em empate por 2 a 2 com gol de Ghiggia e com a dupla uruguaia jogando, resultado que até era bom para a Azzurra. Os dirigentes, porém, pressionaram e o jogo acabou virando apenas um amistoso devido a arbitragem ser local. O duelo acabou sendo remarcado para janeiro de 1958. Antes dele, a Azzurra devolveu os 3 a 0 sofridos em Portugal para os lusos e chegaria a aquele jogo precisando apenas do empate.
Na última partida daquele triangular, a repetição do duelo contra a Irlanda do Norte, em Belfast, o trio de ataque da Itália foi todo sul-americano: Schiaffino, Ghiggia e o brasileiro Dino da Costa. Porém, quem surpreendeu foram os norte-irlandeses, que abriram 2 a 0. Dino diminuiu o placar no finalzinho do jogo, mas pouco depois a expulsão de Ghiggia, que vinha sendo um dos destaques da Azzurra, complicou a situação e o placar acabou deixando os italianos fora da Suécia.
Schiaffino nunca mais defendeu a Bota e Ghiggia jogaria apenas mais um jogo, num amistoso diante da Espanha. A ausência em 1958 era a única vez na história da Copa do Mundo em que a segunda maior campeã havia ficado fora por mau desempenho nas eliminatórias, mas o "feito" acabou se repetindo em 2018.
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