Tássio Lopes, treinador do Mauaense, quer equipe brigando pelo acesso em 2020

Foto: Ramalhonautas

Tássio está no Mauaense dese 2018

O Mauaense iniciou a preparação para a disputa do Campeonato Paulista da Segunda Divisão 2020 pensando em fazer um papel melhor que no ano passado, ao menos fora de campo. É que o time, em 2019, teve cinco vitórias, cinco empates e apenas uma derrota, mas com um WO por problemas de liberação do estádio na estreia e a perca de seis pontos por jogador irregular, a Locomotiva acabou sendo eliminada na primeira fase da competição.

Como em 2019, dentro de campo, o desempenho foi de alto nível, a primeira providência do Grêmio Mauaense, que nesta temporada estará no Grupo 6, ao lado de Jabaquara, Mauá Futebol, Taboão da Serra, Osasco FC, Elosport e Itararé, foi manter o treinador Tássio Lopes.

Tássio está na Locomotiva desde 2018 e quer, neste ano, fazer uma belíssima campanha para levar o Mauaense de novo a um acesso, o que não acontece a tempos. Como jogador, ele participou de uma das maiores conquistas da história do futebol nacional: a Copa do Brasil de 2004, pelo Santo André.

O Curioso do Futebol bateu um papo com o treinador, que falou sobre o que aconteceu no ano passado, como está sendo a preparação em 2020 e de sua carreira como jogador. Confira abaixo:

O Curioso do Futebol – Tássio, você é remanescente do ano passado. Porque o Mauaense decidiu apostar na sua manutenção e como foram as tratativas para a continuação do trabalho?

Tássio Lopes - Eu sou remanescente do ano passado do ano e um pouco e a metade do ano retrasado. Eu acredito que a manutenção minha e da comissão técnica foi devido muito à performance do ano passado, onde fizemos uma campanha de 11 jogos, cinco vitórias, cinco empates e apenas uma derrota, ainda na última rodada. Foi muito em conta deste trabalho que, infelizmente, teve que ser paralisado por causa da pontuação que perdemos por causa do WO e escalação de jogador irregular. Mas isto é passado.


OCDF – No ano passado, dentro de campo, você fez um belo trabalho, já que a equipe, com a bola rolando, teve apenas uma derrota e chegou a meter uma sonora goleada no então líder da chave, o Usac, atuando em Suzano. Porém, problemas administrativos extra-campo (WO na estreia por o estádio não estar liberado e perda de pontos por jogador irregular) fizeram com que o Mauaense não avançasse na competição. O que a diretoria conversou contigo sobre corrigir estes problemas?

TL - Realmente, no ano passado nós todos do Mauaense fizemos uma boa campanha. Conseguimos fazer uma ótima pré-temporada e achar atletas de nível alto, que tinham passado por categorias de base de time grande e, por coincidência de destino, estavam parados por lesão ou algum outro problema específico e conseguimos 'ressuscitá-los'. Dentro disso, fizemos uma campanha muito boa na primeira, mas acabamos perdendo a classificação por problemas extra-campo.

O passado serve de aprendizado e lição. Converso bastante com o Quinho, presidente do clube, que é um amigo que fiz no futebol, e é algo que sempre 'bato na tecla' com ele. Vim pro Grêmio Mauaense para profissionalizar todo o departamento de futebol, não apenas chegar lá e ser o treinador. Não! Cheguei no clube em 2018, fiquei de auxiliar do Flávio Borelli, que me trouxe, depois, assumi o Sub-20 já com o torneio em andamento e trouxe o Rodrigo. Demos sequência nesta categoria, onde subimos cinco jogadores e, através disto, chamei outros atletas, que comentei acima, em um nível elevado e consegui fazer uma baita campanha.

Então, por isso, não dá para só profissionalizar o departamento campo e o fora não estar profissionalizado. Isto foi um dos pontos que conversei com o Quinho, até pelo fato de temos nos tornado amigos e ver o crescimento do Grêmio Mauaense. Aliás, eu joguei no clube, em 2005, resido no ABC Paulista, mais especificamente em Santo André, e estamos todos ligados: Santo André, Diadema, Mauá, São Bernardo do Campo e São Caetano. Sempre gostamos das equipes da região jogando em alto nível.

E no fim, esta perca de pontos em 2019 atrapalhou não só o Grêmio Mauaense, como todo o futebol da região e todos os que trabalharam no grupo, pois tínhamos time para chegar, e não falo isso da boca para fora. Nossa preparação foi toda em alto nível e conseguimos atuar de igual para igual, em jogos-treino, contra Água Santa, Santo André, Palmeiras Sub-23. Foram jogos bons, com resultados interessantes e a equipe dentro de campo dando o respaldo e jogando bem. E eu falei pro Quinho que tomara que esta dura lição que sofremos na temporada passada seja um baita aprendizado para todos do Grêmio Mauaense. Não poderíamos ficar de fora por erros administrativos, com o time que tínhamos, mas foi o que aconteceu.

Só uma observação: a perca dos pontos caberia um argumento, porque o jogador era nascido em 1999 e tinha idade de Sub-20 e antes não era obrigado a profissionalizar, com o jogador podendo atuar como amador. Isto foi na minha época, quando eu atuava. Você não era obrigado a se profissionalizar em seu último ano de júnior. Mas a Federação exigiu que o atleta fosse profissionalizado, pois ele não havia atuado antes no clube. Mas, enfim, cabe o argumento, mas todos têm que ter profissionalismo. Mas este ano faremos tudo direito e o que conquistarmos dentro de campo não será afetado.


OCDF – Como está a formação do elenco? Já tem jogadores certos? Será utilizado algum jogador que esteve no elenco do ano passado ou que participou dos times da base da Locomotiva?

TL - Nós estamos com 12 atletas vindo das categorias de base do Mauaense, que jogaram no Sub-20 em 2018 e 2019. Perdemos jogadores que estavam conosco no Sub-20 do ano passado, uma equipe bem montada e comandada pelo Matias, que foram para Itapirense, Inter de Bebedouro. Dos que jogaram o profissional conosco, acredito que tenhamos, no mínimo, quatro jogadores. Não conseguimos trazes todos, já que alguns se empregaram, indo para outros estados e até exterior. Eles seguiram a vida deles e eu fico feliz, já que mesmo nós não passando pela primeira fase, por causa dos problemas já citados, praticamente 80% do grupo se empregou e continuou jogando.

E em  relação à formação do nosso elenco, como eu trabalhei no Santo André, estou conversando com eles, pois lá tem atletas de nosso interesse. Também converso com o Galego, treinador do Sub-20 do EC São Bernardo, com o Fábio Reis, auxiliar, e o Adauto, diretor. São meus amigos, jogamos juntos profissionalmente e estamos em contato para poder fazer esta parceria com atletas emprestados. Estamos um pouco atrasados, já que no ano passado, nesta época, estávamos com 70% do elenco montado e fazendo amistosos, mas mesmo com isto, acredito que vamos fazer um grande trabalho.

OCDF – A Segundona 2020 terá um 'rebaixamento', já que quem ficar pela primeira fase jogará a Série B2 em 2021, que na prática é uma quinta divisão. Isto pode dar mais pressão nas equipes que estarão no campeonato?

TL - Com certeza! Esta forma de disputa que os classificados estarão na B1 e os que não passarem de fase caem para a B2 jogou uma pressão muito grande não só em nós, como em todos os times participantes. Tanto que quando fizeram o Conselho Técnico de apresentaram 36 clubes e depois que mostraram o regulamento, mais seis times entraram de última hora. A pressão é grande, o nosso grupo é muito difícil e acredito que todos os jogos serão como um mata-mata, não vai ter tempo para erro.

OCDF – Quais suas perspectivas para o Mauaense nesta temporada?

TL - Apesar do atraso na preparação física e tática, tanto que teremos que dar uma acelerada, mas vamos estar no ápice na segunda ou terceira rodada da competição, tanto de condicionamento físico como de tático, nossa perspectiva é enorme! Tanto que nosso objetivo traçado é classificar neste difícil grupo e, no mínimo, se garantir na Série B1 do ano que vem. Depois, chegando no mata-mata, é buscar o acesso para a A3 2021.

Tássio comemorando o gol contra o Palmeiras na Copa do Brasil de 2004
(foto: Marcelo Ferrelli / Gazeta Press)

OCDF – Um de seus últimos clubes como jogador profissional foi o Palestra, na Segunda Divisão Paulista, em 2011. O que aquela experiência te ajuda hoje como treinador na mesma competição?

TL - O Palestra São Bernardo foi o meu penúltimo clube, em 2011, na Segunda Divisão. Não fomos bem, mas individualmente pra mim foi, já que eu estava retornando ao futebol, depois de um ano parado, e voltei a pedido do Lombardi Júnior, meu amigo. Me recondicionei, ganhei ritmo de jogo, me reafirmei comigo mesmo e de lá ainda fui jogar na Ilha de Malta, na Europa. Mas, a lembrança, como resultado, não é muito boa. A mistura de alguns jogadores que vieram da várzea, com outros com idade de Sub-20 não deu certo e fizemos uma campanha terrível. Mas, como sempre falo, tudo vale como aprendizado.

OCDF – Você fez parte de uma das maiores conquistas da história do futebol brasileiro: a Copa do Brasil de 2004 pelo Santo André. Como é que foi participar daquele fato importante? Quando foi que vocês acreditaram que poderiam chegar no título?

TL - Aquela conquista foi marcante. Até hoje é lembrada por todos! Na época, em si, e até uns sete anos atrás, nós não tínhamos tanta noção do quanto temos agora, passados quase 16 anos. Na verdade, nós só fomos acreditar mesmo quando conquistamos o título, pois sempre pensávamos: "vamos para o jogo". Não tinha essa de ficar fazendo conta, probabilidade. Hoje, antes das competições começarem, já estão nos programas esportivos trabalhando esses números. Lógico que isto é importante, tem que ter! A grande característica daquele time, principalmente nós, que viemos da base, mais os experientes, tínhamos muita afinidade. Éramos uma família de verdade e também não tinha essa de "ah, vamos enfrentar o Atlético Mineiro. Se passarmos, vamos enfrentar tal". Não! Nós íamos para a partida como se fosse a última e assim foi acontecendo. Tanto que nossos jogos são meio malucos, de muitos gols. Esta foi a melhor forma de se jogar futebol.

OCDF – Ainda sobre a Copa do Brasil, você teve um papel fundamental no confronto contra o Palmeiras, nas quartas-de-final, fazendo o gol da classificação. Como é estar na história de um clube como o Santo André e ainda com um dos tentos mais importantes da maior conquista do Ramalhão?


TL - Pra mim é muito gratificante. Eu entrei aos 44 minutos do segundo tempo e o gol saiu logo em seguida. Eu estava predestinado! Também fiz um dos gols da final da Copa São Paulo de Juniores de 2003, também contra o Palmeiras, marquei na final da Copa Estado de São Paulo e balancei as redes no último jogo da Série C do Brasileiro, onde conquistamos o acesso para a Série B. Aquele gol na Copa do Brasil foi um desenho de predestinado. Eu também estava doido para fazer um gol no Maracanã, mas não entrei no jogo decisivo contra o Flamengo. Do jeito que eu estava com sorte, eu cravava de vez naquele jogo e terminava 3 a 0. Mas, é sempre prazeroso fazer parte da história de um clube, ser lembrado aonde você vai, por um título. Para quem jogou futebol é muito marcante e vai ficar para o resto da vida. Por isto, só tenho a agradecer ao Esporte Clube Santo André por ter feito parte da história deles.

OCDF – Tássio, agradecemos a sua disponibilidade e deixamos o espaço aberto para suas palavras finais. Muito obrigado pela entrevista.

TL - Agradeço pela oportunidade da entrevista e vamos torcer para que possamos levar o Grêmio Mauaense novamente a um acesso, pois a cidade de Mauá está precisando. Aliás, em um pensamento lógico meu, torço para o sucesso de todos os times do município. Se subir o Mauaense e o Mauá Futebol é bom para a cidade, é bom para o ABC, é bom para todo mundo. Hoje temos Água Santa e Santo André na Série A1 e quem sabe não podemos ter todos os times da região na elite do futebol paulista. Imagina? Seria muito legal! O ABC mostraria a sua força, a rivalidade, que deve ser dentro de campo, cresce, e enaltece o lado profissional do grande ABC, que sempre foi forte. Muito obrigado!
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