Sul-Americano perdendo em semi do Mundial não é mais tragédia

Por Victor de Andrade
Foto: Reuters

Perez perde o pênalti e o River Plate ficou de fora da final, o que não é mais raro

O mundo do futebol viu, nesta terça-feira, dia 18, mais um time Sul-Americano não se classificar para a final da Copa do Mundo de Clubes da Fifa. O River Plate, campeão da Copa Libertadores, perdeu a semifinal para o Al Ain, dos Emirados Árabes, na decisão por pênaltis, depois de um empate no tempo normal. Tudo bem que desde que a Fifa adotou esse formato de Mundial Interclubes, em 2005, os times da América do Sul chegaram na maioria das finais. Porém, mas quando uma equipe destas bandas cai na semifinal, já não dá para usar palavras como desastre ou catástrofe.

Logo de cara, a primeira percepção é a seguinte: o futebol de clubes sul-americano está cada vez mais longe do europeu e o pior é que os times dos outros continentes estão cada vez mais se aproximando de argentinos, brasileiros e companhia limitada. É claro que tem a questão econômica envolvida, já que vemos times asiáticos e até africanos (olha o caso do Egito nesta temporada), sem contar os do Velho Continente, a contratarem destaques de nossos campeonatos. Mas o pior é que eles perderam o medo.

De 2005 à 2009, todos os times sul-americanos passaram pela semifinal, a maioria com placares apertados, é verdade, mas nenhum precisou de prorrogação para avançar. Além disso, destes cinco campeonatos, dois foram vencidos por brasileiros (São Paulo, em 2005, e Internacional, em 2006) e o Estudiantes perdeu o título de 2009 para o Barcelona somente no tempo extra. É um bom retrospecto que mantinha os sul-americanos em grande vantagem sobre os demais continentes.

Em 2010 a situação começa a mudar de figura. O Internacional perdeu para o Mazembe, por 2 a 0, e ficou de fora da decisão. Pela primeira vez na história, contando Copa Intercontinental, o Mundial de 2000 e o atual formato, a decisão não teria um time sul-americano. Tudo bem que em 2011 o Santos passou para final com certa facilidade (apesar da derrota acachapante para o Barcelona na final) e em 2012 o Corinthians conquistou o título, aliás o último da América do Sul. Mas a situação piorou bastante depois disso.

Em 2013, o Atlético Mineiro perdeu na semifinal para o Raja Casablanca. Três anos depois, o Atlético Nacional foi derrotado pelo Kashima Antlers e neste ano foi a vez de um argentino, o River Plate, a cair para o Al Ain. Nas últimas seis edições do torneio, em três o representante sul-americano foi eliminado. E para piorar: nas outras três vezes em que a equipe da América do Sul passou para a final, apenas uma vez não precisou de prorrogação: o próprio River Plate, em 2015, contra o Sanfrecce Hiroshima.

Com todos estes dados, dá para falar que o futebol sul-americano é ainda a segunda força mundial, mas cada vez mais longe dos europeus e com times de outros continentes se aproximando. Isto dá para colocar em cheque, por exemplo, a vaga automática do representante da América do Sul direto na semifinal. Mas, a questão que fica é a seguinte: infelizmente, um sul-americano perder para um asiático ou um africano na Copa do Mundo de Clubes da Fifa já não dá mais para considerar uma tragédia.
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