Por Lucas Paes
Colo-Colo eliminou o Boca depois de ter perdido o primeiro jogo
O feito que o Palmeiras precisará alcançar para chegar a final da Copa Libertadores de 2018 não é só difícil, é inédito. Enfrentar o Boca Juniors nunca é bom sinal em nenhuma circunstância e a fama aterrorizante do gigante azul e dourado não existe por acaso: no futebol, o impossível não existe, mas é dificílimo eliminar o Boca Juniors a partir do momento que você entra em desvantagem diante dos Xeneizes. Até hoje, só um time conseguiu na Libertadores: O Colo-Colo, em 1991.
A equipe do croata Mirko Jozic era disciplinada taticamente. Longe de repetir a magia de Caszely e cia, naquele impressionante time de 1973, o Cacique de 1991 conseguia bons resultados na base da disciplina tática e não teve grandes sofrimentos para chegar invicto até as oitavas de final. Despacharam o Universitário nas oitavas, golearam o Nacional em Santiago nas quartas, por 4 a 0, placar que fez com que nem fosse sentida a derrota por 2 a 0 em Montevidéu até chegarem as semis e enfrentarem o terrível Boca Juniors, na época dono de apenas duas Libertadores.
A Bombonera é um pesadelo para qualquer time sul-americano, talvez para qualquer time no Mundo. O Colo Colo descobriu isso no primeiro jogo daquela semifinal, quando até criou chances na casa argentina, mas sofreu um gol de pênalti de Granciani e saiu com a desvantagem daquela noite em Buenos Aires. Aquilo marcaria o início de um feito que acabaria entrando para a história. Que ocorreria num dos jogos mais violentos da história do futebol sul-americano.
A equipe conseguiu, depois, conquistar o título
O dia era 22 de Maio de 1991 e o Monumental David Arellano estava abarrotado. O Boca de Tabarez, sim, o mesmo que treina o Uruguai contra o Cacique de Jozic. Uma curiosidade é que Renato Marsiglia era responsável pelo apito neste jogo. Depois de um primeiro tempo zerado, o placar foi aberto por Martinez, de cabeça, após grande jogada de Barticciotto, já com quase 20 minutos da etapa final. Praticamente no lance seguinte, em um cruzamento da direita, Barticcioto marcou o segundo gol chileno, resultado que já daria a classificação aos mandantes.
Mas o Boca é traiçoeiro, o Boca é perigoso e o Boca viraria alguns anos depois o pesadelo da América do Sul (e até de times como o Real Madrid, que teve suas estruturas abaladas por Palermo). Numa jogada rápida, Diego Latorre marcou aos 30, após cruzamento de Batistuta, sim, o ele mesmo, e deixou a parada aberta, com um resultado que levava o jogo aos pênaltis, num dia em que os argentinos estiveram longe de fazer grande partida. Só que o duelo ainda não havia terminado e os Xeneizies sentiriam um pouco o amargo (e sangrento) gosto de um caldeirão sul-americano.
O segundo jogo
Aos 37’ do segundo tempo, Martinez recebeu lançamento e frente à frente com Navarro, fez o que qualquer atacante sonha nesta situação: cavadinha, rede, explosão total no David Arellano. O campo foi invadido por gente da reportagem que na verdade eram torcedores caciques. Um cenário de caos se instaurou no gramado, com trocas de agressões entre jogadores e a entrada da polícia chilena em campo. Em dado momento, numa mostra de total despreparo, um dos cachorros da polícia chilena mordeu o goleiro Navarro.
O jogo chegou a voltar, depois de um bom tempo parado. Porém, o Boca não foi capaz de reagir e assistiu ao Colo-Colo chegar em sua segunda final de Libertadores. Dessa vez, o final seria feliz para os chilenos, que trucidaram o Olimpia em Santiago para ficarem com o título. A conquista foi a primeira e única da história do Cacique.
O Boca, que ainda não era um titã sul-americano como é hoje, só se converteria no monstro atual sob a batuta de Carlos Bianchi, que copou três vezes a Libertadores, todas sobre times brasileiros, sendo o Palmeiras vice duas vezes e o Santos uma. O Alviverde Imponente tenta reverter esse retrospecto absolutamente negativo contra o gigante argentino e se conseguir, fara história para quem sabe chegar à segunda conquista da América. Esta quarta-feira promete.
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