Valdir Espinosa na Albirroja e a chance perdida de tirar a Argentina da Copa

Foto: Arquivo APF

Valdir Espinosa dirigiu o Paraguai nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1994

Nesta quinta-feira, dia 27, tivemos a triste notícia do falecimento do ex-jogador e treinador Valdir Espinosa. Ele fez muito sucesso dirigindo o Grêmio campeão da Libertadores e do Mundo em 1983 e o Botafogo que conquistou o Carioca de 1989, tirando o time da Estrela Solitária de uma longa fila. Porém, o profissional também fez sucesso em um outro país: o Paraguai, chegando a até dirigir a Albirroja.

A primeira ligação de Valdir Espinosa com o Paraguai vem de 1987, quando ele dirigiu o Cerro Porteño e conquistou o campeonato nacional. Ele sai do clube depois de não ter ido bem na Libertadores. Porém, Espinosa volta ao Ciclón em 1992 e em uma geração que contava com Arce e Gamarra, voltou a ser campeão do país novamente.

A Seleção Paraguaia não vivia um bom momento. Depois de ter ficado de fora da Copa de 90, a Albirroja não tinha ido bem na Copa América de 1991, realizada no Chile, e na de 1993, no Equador, com direito a uma derrota por 3 a 0 para o time da casa, no dia 26 de junho.

Porém, ainda em 1993, mais precisamente em agosto, inciaria as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, que foi realizada nos Estados Unidos. Mesmo 'em cima da hora', a Associação Paraguaia de Futebol resolveu tirar Alicio Solalinde do comando e, no dia 2 de julho daquele ano, a menos de um mês da estreia da Albirroja nas Eliminatórias, anunciou o técnico que havia vencido o campeonato nacional do ano anterior: Valdir Espinosa.


A estreia de Espinosa comandando o time paraguaio foi em um amistoso, justamente, contra o Brasil, no dia 14 de julho, em São Januário, no Rio de Janeiro. O time canarinho, jogando diante de seu torcedor, venceu por 2 a 0, com gols de Branco e Bebeto. Então, com apenas um amistoso e menos de um mês no cargo, Espinosa foi para as Eliminatórias.

O grupo A era complicado. Além da Albirroja, estavam Argentina, Colômbia e Peru. O campeão ia direto para a Copa e o segundo iria disputar uma repescagem com o campeão da Oceania. Na estreia, o Paraguai foi encarar a Colômbia, que se tornaria a sensação daquelas Eliminatórias, em Barranquilla, no dia 1º de agosto de 1993. Porém, com um time bem montado, a Albirroja conseguiu segurar o 0 a 0 e levou um pontinho para Assunção.

Na semana seguinte, em 8 de agosto, o Paraguai faria o seu primeiro jogo em casa e contra a Argentina. O Defensores del Chaco estava lotado e a esperança era que a Albirroja fizesse os dois pontos (sim, a vitória, naquela época valia dois pontos). Medina Bello diminuiu a euforia dos torcedores da casa fazendo 1 a 0 para a Albiceleste, mas Struway, no último minuto do primeiro tempo, empatou para o Paraguai, devolvendo a esperança. Mas, na segunda etapa, Redondo e, novamente, Medina Bello fizeram com que a Argentina vencesse por 3 a 1.

O último jogo do primeiro turno era novamente no Defensores del Chaco, desta vez contra o Peru, em 15 de agosto. Os paraguaios foram para a pressão e Mendoza, aos 14 minutos, e Chilavert, cobrando pênalti aos 28', colocaram a Albirroja na frente. Del Solar, também de pênalti, diminuiu no fim do primeiro tempo, mas o placar não foi alterado e os paraguaios conseguiram a primeira vitória.

Na abertura do segundo turno, em 22 de agosto, o Paraguai jogou novamente no Defensores del Chaco, desta vez contra a Colômbia. Rincón abriu o placar, aos 22 minutos, para os cafeteiros, mas Rivarola, já aos 9' da segunda etapa, empatou o jogo. Até então, o Paraguai tinha uma vitória, dois empates e uma derrota.

A esperança era de que o Paraguai fosse à Buenos Aires, em 29 de agosto, e arrancasse ao menos um ponto da Argentina dentro do Monumental de Nuñez. E foi exatamente o que aconteceu: com uma bela tática montada por Espinoza, a Albirroja segurou o 0 a 0 e foi à última rodada com chances de chegar, ao menos, na repescagem para a Copa do Mundio.

Antes da última rodada, a Colômbia era a líder da chave, com oito pontos, seguido da Argentina com sete, Paraguai com cinco e o Peru zerado. A Colômbia enfrentaria a Argentina em Buenos Aires e o Paraguai encararia o Peru em Lima. A esperança era vencer os já sem chance peruanos e torcer por uma difícil vitória dos cafeteiros sobre a albiceleste no Monumental de Nuñez, além de descontar a diferença de saldo. Era difícil, mas não impossível.


E não é que o mais difícil aconteceu. Em uma tarde do dia 29 de agosto espetacular, a Colômbia venceu a Argentina por 5 a 0 dentro de Buenos Aires. No mesmo momento, o Paraguai enfrentava o Peru em Lima. Porém, não fez o que tinha que ser feito. Muchotrigo abriu o marcador para os peruanos, as 22 minutos. Na segunda etapa, Mendonza, aos 16', empatou, mas Soto, aos 32', colocou novamente o Peru em vantagem. Sabendo do resultado da Colômbia em Buenos Aires, o Paraguai foi que nem louco para cima. Mendonza empatou novamente, aos 36', mas o gol da vitória não veio e a Albirroja ficou de fora da Copa do Mundo.

Ao fim, a Colômbia, com 10 pontos, foi direto para a Copa do Mundo. A Argentina, com sete, foi para a repescagem, onde passou pela Austrália e também se classificou para o Mundial de 1994, nos Estados Unidos. O Paraguai ficou apenas com um ponto atrás. Se vencesse o Peru, empatava em pontos, mas ficaria na frente no saldo de gols, conquistando a vaga na repescagem. Os peruanos só fizeram apenas um ponto, justamente o da partida decisiva contra a Albirroja.

Ao fim das Eliminatórias, Valdir Espinosa deixou a Seleção Paraguaia e voltou ao Brasil, onde dirigiu várias equipes, chegou a trabalhar no Japão também. Em 2007, voltou ao país, onde comandou o Cerro Porteño em mais uma oportunidade. Nos últimos anos, estava como dirigente e trabalhou no Grêmio e no Botafogo.
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