Por Lucas Paes
Fotos: arquivo The Strongest
Corpo sendo retirado dos escombros do acidente. O time do The Strongest foi vitimado
Quando se fala em acidentes aéreos envolvendo times de futebol, as primeiras associações claras são o Manchester United, em Munique, a tragédia envolvendo a magnifica equipe do Torino dos anos 1940/50 e, é claro (e muito, muito doloroso) a inesquecível Chapecoense, há pouco tempo. Mas há 49 anos, aconteceu uma tragédia que acabou vitimando quase um elenco inteiro de um time conhecido por quem assiste Libertadores: o The Strongest, na tragédia de Viloco, em 26 de setembro de 1969.
74 pessoas estavam a bordo do avião Douglas DC-6, um dos mais modernos da época. O Tigre voltava de um torneio amistoso e embarcou no avião, de matrícula CP-698, que saia de Santa Cruz de La Sierra com destino à La Paz. O time vinha de uma péssima participação em um torneio amistoso e não andava bem mesmo no campeonato nacional. A aeronave decolou as 14 horas e por volta de uma hora depois foi perdido o sinal pela torre de controle. A partir dalí, acendeu-se o alerta.
O The Strongest de 1969
Naquele mesmo dia, ocorria mais um dos diversos golpes militares pelos quais a América Latina passou naquele período, onde o General Alfredo Candía arquitetou a derrubada do presidente Luis Adolfo Siles Salinas, filho de Hernando Siles, que dá nome ao famoso estádio de La Paz. Começava um período turbulento na política boliviana e há rumores de que o acidente foi na verdade um atentado. A teoria, porém não tem qualquer tipo de apoio ou comprovação até os dias atuais. Na verdade, as circunstâncias do acidente até hoje permanecem não muito claras.
O fato é que o avião havia caído numa região montanhosa e de difícil acesso, chamada La Cancha. Sem as notícias, presumiu-se o desastre e a partir do dia seguinte passou a haver apoio de autoridades e outras organizações com a declaração do estado de emergência. No dia seguinte ao acidente, um sábado, circulou a informação em Viloco de que haviam sido avistados destroços de um avião. Posteriormente, confirmou-se que era a aeronave onde estavam os jogadores do Strongest. Começaram as operações de resgate.
Enquanto as notícias se espalhavam e chegavam cartas de clubes ao redor do globo, parentes dos jogadores estrangeiros do elenco do Tigre iam as pressas para La Paz. Com mais de três mil voluntários ajudando, as buscas terminaram no dia 29 e no primeiro dia de outubro os restos mortais dos jogadores chegaram a La Paz, onde foram velados e enterrados sob o testemunho de uma multidão de mais de 15 mil pessoas. A tragédia era um golpe duríssimo para o Strongest.
O velório dos jogadores da equipe
O acidente fez com que muitos previssem o fim do The Strongest. O clube estava em frangalhos. Neste momento, foi crucial a administração de Rafael Mendonza Castellon, Don Rafo, como ficou conhecido, que tomou sucessivas ações para não deixar o aurinegro morrer. Nesse contexto todo deve-se destacar também a enorme participação do Boca Juniors, que organizou amistosos com o Strongest Simbolo (escrete criado para angariar fundos para a recuperação financeira do Tigre) e com outras equipes com a renda indo para a recuperação do time boliviano, , além de emprestar Fernando Bastida “Zorro” e Victor Hugo Romero (Romerito), que se tornariam gigantes do futebol local. No Brasil, a renda de um jogo entre Flamengo e Fluminense foi toda revertida para o Strongest.
No acidente, faleceram os jogadores Armando Angelacio, Orlando Cáceres (paraguaios), Ángel Porta, Hernán Andretta, Héctor Marchetti, Eduardo Arrigó, Raúl Óscar Farfán (argentinos), Julio Alberto Díaz, Oswaldo Franco (bolivianos naturalizados), Ernesto Villegas, Jorge Durán, Juan Iriondo, Óscar Guzmán, Jorge Tapia, Germán Alcázar, Óscar Flores y Diógenes Torrico (bolivianos). Além do treinador Eustaquio Ortuño e alguns diretores do clube. Além de um diretor do Cerro Portenho, do Paraguai.
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