Por Lucas Paes
Toda a tensão, todo o barril de pólvora de que se tornou Buenos Aires nos últimos tempos continuará desta forma: A final entre River e Boca, tão esperada por toda a América do Sul, se tornou uma vergonha de proporções gigantescas, após a torcida do River proporcionar uma cena vergonhosa e lamentável, porém absolutamente previsível num duelo de rivalidade desta magnitude. Apenas na terça pela manhã saberemos quando (e como) se definirá o maior Superclássico de toda a história do futebol.
Tudo começa pouco menos de 2h antes do horário marcado para o início do duelo. Quando chegava ao Estádio Monumental de Nuñez, o ônibus do Boca Juniors foi recebido com chuvas de garrafas e objetos e acabou atingido por uma pedra, aliás, por um rochedo disparado por um torcedor Millonario. No meio da confusão, gás de pimenta adentrou o ônibus e estilhaços de vidro atingiram jogadores Xeneizies. Era uma situação já naquele momento insustentável.
Primeiro, adiaram o duelo em uma hora. Depois, mais adiamentos. Porém, o Boca, com total razão, mantinha-se impassível que não jogaria. Presente no estádio e testemunhando tudo, o próprio presidente da FIFA, Gianni Infantino diria que deveria se jogar o duelo, que os Xeneizies deveriam ser punidos caso não entrassem em campo com a perda do título. Porém, à esta altura, a vergonha já havia se tornado mundial.
Depois de quase duas horas de espera, quando inclusive já estavam inflados os túneis do vestiário e a torcida do River já fazia festa nas arquibancadas, decidiu-se por adiar o jogo para este domingo. Relatos chegaram da Argentina de que a Avenida Libertadores, que cerca o Estádio Monumental de Nuñez, era palco de arrastões e violência. O que se havia decidido era que a final ocorreria as 18h (hora de Brasília) deste domingo. De novo no Monumental de Nuñez.
Só que a situação foi ficando complicada. Durante a noite, o estádio do River foi interditado pelo próprio governo da Argentina. Nesse meio tempo, o Boca também já havia entrado com pedido de que os pontos da partida fossem aos Xeneizies, pois no caso semelhante ocorrido na Bombonera em 2015, quando foi jogado gás de pimenta no vestiário do River, rolou eliminação do time azul e amarelo. Isso tudo e o domingo nem havia chegado.
Hoje, pelo menos, evitou-se que se armasse outro circo com a chegada do público e tudo mais. Ainda cedo foi definido que o jogo não aconteceria neste domingo. Mais uma vez, foram levadas em conta as alegações azul e amarelas, que se somavam ao fato de que os jogadores que haviam ido ao hospital haviam tomado corticoides, que podem acusar problemas no exame anti-doping. A partida foi adiada e não se sabe ainda em qual data e onde se jogará a decisão. Alejandro Dominguez declarou que a decisão foi tomada para que não houvessem desigualdades desportivas no duelo.
Nesta terça, uma reunião pela manhã, na Conmebol, definirá onde, quando e como se jogará o segundo jogo da decisão. As noticias pipocam de Buenos Aires e à esta altura ainda não há muita segurança para afirmar muita coisa. Fala-se que não jogarão no Monumental, fala-se em portões fechados e até em decisão em Abu Dhabi. Mas só na parte da tarde de terça provavelmente haverá anúncio oficial. A única situação certa é que deve haver o jogo, já que a Conmebol não quer que se decida o título fora de campo.
Esportivamente, a situação na verdade prejudica até mais o próprio River. Primeiro o time Millonario sequer sabe se jogará em seu estádio e depois não sabe nem se terá torcida no duelo. O favoritismo, apesar de ser um clássico, era sim para a equipe vermelha, branca e preta de Nuñez, já que tem um time superior. Mas tal situação pode virar motivador para uma vitória redentora Xeneizie. O fato é que apenas um grande jogo faria com que parte da enorme vergonha que o futebol sul-americano está passado seja pelo menos diminuída. A essa altura, não saberemos nem se teremos jogo, quanto mais um grande duelo.
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