Por Lucas Paes
Ziraldo é um dos maiores cartunistas da história dos quadrinhos brasileiros, se não for o maior. O criador do lendário Menino Maluquinho já teve também sua contribuição para o futebol brasileiro, quando o Clube dos 13, organização de clubes brasileiros, solicitou ao cartunista que desenhasse os mascotes dos clubes que participariam da Copa União de 1987, campeonato organizado pela “liga” em contrariedade ao torneio da CBF.
Implodido na confusão da entrega da Taça das Bolinhas, num dos episódios mais simbólicos na explicação do porque o futebol brasileiro não evolui, o Clube dos 13 era uma organização de clubes brasileira que se empenhava em ações de marketing envolvendo os seus integrantes. Apesar de ter sido fundado por 13 clubes, tinha muito mais membros quando se dissolveu. Talvez a não existência do Clube dos 13 explique muito do não licenciamento dos clubes brasucas no FIFA, por exemplo.
Já Ziraldo, que nasceu em Caratinga, Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932, dispensa muitas apresentações. Gigante dos quadrinhos brasucas, criador do Menino Maluquinho, da Turma do Pererê e um dos fundadores do Pasquim, jornal de oposição ao governo militar brasileiro. Foi preso durante os anos de chumbo, pouquíssimo tempo depois da promulgação do AI-5. Independente das polêmicas, como a alta indenização e a alta pensão que recebe do governo em compensação ao que passou na ditadura, teve sua história de resistência.
A ação de ter os mascotes desenhados por Ziraldo foi acima de tudo um enorme acerto de Marketing. Os desenhos figuraram em diversos álbuns de figurinhas dos anos 1980, 1990 e, aqui falo por lembrança própria, alguns dos traços chegaram até aos anos 2000. A ação, na época, visava aproximar os mascotes do público mais jovem, que não entendia a origem de alguns mascotes brasileiros. Alguns foram criados do zero e outros geraram dúvidas. Dois casos clássicos são Botafogo e Palmeiras.
O Botafogo tem na teoria, como mascote, um cachorro, inspirado no Biriba, bichinho de estimação do ex-dirigente e falecido Carlito Rocha. Mas a polêmica entra no fato de que na época havia a discussão com a estátua do Manequinho, um garoto fazendo xixi, que estava na época na sede do clube, em General Severiano. Apesar da preferência de Ziraldo pelo Biriba, o que acabou passando foi o garotinho mesmo.
Outra que deu polêmica foi o do Palmeiras. Hoje não há duvidas na cabeça de ninguém que o mascote do Verdão, para os torcedores é o Porco, que inclusive figura nos túneis do Allianz Parque. Na época, porém, havia a dúvida entre o Porco e o Periquito, que era o mascote “oficial” do clube. O desenho que acabou ficando foi o do Periquito. O porquinho, porém, jamais perdeu sua força e recentemente foi declarado como mascote oficial da torcida, animando as partidas ao lado do periquito e passando a figurar no marketing alviverde.
Os desenhos de Ziraldo marcaram época, ficaram e seguem, mesmo nos dias atuais de modernização e novos conceitos, sendo base para as criações. Não podemos esquecer que o cartunista criou algumas figuras. Mais recentemente, o Corinthians pediu ao cartunista um novo desenho do mosqueteiro e o Vitória, em 2009, ano do seu aniversário de 110 anos, pediu um desenho do Leão ao cartunista.
Acima de tudo, a ação dos desenhos de mascotes por Ziraldo em 1987 mostra todo o potencial de marketing que é mal aproveitado nos clubes brasileiros, que ao invés de irem para frente, parecem andar para trás, em tempos onde a imagem é tudo. Os desenhos, porém, como muitos do Zap, ficaram na história.
olá, vale lembrar que nos álbuns de figurinhas do Campeonato Brasileiro (Copa União) 87 e 88 os mascotes não eram os assinados pelo Ziraldo. O primeiro álbum com a assinatura do Ziraldo foi em 1989
ResponderExcluir