Por Ruben Fontes Neto / Site da Federação Paulista de Futebol
Os campeões da Divisão de Acesso de 1948 - o primeiro a subir na era FPF
(foto retirada do livro "A HISTÓRIA DO XV", de Delphim F. Rocha Netto)
Há 70 anos, o XV de Piracicaba conquistava o mais importante torneio das divisões inferiores paulistas. No dia 13 de fevereiro de 1949, o time piracicabano derrotava o Linense e se tornava o primeiro interiorano a ter o direito de participar do Paulistão no profissionalismo. A final da Segunda Divisão de Profissionais de 1948, foi disputada já no ano seguinte e faz parte de uma história que mudou os rumos do futebol paulista.
Alguns times do interior já haviam disputado a primeira divisão estadual na década de 20, quando havia uma disputa entre a APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos) e LAF (Liga Amadora de Futebol), que promoviam o Campeonato Paulista cada qual com sua edição. Neste caso, participaram como convidados: Guarani (pela APEA, entre 1927 e 1931), Ponte Preta (pela LAF, em 1928 e 1929), Comercial de Ribeirão Preto (pela APEA, em1927 e 1928), Corinthians de São Bernardo (pela APEA, em 1927), Paulista de Jundiaí (pela LAF, entre 1926 e 1929) e Taubaté (pela LAF, em 1927).
Em 1933, começa o profissionalismo, que rendeu cisão no futebol paulista, estabilizada a partir de 1937, com a fusão da APEA e da Liga Paulista de Futebol (LPF). Os times do interior seguiram amadores, enquanto em 1941, após decreto do presidente Getúlio Vargas, era criada a Federação Paulista de Futebol. Desde então, a primeira divisão foi disputada pelos 11 clubes fundadores: Comercial, Corinthians, Hespanha (Jabaquara), Juventus, Palestra Itália (Palmeiras), Portuguesa, Portuguesa Santista, Santos, São Paulo, São Paulo Railway (Nacional) e Ypiranga.
Nesse tempo, os times do interior disputavam o Campeonato do Interior. Em 1947, a federação decidiu promover dois torneios do interior: o tradicional amador e o profissional. Após 26 jogos, o XV de Piracicaba se sagrou campeão da primeira edição em 21 de dezembro daquele ano.
Em 1948, no dia 15 de janeiro, o presidente Roberto Gomes Pedrosa criava a Lei do Acesso. A partir daquela data, o campeão da Segunda Divisão de Profissionais garantia o direito do acesso para integrar a Primeira. A nova lei empolgou os times interioranos, que de 14 saltaram para 43 participantes, divididos na fase inicial em três grupos (um de 15, e dois de 14). O regulamento previa que os campeões de cada grupo fariam o triangular final para decidir o campeão.
Em 9 de maio de 1948, o XV de Piracicaba estreava diante do São Bento de Marília. A primeira fase durou até 12 de dezembro e após os jogos disputados o alvinegro piracicabano encerrou a primeira fase com 38 pontos na Série Preta. Nas outras duas séries (Branca e Vermelha), Linense e Rio Pardo FC, que venceu o São Caetano EC no jogo desempate, foram os vencedores.
Reprodução do jornal Folha de São Paulo
Os times fizeram então, a partir do final de 1948, as partidas decisivas. Após os seis jogos realizados, porém, os três empataram em quatro pontos (duas vitórias), forçando um novo desempate, já que naquela época não havia critérios como saldo de gols e gols marcados.
A partir de então, os jogos decisivos foram realizados em campo neutro na capital. Em sorteio realizado na FPF, o Linense ganhou o direito de ficar ‘de chapéu’ aguardando o vencedor da partida entre XV de Piracicaba e Rio Pardo, disputada em 6 de fevereiro, com vitória quinzista por 2 a 1.
Para o jogo decisivo contra o Linense, o campo designado foi o Palestra Itália. A partida disputada em 13 de fevereiro foi vencida pelo alvinegro por 5 a 1. Na Folha de São Paulo, a vitória foi definida como incontestável. A conquista mais tarde seria imortalizada no hino do clube na estrofe 'pioneiro da Lei do Acesso, engrandece nossa cidade'.
Ficha Técnica
XV de Piracicaba 5x1 Linense
Data: 13/02/1949;
Local: Palestra Itália, em São Paulo;
Gols: Gatão (XVP, aos 5’2ºT), Rabeca (XVP, aos 9’2ºT), De Maria (XVP, aos 22’2ºT), Moreno (LIN, aos 28’ºT) Rabeca (XVP, aos 34’2ºT) e Gatão (XVP, aos 36’2ºT).
XV de Piracicaba: Ari, Elias e Idiarte; Cardoso, Strauss e Adolfinho; De Maria, Sato, Picolino, Gatão e Rabeca. Técnico: Eugênio Vanni
Linense: Leopoldo, Noca e Jair I; Gatinho, Braz e Mário; Demais, Moreno, Carabina, Jair II e Carmelo.
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