O Botafogo campeão da Taça Brasil de 1968

Por Diely Espíndola

A decisão contra o Fortaleza, que deu o título de campeão da Taça Brasil ao Botafogo
(foto: acervo Rui Moura)

É de concordância nacional que o Botafogo da década de 60 foi um dos maiores times que o Brasil já viu em campo. Nomes como os de Garrincha, Nilton Santos e Didi são alguns dos que compõem os registros históricos da época nos arquivos do Glorioso e na memória dos torcedores. Foi na década de 60 que o clube conquistou o seu primeiro título nacional, a Taça Brasil de 1968, décima e última edição da competição que seria uma das mais expressivas da era de ouro do Botafogo. O interessante porém, é que ainda que a edição seja a de 1968, a competição só terminaria oficialmente em 1969. 

A competição contava com os campeões estaduais pelo Brasil, o que significava que a cada ano a Taça Brasil só poderia ser disputada após o fim das competições regionais. Em 1968 o calendário de jogos sofreu uma alteração que atrasaria o cronograma das federações estaduais, o que causou um atraso na disputa da competição nacional, que só começaria em agosto. No entanto, muitas das competições estaduais ainda não haviam acabado, e seus campeões ainda não haviam sido definidos. O que foi o caso do Botafogo, que só estrearia na Taça Brasil em dezembro. 

Ainda que tardia, a participação do Botafogo na competição foi gloriosa. No jogo de estreia o Alvinegro enfrentou o Metropol no Maracanã, e o placar foi de 6 a 1 para o Botafogo. Seria o começo de uma longa e cansativa, porém vitoriosa jornada para o Glorioso.



À época, não existia disputa por pênaltis. Caso em dois jogos não houvesse vantagem de uma das equipes, era forçado um terceiro jogo. Na primeira fase, o Botafogo encarou o catarinense Metropol e venceu o primeiro jogo. Na segunda partida, o Fogão foi derrotado por 1 a 0, e o último e decisivo jogo deveria ser, pelo regulamento, no mesmo estádio do segundo jogo, a casa do Metropol.

O calendário porém determinava que o jogo seria numa quarta à noite, e o estádio não tinha condições de iluminação para uma partida noturna. A Confederação Brasileira de Desportos, que organizava a competição, determinou que o jogo deveria acontecer em Florianópolis, longe de Criciúma, cidade do Metropol, que não aceitou jogar longe de sua torcida. Após meses de impasse de datas e locais entre CBD e Metropol, a confederação determinou que o jogo deveria acontecer no Rio de Janeiro. 

O Botafogo entrava em campo com desfalques, tendo alguns de seus jogadores em amistoso pela Seleção, e para dificultar a partida acontecia sob forte chuva. Aos 15 minutos da segunda etapa o árbitro encerrou a partida por considerar que não havia condições de jogo. O placar estava em 1 a 1, resultado que por saldo de gols classificava o Botafogo. No entanto a partida não teve validade por não ter sido encerrada, e deveria ser remarcada. Mas o Metropol não esperou a nova data e voltou para Santa Catarina, mas a caminho de casa descobriu que a CBD havia remarcado a partida para o dia seguinte, no Rio de Janeiro, e por W.O o Botafogo se classificava para a fase final da Taça Brasil. O próximo adversário do Glorioso seria o Cruzeiro, e o vencedor enfrentaria o Náutico. Na outra chave, Palmeiras enfrentaria o Fortaleza, e o vencedor enfrentaria o Santos.

Reportagem sobre o título

Mas devido a tantos adiamentos e confusões de calendário, Palmeiras e Santos se retiraram da competição, o que classificaria automaticamente o Fortaleza para a final. Para que isto não acontecesse, a CBD mexeu nas chaves e transformou os jogos em semi finais, sendo Botafogo x Cruzeiro e Náutico x Fortaleza. Botafogo e Fortaleza foram os classificados para final, que agora seriam disputadas em ida e volta. 

No primeiro jogo, empate em 2 a 2. O Botafogo novamente perdia importantes peças de seu elenco para a seleção. Mas como os botafoguenses dizem, “se não é sofrido não é Botafogo”. O alívio só viria mesmo na última partida. 

No jogo de volta, em outubro de 1969, o Botafogo mostrou na prática porque era um dos maiores clubes do país. O Alvinegro sofreu dois pênaltis não marcados e perdeu um de seus craques, Jairzinho, para uma lesão. Ainda assim, o Glorioso venceu o Fortaleza por 4 a 0, e com toda tranquilidade e superioridade, o Botafogo sem deixar dúvidas de seu merecimento, se sagrava o grande campeão da Taça Brasil.
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