Foto: reprodução Vimeo
Fábio cantando Stella, a música que foi a inspiração para as vinhetas da Rádio Globo
Está completando 74 anos neste 9 de fevereiro de 2020 o cantor paraguaio, mas radicado no Brasil, Juan Senon Rolón, conhecido pelo nome artístico Fábio. Cantor de hits nos anos 60 e 70 e grande amigo de Tim Maia, a quem ajudou muito no início de carreira, ele tem uma grande relação com as transmissões esportivas no radiofônicas brasileiras. As vinhetas da Rádio Globo são baseadas em uma música que ficou conhecida na voz dele.
Nascido em Horqueta, no Paraguai, Fábio veio para o Brasil em busca de sucesso. Chegou a compor para Wanderley Cardoso, usando Juanito como nome. Em 1966, foi convencido por Carlos Imperial a mudar o nome artístico para Fábio.
Nessa época conheceu Tim Maia, que havia morado um tempo nos Estados Unidos, e o apresentou à soul music, Fábio ouviu Tim cantar "Wonderfull World" de Sam Cooke e ficou bastante impressionado com estilo, até então o cantor estava habituado com canções paraguaias e o iê-iê-iê.
A música Stella, cantada por Fábio
Seu primeiro single foi a canção psicodélica "Lindo Sonho Delirante" (LSD), composta em parceria com Carlos Imperial, a canção, gravada com a banda The Fevers, inspirada em Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles, que faz alusão ao LSD, a capa do compacto simples trazia as Letras "LSD" logo acima do nome da canção, além de "Lindo Sonho Delirante", o compacto trouxe a canção "Reloginho".
Estourou nas paradas de sucesso com Stella, gravada em 1969 e composta em parceria com Paulo Imperial (irmão de Carlos Imperial). A música iniciava com o próprio nome e um eco, algo como "Stellaaaaaaaa". No refrão, era a mesma coisa. E foi este trecho da canção que fez Fábio se envolver com o futebol brasileiro.
O cantor conta que o diretor da Rádio Globo na época, Mario Luiz, não queria executar a canção por causa da concorrência com a Tamoio. Mas ao ver o enorme sucesso teve que dar o braço a torcer e ainda teve uma ideia para contra-atacar. Pediu que Fábio gravasse o nome da rádio e dos principais times do país com o mesmo efeito sonoro da música que estava estourada.
Como na época tudo era feito de forma muito informal e sem assinatura de contratos, Fábio fez as gravações da expressão 'Rádio Globo', além de Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo. Pouco depois, gravou o nome de mais de vinte equipes brasileiras, incluindo os quatro grandes de São Paulo. E não cobrou nada por isso.
"A música Stella estourou nas paradas de sucesso no verão de 69, concorrendo com a música da Gal Costa, o iê-iê-iê romântico. O diretor Mário Luiz era muito centralizador, um 'bam bam bam' da época, um ditador da história e não queria rodar a música", conta Fábio ao UOL Esporte.
O áudio deste vídeo tem as vinhetas gravadas por Fábio, além de outras
"Ele me chamou um dia na Rádio Globo e disse: você vai gravar cinco coisas: as palavras Rádio Globo, Flamengo, Vasco e Botafogo e Fluminense. Eu vou usar durante um tempo e vou tocar a sua música. Eles lançaram a vinheta num Maracanã lotado, foi o maior upgrade da história. O mundo esportivo mudou depois daquilo, foi a minha voz ecoando por décadas", disse.
De lá para cá, as vinhetas com o som do eco se tornaram o principal símbolo da Rádio Globo, especialmente nas transmissões esportivas. Ao longo desses anos, o amigo famoso Tim Maia percebeu o sucesso da vinheta e chegou à conclusão que Fábio estava sendo prejudicado por não receber qualquer tipo de pagamento. Ele então o aconselhou várias vezes a buscar seus direitos.
Em 2009, Fábio resolveu atender as reivindicações do amigo Tim, que havia falecido 13 anos antes, entrou em contato com a emissora e pediu R$ 150 mil pelas vinhetas. Como negaram, ele entrou com uma ação para reivindicar os direitos autorais e a utilização irregular de sua voz. O processo ainda na Justiça, mas o cantor espera entrar em acordo com o Grupo Globo.
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