Por Lucas Paes
Foto: arquivo Juventus
Paulo Amaral (à direita) foi um dos poucos brasileiros que treinou a Juventus de Turim
Por algum motivo ao qual ainda se buscam explicações satisfatórias, o Brasil, país do futebol, tem pouquíssimos treinadores que conseguiram sucesso na Europa. Com raras exceções, é raro ver que treinadores brasileiros sejam cogitados para comandarem equipes do Velho Continente. Hoje, é um motivo claro a defasagem dos métodos com relação aos cursos da UEFA e da Associação Argentina, esta última com qualificação semelhante a da UEFA, mas os canarinhos foram por muitos anos o país do futebol bonito e da ginga. Nessa época, quando o país era referência, a Juventus de Turim escolheu apostar em um brasuca: o rígido Paulo Amaral, que completaria 96 anos nesta sexta.
Treinador de perfil rígido e bastante esquentado, Paulo fez carreira como meio-campista, jogando por Flamengo e Botafogo, antes de assumir a prancheta. Começando como preparador físico, o sucesso do Brasil de 1958, campeão do mundo, que tinha ele como preparador, foi determinante para clubes brasileiros passarem a ter profissionais específicos para essa área. Depois de treinar Botafogo e Vasco, voltou a função de preparador do Brasil na Copa do Mundo de 1962. Depois dela, acabou acertando com a Juventus.
Curiosamente, trouxe ao futebol italiano algumas inovações. Foi o primeiro treinador a marcar por zona no país e surpreendeu, num país do futebol defensivo, ao montar um esquema de jogo ofensivo, que no momento ofensivo era um 4-2-4 e no momento defensivo um 4-3-3, variação que é até comum hoje em dia. Em sua primeira temporada, comandou uma equipe que tinha como destaques Luis de Sol e o eterno ídolo bianconero Omar Sívori. Ganhou a Copa dos Alpes naquela temporada. Não foi capaz, porém, de alcançar o grandíssimo time da Internazionale de Helenio Herrera na Série A, ficando com o vice-campeonato, quatro pontos atrás da Inter.
Sempre fora, porém, esquentado fora de campo, se envolvendo em confusões. Na temporada seguinte, começou o torneio com três vitórias em quatro jogos, mas seu jeito ríspido causou problemas com o elenco, o que acabou por ocasionar a sua demissão. Naquela temporada, os bianconeros estiveram longe de sua forma ideal e viram o Bologna surpreender e ganhar a competição, ficando a frente da campeã européia Inter.
Paulo Amaral, por sua vez, teve breve passagem pelo Corinthians antes de retornar a Bota, para treinar o Genoa, num período de vacas-magras. O próprio Paulo optou por deixar o time Gialloblu. Seguiu a carreira de treinador até 1980, quando se aposentou do futebol. Acabou nos deixando em 2008, quando faleceu em sua casa, ao lado de sua família.
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