O dia em que Feitiço enfrentou o presidente da República

Com informações do site oficial do Santos FC

A Seleção Paulista de 1927, com Feitiço (no meio, agachado) e Tuffy (de branco)

Luiz Macedo, ou simplesmente Feitiço, um dos maiores artilheiros que já defendeu as cores do Santos FC e ocupa a 5ª colocação no ranking da artilharia alvinegra, é o personagem principal de uma história que entrou em definitivo no folclore do futebol brasileiro. Ela é contada de tempos em tempos não só pela imprensa esportiva como também pelos estudantes que pesquisam fatos políticos envolvendo o esporte nacional.

O fato marcante aconteceu no dia 13 de novembro de 1927, na partida final do Campeonato Brasileiro de Seleções envolvendo a Seleção Paulista e a do Rio de Janeiro, então capital federal, no novíssimo estádio de São Januário, que em abril daquele ano havia sido inaugurado pelo time santista na vitória diante do Vasco da Gama por 5 a 3.

“Na partida final entre as seleções paulista e a carioca ocorreu um lance discutível com um desfecho inusitado. O Dr. Washington Luiz, Presidente da República do Brasil, que da tribuna de honra assistia ao prélio, decidiu interferir na disputa para solucionar o impasse. Um cronista esportivo descreveu o incidente. ‘E correu, (o árbitro) bola debaixo do braço, para a marca fatal. Os paulistas envolveram o árbitro. Um paulista chutou a bola para longe. Os cariocas correram para buscá-la e dá-la ao juiz. O juiz colocou a bola na marca. E ficou-se assim, uma porção de minutos, nesse tira-bola, bota-bola. De vez em quando, os paulistas, como Feitiço e Amílcar à frente, cercavam o juiz. E tome empurrão. Foi à altura do 15º minuto de interrupção que apareceu em campo, todo cheio de alamares sobre o ombro, o ajudante de ordens do Dr. Washington Luiz (com uma orientação para o árbitro): O exmo Sr. Dr. Presidente da República mandou dizer aos paulistas que deixem bater o pênalti para que a partida possa continuar‘”.

Feitiço deu a seguinte resposta: “Pois diga ao exmo Sr. Dr. Presidente da República que ele manda no Brasil, mas quem manda no selecionado paulista somos nós”. Os paulistas não aceitaram a interferência do Presidente e nem a decisão do árbitro, que exigia a cobrança do pênalti e se retiram do Estádio de São Januário. O pênalti foi batido e os paulistas derrotados. Este episódio marcou a história da vida de Feitiço e de seus companheiros da Seleção Paulista de Futebol, dentre eles vários jogadores pertencentes ao time do Santos Futebol Clube.

O jogo estava com o placar apontando empate em 1 a 1, com Oswaldynho marcando para os Cariocas, aos 31 minutos do primeiro tempo e o próprio Feitiço empatando para os paulistas, aos 10' da etapa complementar. Depois de muita confusão, Fortes, já nos acréscimos bateu o pênalti, com o gol vazio, que deu o título ao time do Rio de Janeiro.

Na volta a Santos, os atletas Feitiço e o goleiro Tuffy foram expulsos do clube praiano por determinação expressa do presidente santista, Guilherme Gonçalves. No ano seguinte, Feitiço foi reintegrado ao time santista. Já o goleiro Tuffy Neugen, o Satanás Negro, nunca mais vestiu a camisa do time da Vila Belmiro.
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