Por Lucas Paes
O Real Madrid da temporada 1959/1960 - O time do primeiro título mundial
Atual tri-campeão europeu, detentor de praticamente todos os títulos possíveis, o Real Madrid é, nos dias atuais, o maior clube de futebol do Planeta Terra. Ainda que haja quem discuta, a junção entre os títulos, projeção, poder financeiro e, é claro, história, dos madridistas é imbatível em comparação a qualquer clube. Mas o Real demorou a se tornar o titã que é hoje. O time cresceu de maneira absurda no período da ditadura Franquista, e há sim possível relação entre os dois fatos. Mas também é inegável o trabalho espetacular feito pelo presidente Santiago Bernabeu, que não a toa nomeia o sagrado estádio madrilenho. Independente de se os Blancos viraram um gigante devido ao Franquismo ou à Bernabeu, o fato é que o time dominou a Europa nos anos 1960. E na noite doa dia 4 de Setembro de 1960, o esquadrão branco conquistou o primeiro título mundial de sua história.
O brilhante time de Di Stefano, que veio aos Galácticos em polêmica transferência que também envolvia a tentativa de contratação do Barcelona, começou sua dominação européia em 1955, e ganhou em sequência as cinco primeiras edições da Copa dos Campeões da Europa (atual Champions League.). Em 1960, aconteceu a primeira edição da Libertadores da América, que consolidava um modelo já criado no Sul-Americano de clubes, que inclusive foi base para a criação da Copa dos Campeões. O campeão? O Peñarol, de Spencer, Cubilla e cia. O colosso aurinegro começava a construir sua fortaleza de gigantismo em terras sul-americanas.
Na época, o Mundial envolvia apenas os campeões da América do Sul e da Europa. Em um formato bem diferente do atual, os jogos ocorriam inclusive em ida e volta. No primeiro jogo, o Real Madrid enfrentaria o já na época pouco convidativo Estádio Centenário, caldeirão onde o Peñarol escaldou todos os adversários que encontrou pela frente na Libertadores. Uma parada duríssima para um dos maiores elencos que o futebol já teve.
A taça do primeiro mundial
O fato é que os Merengues se seguraram. Os madridistas aguentaram a pressão uruguaia, num estádio que algumas décadas antes havia visto o Uruguai levar o primeiro mundial. Spencer e cia não conseguiram furar a defesa espanhola, mas Di Stefano, Puskas, Gento e um dos mais mortais ataques que já jogou bola neste mundo também não conseguiu furar a retaguarda do Manya. Tudo estaria aberto para o Bernabeu.
Só que se o Centenário não era convidativo, o estádio madridista também não era um paraíso para as equipes adversárias. Ainda que não fosse o caldeirão que o estádio se tornaria nos anos 1980 e 1990, quando o Real Madrid tinha de fato umas das melhores torcidas europeias, o imponente colosso impunha respeito e temor em quem fosse enfrentar aquelas imaculadas camisetas brancas. Naquele dia, o futuro titã uruguaio conheceria o imperdoável ataque merengue, que trucidou os aurinegros.
Com apenas 10 minutos de jogo, o Bernabeu já pulsava com um placar onde se lia 3 a 0. Com três minutos, numa jogada coletiva que daria orgulho a lenda do Barcelona Pep Guardiola, Di Stefano abriu o placar para o Real Madrid. Um minuto depois, um cruzamento de Gento sobrou para Puskas fora da área, o húngaro bateu com violência, a bola desviou em Di Stefano e foi as redes do atordoado Peñarol. Ainda sem entender tão bem o que acontecia, o escrete aurinegro viu Puskas aumentar, em cobrança de falta que era no mínimo defensável, mas que Maidana aceitou. Ainda no primeiro tempo, Herrera transformou a vitória em goleada.
Os gols do jogo
A verdade é que o jogo estava definido quando começou o segundo tempo, e o Peñarol deixou o gramado para o intervalo com o orgulho ferido, e, parafraseando um texto do portal Impedimento, "com a envergadura de um guardanapo molhado.". Logo aos seis minutos da etapa final, Gento marcou um gol espetacular em um belíssimo toque por cobertura. Apesar de já terem ido a nocaute, os uruguaios ainda diminuíram o placar com uma boa jogada de Borges e Spencer, que terminou com gol do artilheiro equatoriano. Mas não havia mais o que fazer, pois depois de um verdadeiro baile, o Real Madrid era campeão mundial de futebol.
Seria o último suspiro daquele esquadrão, que deixaria seus áureos tempos naquela temporada. Seis anos depois, o Real Madrid ainda conquistou mais uma Copa dos Campeões e acabou sofrendo a vingança do Peñarol, naquela altura já um time fortíssimo, que ganhou os dois jogos dos Merengues e levou o título mundial. Porém, a magistral atuação dos Blancos, naquela distante noite de setembro, ajudou a propagar o mito madridista, em épocas onde não haviam muitas informações do futebol europeu pelo mundo. O título mundial de 1960, o primeiro dos absurdos seis títulos do clube da capital espanhola, plantou a semente que futuramente tornaria os "Galácticos" o time de futebol mais conhecido do Mundo.
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