Por Raoni David / FPF
Foto: reprodução ESPN Brasil
Garrincha atuando pelo Corinthians contra o Tricolor. Marcou um dos gols do Timão
Manoel Francisco dos Santos fez apenas um gol em competições oficiais vestindo a camisa do Corinthians. Em 19 de março de 1966 ele marcava na vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo no clássico ‘Majestoso’ válido pelo Torneio Rio-SP daquela temporada. Ao todo, foram dois gols em 13 jogos. Os números, porém, pouco importam quando se trata de Garrincha, o ‘anjo das pernas tortas’.
Natural de Pau Grande, distrito de Magé, no Rio de Janeiro, ponta direita driblador, mágico e encantador, Garrincha iniciou a sua trajetória e construiu toda a sua história com a camisa do Botafogo, onde atuou entre 1953 e 1965. Neste período sua estrela transcendeu à solitária botafoguense e, pelos feitos com a camisa da Seleção Brasileira, virou ídolo nacional.
Importantíssimo na conquista da primeira Copa do Mundo pelo Brasil, em 1958, na Suécia, foi fundamental no bicampeonato em 1962, no Chile. Sem Pelé, machucado desde a partida contra a Tchecoslováquia, Garrincha tomou para si o protagonismo da Seleção Brasileira. Com vasto repertório -fez gol de pé direito, esquerdo e dois de cabeça, algo incomum na carreira-, firmou-se como um dos grandes ídolos do país, entrando para a história do futebol brasileiro e mundial.
Salvador da Fiel? - Era este homem que o Corinthians contratava -quatro anos mais tarde- na esperança de quebrar o jejum de títulos que persistia desde a conquista do Campeonato Paulista de 1954, ano do IV Centenário de São Paulo. Desde o brilho na última Copa, porém, Garrincha sofria com contusões. Suas pernas tortas, exaltadas a cada drible, lhe custariam forte sobrecarga nos joelhos. Especialmente o esquerdo, perna de apoio para fintas e chutes.
Era preciso tratamento longo e intensivo para ter o craque ao menos com 70% de sua condição, algo que imaginavam fosse suficiente para que desequilibrasse. Mas a euforia da torcida corintiana pela chegada do ídolo deu lugar a ansiedade pela sua estreia e, consequentemente, pressão sobre comissão técnica e o próprio jogador, que pediu para atuar, contra o Vasco e seus adversários velhos conhecidos. No dia 2 de março, o time carioca venceu o Corinthians por 3 a 0, em pleno Pacaembu e péssima atuação de Garrincha. Tudo ficou pior no segundo jogo, sete dias depois: 5 a 1 para o Botafogo no Maracanã.
Os gols de Garrincha - Os dois primeiros jogos arrefeceram os ânimos, mas Garrincha ainda daria esperança em alguns. No dia 13 de março marcou na vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, em amistoso no Mineirão. Seis dias mais tarde, no Pacaembu, fez seu grande jogo com a camisa corintiana. Diante do bom time do São Paulo, que fazia boa campanha no torneio interestadual, Garrincha fez o primeiro gol alvinegro na vitória por 2 a 0 no clássico Majestoso. Seu único gol em competição oficial pelo time que se rebatizou desde a sua chegada.
Timão! - Empolgados com a chegada do ídolo, os corintianos cunharam o apelido ‘timão’ para a equipe montada pela diretoria naquela temporada. Garrincha fez mais alguns poucos jogos, mais perdeu do que ganhou jogando pelo ‘Timão’, mas brilhante como sempre foi, o apelido despretensiosamente dado ao time por sua causa, persiste até hoje.
Sem Garrincha, o Corinthians só voltaria a ser campeão em 1977 e após a passagem pelo time do Parque São Jorge, o ‘anjo das pernas tortas’ a ‘alegria do povo’, como ficou conhecido nos tempos em que brilhou no Maracanã, perambulou por diversas equipes -inclusive o Flamengo- até encerrar a carreira no Olaria do Rio de Janeiro, em 1972. Faleceu nove anos depois, em 20 de janeiro de 1983, vítima de cirrose hepática, no Rio de Janeiro.
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