A Conmebol segue sem conseguir ser organizada

Por Lucas Paes

Ábila teria atuado a Libertadores todas suspenso e Boca não vai utilizá-lo contra o Cruzeiro
(foto: Gabriel Rossi/Images South America)

É uma crescente nos últimos anos. Os regulamentos confusos, um sistema que é indicativo, mas que não pode ser usado como prova, casos como o de Luiz Antônio, Carlos Sanchez e Zucullini, do River Plate. A Confederação Sul-Americana de Futebol vive o pior momento na organização de seus torneios e sua imagem segue se degringolando cada dia mais. O caso de Sanchez foi a ponta do Iceberg que parece estar se revelando. 

Com erro santista ou não, a situação parece ter aberto os olhos da América do Sul e do Mundo para os problemas da Conmebol no que se referem a jogadores punidos. A instituição segue com sua imagem denegrida e agora surge a denúncia de que Ábila, do Boca Juniors jogou não só um jogo, mas toda a campanha Xeneize na Libertadores irregularmente, posto que deveria cumprir uma suspensão. Por precaução, o Boca não vai utilizá-lo no confronto colossal contra o Cruzeiro. 

Situações como essa, porém, expõem o quanto a Conmebol está perdida. Este ano, o Cruzeiro deixou de utilizar o zagueiro Leo e o lateral Edilson, pois não recebeu uma resposta da confederação sobre a condição de jogo de ambos. Há quem diga que sejam arapucas armadas, mas independente de teorias da conspiração, o fato é que a Conmebol está completa e totalmente perdida e sua imagem está cada vez pior. 

Os casos estão pipocando a todo o momento. A revolta santista parece ter aguçado a investigação e disso vão surgindo outras situações. O COMET, sistema que deveria servir para indicar se um jogador está apto ou não para jogo, é, segundo o regulamento da própria Conmebol, apenas um indicativo. Porém, é de se questionar que se crie um sistema oficial para não valer como prova e que haja uma imensa demora para resposta dos ofícios que clubes enviam, como vimos no caso cruzeirense. Além de tudo, é surreal que em plena era da informática e da internet, os clubes ainda precisem enviar ofícios para a confederação para saber sobre a aptidão de jogo de seus atletas. 

A Copa Libertadores de 2018 já ficará marcada pelas polêmicas extra-campo causadas pela sua desorganização. Sem denúncias de clubes, a confederação parece nem saber em alguns momentos sobre se há ou não aptidão para um jogador disputar uma partida. Fato que fica mais evidenciado no caso de Zucullini, onde a própria Conmebol desfez a suspensão do volante no inicio do ano, mandando para o River Plate um ofício que dizia que o jogador estava apto. 

O mais desalentador de tudo é que os casos continuarão a acontecer. Não há nenhum esforço da Conmebol em reconhecer seus problemas e melhorar sua organização e, não a toa, clubes brasileiros seguem sofrendo insatisfação com suposto favorecimento a times argentinos. As reclamações, fundadas ou não, tem base, vendo a diferença nos tratamentos de River Plate e Santos. Principalmente quando, no absurdo evento de soltar a punição horas antes do jogo, a Confederação Sul Americana quase descumpriu um regulamento da FIFA, ao manter Sanchez suspenso, o que potencialmente poderia ser trágico. 

Mas como a Conmebol poderia ser mais organizado? Os exemplos rodam o mundo, mas o mais bem sucedido talvez seja o da Premier League. O campeonato, que é há anos o que mais rende dinheiro no mundo todo, tem um site público de consulta que cobre lesões e suspensões (http://www.premierinjuries.com/), onde é possível até baixar um aplicativo para celular. É uma solução incrivelmente simples e eficiente. É impossível para um dirigente dizer que não sabia da punição quando há um veículo de consulta público, de fácil acesso e atualizado. 

Nem na várzea, que tanta vezes “sofre a ofensa” de ser comparada a Conmebol, há tamanha desorganização. Em torneios maiores, uma rápida consulta a delegados do jogo confirma se um jogador está apto ou não. Seja essa consulta a planilhas de computador ou à anotações, mas a resposta é instantânea. Há quem diga que a Suburbana de Curitiba, aclamada por muitos como o maior campeonato de várzea do país, é mais organizado que boa parte dos torneios profissionais da América do Sul. O fato é que situações de escalações irregulares não ocorrem. 

Seja usando o exemplo que for, passou da hora da Conmebol mudar. A credibilidade da Libertadores cai cada vez mais, e a edição de 2018 já é um marco histórico neste aspecto. A queda de credibilidade, impreterivelmente, causará queda de rentabilidade, e isso pode virar uma bola de neve. A Libertadores, a despeito de tudo de ruim que rola dentro da Conmebol, tem uma história gigante e não merece o descaso com que tem sido tratada nos últimos anos. Passou da hora das coisas mudarem, antes que um torneio tão grande acabe morrendo por descaso.
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