Por Diely Espídola
Foto: arquivo
Café Filho quando recebeu a faixa presidencial
O Brasil é um país de proporções continentais. Além disso, é também conhecido como o país do futebol. Juntando estes dois fatos, não admira que pelas enormes terras brasileiras tenha-se conhecimento de diversos fatos inusitados que envolvam o esporte mais popular por aqui. E de todos eles, alguns se destacam, como a história de Café Filho, o presidente da república que teve no futebol a sua primeira paixão e, antes de carregar a faixa presidencial, defendia as metas: era goleiro.
Em 1915, o Rio Grande do Norte viveria um marco em seu futebol. Foi fundado o primeiro clube de futebol do Estado, o ABC Futebol Clube, e a criação deste estimulou a organização de outros clubes, como o segundo clube potiguar, o América Futebol Clube.
Para sua estreia, o América decidiu organizar um jogo treino contra a equipe amadora do Colégio Atheneu, cujos atletas eram os jovens estudantes da instituição. Entre eles estava Café Filho, goleiro da equipe do Atheneu. No entanto, a estreia de Café não poderia ter sido pior. O goleiro de 16 anos acabou tomando 10 gols até ser substituído pelo reserva, que tomou os outros 12 gols que sacramentaram a vitória de 22 a 0 do América sobre o Atheneu.
Mas a goleada homérica não seria suficiente para afastar Café do futebol. Ao contrário, Café Filho se envolveu ainda mais com o esporte, e foi um dos nomes mais importantes do início da história do futebol no Rio Grande do Norte.
O futebol e a política estavam no sangue de Café Filho desde muito cedo. No ano de 1915, Café e seus amigos não só viram a criação dos primeiros clubes de seu estado, mas também viam o Brasil iniciar a Liga Brasileira Contra o Analfabetismo, uma instituição que visava erradicar o analfabetismo do Brasil no ano em que seria comemorado o centenário da Independência. A turma de Café queria participar desta luta, e assim, movidos pelo amor ao futebol, fundaram o Alecrim Futebol Clube, que em sua sede teria uma escola noturna gratuita para levar a alfabetização às crianças carentes da região. E foi por causa do Alecrim que Café Filho acabou fazendo muito pelo futebol do Rio Grande do Norte, mesmo que não ficasse nele por muito tempo.
Sabemos que apesar de amar o futebol, Café não tinha exatamente muita habilidade com a bola. Por isso, deixou o campo para investir e atuar como dirigente, e assim levar adiante o futebol potiguar. Com sua influência, viajou para outros estados divulgando os clubes do Rio Grande e arranjando jogos e amistosos para que o futebol da região ficasse cada vez mais conhecido pelo Brasil.
Em 1921, o futebol começaria a deixar de ser uma prioridade na vida de Café Filho. O ex-goleiro que já era advogado, passou a atuar também como jornalista, e fundou o Jornal do Norte. O caminho até a presidência, no entanto, ainda seria longo. Em 1934, após participar de diversos movimentos políticos, como por exemplo a Revolução de 30, Café Filho foi eleito deputado. Com a chegada do Estado Novo, em 1937, o governo autoritário instituído por Vargas poria um fim ao seu primeiro mandato. Com o fim do regime em 1945, foi eleito novamente deputado.
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Em 1950, no Brasil o vice-presidente também era escolhido por voto. E após 16 anos de vida política, Café Filho foi eleito o vice de Getúlio Vargas. Com o suicídio do presidente em 1954, Café assumiria o poder, passando de um jovem e simples goleiro, à 18º Presidente da República.
Quanto ao Alecrim, o clube em 1918 se fundiu ao Flamengo Futebol Clube por dificuldades financeiras, e juntos formaram o Centro Sportivo Natalense. Em 1923 no entanto, o Alecrim retomaria suas atividades, e existe até hoje, sendo inclusive o terceiro clube potiguar com mais participações na série A.
Café Filho pode não ser conhecido por sua passagem em campo. Ou ainda pelo seu papel fundamental na administração do futebol do Rio Grande do Norte. Mas sem dúvida, seu trabalho foi indispensável para a fundação, manutenção e divulgação do futebol potiguar.
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