A raiz da Nutella

Por Fábio Lázaro

Cristiano Ronaldo na Juventus é a grande atração da nova temporada do futebol europeu
(foto: Massimo Pinca/Reuters)

Que o futebol europeu tem crescido constantemente nos últimos 15 anos não é novidade para ninguém. E que esse crescimento levou a criação de uma geração de fãs dos clubes do Velho Continente também não é novidade. E nos tempos onde o tradicional é raiz e o novato é Nutella, é importante sabemos o ponto de partida deste choque de cultura – não é, Rogerinho?

E essas referências iniciais do texto, seja o título que remete a um termo que ganhou proporções nas redes sociais ou a relação da expressão “choque de cultura” com a série do YouTube, diz muito sobre a raiz da linguagem europeia no público do futebol brasileiro. A era digital, os jogos de videogame, bem como o impulsionamento das redes sociais, somados aos principais craques brasileiros atuarem massivamente no futebol europeu no século atual, geraram em seu embrião fãs alucinados de clubes e ligas alemãs, espanholas, inglesas, portuguesas, italianas…

A “Geração Nutella” que por muito tempo foi chamada de “Geração Playstation” tem total influência nos jogos digitais, ou o grande amante dos consoles não se lembra dos temas do FIFA 18, Winning Eleven com narração em japonês, o Bomba Patch atualizado que é ruim de aturar e que hoje vive o duelo constante entre Konami e EA em busca da massificação do PES contra o FIFA? Brasfoot, Elifoot, se tornaram Footbal Manager, e por aí caminha a humanidade virtual. A grande questão da evolução digital ser responsável pela ascensão do futebol europeu, deve-se sempre as suas altas pontuações em relação aos clubes dos demais continentes. Embora questionadas, essas pontuações se devem muito pelo investimento dos clubes europeus em montarem seleções mundiais em suas ligas.

O reflexo dessa ascensão tem se mostrado nas campanhas das últimas Copas do Mundo, no qual os quatro últimos mundiais foram vencidos por europeus. Em 2018, por sinal, com quatro seleções europeias chegando às decisões, com a França, país onde atua o principal jogador brasileiro na atualidade, Neymar, se sagrando campeã. Em 2014, no Brasil, a Alemanha foi a primeira seleção da Europa a conquistar uma Copa do Mundo em solos americanos, confirmando a hegemonia que vem desde 2006, com a Itália se sagrando campeã mundial (com França, Alemanha e Portugal completando as quatro primeiras colocações) e passando pela Espanha se sagrando, de forma inédita, campeã em 2010 e integrando um grupo de cinco seleções europeias campeãs do Mundo, contra três seleções americanas campeãs.

Se até a década de 90 víamos os craques brasileiros atuando em solo nacional, vide Edmundo em 97 pelo Vasco, Raí entre 92 e 93 pelo São Paulo, Alex em 99 pelo Palmeiras etc, a geração de 2002 para frente, com Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká etc brilharam na Europa, muito embora saísse com um certo renome no Brasil. Agora, a geração é outra, de jogadores que são pouco, ou até nada, conhecidos do público nacional, até explodirem diretamente na Europa.

Todos esses fatores respondem a pergunta capital: aonde está a raiz dessa geração Nutella? São esses determinados assuntos que respondem. E com isso, vamos acompanhando a ponta do iceberg, com o público brasileiro se deliciando com mais uma temporada do futebol europeu, que iniciou neste final de semana e tende a entreter admiradores de Real, Barça, Juventus, United, PSG, City, Bayern…
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