Com informações da CBF
Foto: Acervo CBF
Tostão cercado por uruguaios: vitória de virada
Brasil na a final! Há 50 anos, a Seleção Brasileira derrotava o Uruguai por 3 a 1 no Estádio Jalisco, em Guadalajara, garantindo uma vaga na final da Copa do Mundo de 1970. Os gols da Seleção Brasileira foram marcados por Clodoaldo, Jairzinho e Rivellino. Cubilla descontou para os uruguaios.
Após eliminar o Uruguai, o Brasil enfrenta a Itália na decisão. Os italianos venceram a Alemanha na outra semifinal e fazem um duelo com a Seleção para saber quem será o primeiro tricampeão mundial, o que garante a posse definitiva da taça Jules Rimet.
Quando Brasil e Uruguai perfilaram no gramado do Estádio Jalisco, em Guadalajara, o mundo do futebol prendeu a respiração. Estávamos todos prestes a testemunhar um importante capítulo na história da Copa do Mundo. 20 anos depois da final de 1950, as duas seleções voltavam a se enfrentar em um confronto eliminatório.
A Celeste Olímpica entrou em campo com o mesmo uniforme: camisas azuis, calções pretos e meiões pretos. Já o Brasil se apresentou no Azteca de camisa amarela, calções azuis e meiões brancos e duas estrelas no peito, bem diferente do uniforme azul e branco de 50.
Aparentemente nervosa , a Seleção não teve o melhor começo. Os uruguaios tiveram as primeiras chances de gol na partida. O primeiro chute em gol foi de Ildo Maneiro, que foi facilmente defendido por Félix. Mas aos 19 minutos, o goleiro brasileiro não teve o mesmo êxito.
Após lançamento curto para dentro da área brasileira, Cubilla ganhou de Piazza na velocidade e desviou a bola. A finalização não foi das mais fortes, mas acabou deslocando Félix e morreu no fundo da rede brasileira.
A Seleção não conseguia desenvolver o seu melhor jogo dentro de campo e as chances não apareciam. Lançando mão de uma marcação bem física, o Uruguai conseguia conter os avanços brasileiros. Perto dos 35 minutos, uma falta fez o juiz paralisar o jogo por mais tempo, permitindo aos jogadores que se reunissem.
Foi aí que Gérson, que não fazia boa partida, mostrou sua liderança. Perseguido pelos implacáveis meias uruguaios, o Canhotinha de Ouro fez um apelo a Clodoaldo, como o mesmo recordou em entrevista exclusiva ao site da CBF.
"Gérson e Capita me chamaram, imagino que por volta dos 35 minutos, e Gérson falou: 'Olha, você vai sair um pouco mais porque o negócio está pegando para mim. Está difícil para dominar e fazer os lançamentos'. Eu virei para eles e disse: 'Não é um pedido, é uma ordem'", recordou.
A orientação apresentou resultados rapidamente. Aos 44 minutos, pouco antes do fim do primeiro tempo, a bola chegou nos pés de Tostão. Mais solto, Clodoaldo foi ao ataque. Como homem-surpresa, apareceu entre a defesa uruguaia para dar um toque de bico e empatar o jogo.
Com tudo igual, o Brasil pôde ir mais tranquilo para o intervalo. Pelo menos em questão de resultado, porque o clima no vestiário não foi nada ameno. Inconformado com a postura brasileira no primeiro tempo, o técnico Zagallo deu uma bronca daquelas no time todo.
Na visão do comandante, os jogadores estavam com a cabeça muito voltada para a derrota de 1950 e precisavam se libertar desse fantasma. Para ele, o Brasil só conseguiria a classificação se soltasse as amarras do tempo e jogasse o futebol que o trouxera até ali: bonito, para frente, livre.
E foi determinada a jogar assim que a Seleção retornou para o segundo tempo. Mesmo caçado em campo, Pelé conseguia se desvencilhar da marcação. No primeiro momento, foi parado por Mazurkiewicz em finalização rasteira. Na sequência, fez linda jogada e foi derrubada dentro da área, mas o juiz não marcou pênalti.
A pressão brasileira foi aliada à persistência. Mesmo sem mexer no placar, o Brasil seguiu em busca da virada. E a conseguiu aos 31 minutos do segundo tempo. Tostão recebeu pelo meio. Com um toque seco e rasteiro na bola, lançou Jairzinho que invadiu a área, tirou do goleiro e virou o jogo: 2 a 1.
O Uruguai se lançou em busca do empate. Abusando dos chuveirinhos na área brasileira, a Celeste teve uma grande oportunidade de deixar tudo igual. Quando a bola veio voando da ponta esquerda, Luís Cubilla esperava sozinho na pequena área. Ele havia marcado no primeiro tempo, em falha de Félix. Mas conheceu nesse momento o tamanho do goleiro do Brasil.
A cabeçada foi certeira, no canto, firme, veloz. Mas Félix estava lá. Em questão de milésimos de segundos, reagiu ao toque, se esticou e espalmou a bola para longe. Estava garantida ali a classificação brasileira, que ainda teria duas cerejas em cima do bolo.
Aos 44 minutos do segundo tempo, Pelé recebeu pela canhota do ataque. Vulnerável, a defesa uruguaia não acompanhou Rivellino, que chegou para bater de primeira da entrada da área. O chute cruzado e rasteiro só parou no fundo do gol do Uruguai: 3 a 1 e classificação assegurada.
O último grande lance da partida não terminou em gol, mas é tão lembrado quanto os maiores golaços da Seleção naquela Copa. Já nos acréscimos, Tostão recebeu com espaço pela faixa central e observou o deslocamento de Pelé. Deu um passe milimétrico para o Rei, que, numa sacada de gênio, fez história.
Percebendo que a bola corria um pouco mais do que o esperado, apenas cruzou a frente do goleiro Marzukiewicz e, sem tocar nela, deu um drible na vaca no uruguaio. Para completar a finta, finalizou de primeira, cruzado, e viu a bola caprichosamente passar tirando tinta da trave. Um lance tão brilhante que se tornou histórico mesmo sem balançar a rede.
0 comentários:
Postar um comentário