Com informações de Stéfano Salles/Acervo Globo
Fotos: Agência O Globo
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Renato Gaúcho sendo apresentado no Bangu
Um dos técnicos mais badalados atualmente no futebol brasileiro, Renato Gaúcho, ou Portaluppi, como é chamado no Rio Grande do Sul, foi um dos grandes craques nos anos 80 e 90. Em 1999, ele teve o seu último ato como jogador. Interrompendo a sua aposentadoria, o atacante defendeu o Bangu no Campeonato Carioca.
A contratação de Renato Gaúcho pelo Alvirrubro fazia parte de uma estratégia que envolvia uma mística do clube. Campeão carioca em 1933 e 66, a diretoria do Bangu acreditava que o título de 99 poderia vir, apesar do momento que a agremiação vivia (a virada do século foi uma das piores épocas da equipe em sua história). Então, nada melhor do que trazer um jogador de nome e, assim, o atacante foi para o time.
Depois de mostrar sinais de que queria voltar aos gramados, Renato Gaúcho foi convidado pelo então diretor de futebol do Bangu, Bris Belga, com quem trabalhara anos antes no Fluminense. Na apresentação, atraiu quase cinco mil pessoas a Moça Bonita. Mas o sonho durou pouco. Renato jogou alguns amistosos de pré-temporada, no sul de Minas Gerais, e fez duas partidas pelo Campeonato Carioca. Em ambas, teve atuação discreta. Atuou apenas um tempo, contra Vasco e Flamengo.
Pesquisador do Bangu e ex-diretor de patrimônio do clube, o jornalista Carlos Molinari lembra a passagem do craque em fim de carreira pela equipe da Zona Oeste. "Foi contratado por R$ 5 mil mensais, na época. O Loco Abreu, trazido em 2017, ganhava R$ 85 mil. Renato tinha problemas com o peso, estava fora de forma, porque vivia comendo na Porcão. Na pré-temporada, em Minas, chegava sempre de helicóptero aos jogos e virava assunto. A presença dele fez aumentar as quotas de amistosos do Bangu, que subiram de R$ 2 mil para R$ 8 mil. Aquele ano a camisa do Bangu foi um sucesso, tinha um desenho parecido com a do Ajax, da Holanda", afirma.
As dores na panturrilha, os 37 anos de idade e o esquema montado para sua contratação deram a Renato Gaúcho um tratamento especial em Moça Bonita. Na edição de 29 de janeiro de 1999, O Globo trazia a matéria "Moça Bonita se enfeita por Renato Gaúcho", com o subtítulo "Craque pretende chegar de helicóptero a Moça Bonita". O texto dizia ainda que o jogador treinaria por conta própria, em uma academia na Barra da Tijuca, e só se juntava ao grupo nas vésperas dos jogos, para os coletivos. Esse tratamento gerou desgaste entre o treinador Alfredo Sampaio e o supervisor de futebol, Bris Belga. Sampaio nega ter sido contrário à contratação.
Na barreira em jogo contra o Vasco da Gama
"Nunca fui contra. No ano anterior, 1998, fizemos uma excelente campanha, vencemos os grandes três vezes, com um ataque formado por André Biquinho, Edílson e João Rodrigo. O trio foi mantido e, com a chegada de um jogador do porte do Renato, acreditava que poderíamos fazer uma campanha ainda melhor. A contratação dele foi importante para o clube e deu muito retorno de mídia. Eu queria contar com ele, o que me incomodava eram os privilégios dados pelo Bris Belga, que o tratava como amigo", afirma Sampaio.
Renato Gaúcho jogou na derrota por 4 a 0 para o Vasco, na rodada de abertura, em São Januário, e na segunda, um 2 a 0 para o Flamengo. As duas atuações foram avaliadas de maneira semelhante pelas reportagens das partidas. Na primeira: "Fora de forma, Renato Gaúcho lutou, mas não incomodou e perdeu um gol. Todo o time é esforçado e limitado". Contra o cruzmaltino: "Os destaques da partida foram o goleiro Alex e o apoiador Marcão. Renato só jogou um tempo e, visivelmente fora de forma, não foi bem. No mais, a equipe mostrou só espírito de luta". Com três vitórias, oito empates e sete derrotas, o Bangu se despediu cedo do sonho do terceiro título estadual, amargando um modesto oitavo lugar, entre 10 equipes.
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