Por Fábio Lázaro
A Copa do Mundo terminou neste domingo. Saudade (foto: Getty Images.com/Fifa.com)
Neste final de semana resolvi sair com alguns amigos. No sábado, fui a um karaokê. Tenho como opinião pessoal que é num karaokê que se canta músicas antigas, hits “peculiares” e aquelas canções que faz a galera de todas as idades cantarem juntas. Enfim, logo ao chegar peguei o cardápio musical e uma canção me chamou atenção em especial, “Ainda ontem chorei de saudade”, do Moacyr Franco. Lembrei-me que há temos que não escutava aquela música, tampouco a cantava. Então, pedi…
Quando o microfone chegou até a minha mão e eu comecei a degustar cada palavra daquela poesia, compreendi o motivo dela ter me saltado aos olhos em meio a tantas outras opções. Não é que ela refletia nitidamente o meu sentimento em relação ao futebol num ano de Copa do Mundo? E principalmente da forma que temos o visto em terras tupiniquins nos dias atuais?
É como se ao iniciar a Copa eu escrevesse uma carta para que futebol nacional desaparecesse, que ele nunca mais me procurasse e sempre me esquecesse. Mas, ao final do Mundial, me deparando que tudo é futebol e o que me resta é ver Vasco e Bahia numa noite de segunda-feira e não um Espanha e Portugal numa tarde de sexta, entendesse que esquecer é bobagem, é tempo perdido.
E olha, até acho que o futebol poderia fazer a minha vontade, atender o meu pedido, e nem mais me procurasse, até porque, olhe as minhas falas, as minhas redes sociais, minhas conversas de botequim, eu só o odeio, o julgo e o caço. Mas é à frente da televisão numa tarde de domingo, noite de quarta-feira, ou até mesmo no concreto da arquibancada, cadeira da arena, no sol a pino e o mal de sono do domingo de manhã, que eu o beijo e o abraço.
Nesta segunda já temos Vasco e Bahia pela Copa do Brasil
(foto: Carlos Gregório Jr/Vasco da Gama)
A Taça Libertadores é obsessão e os títulos os meus sonhos a noite. E os meus sonhos são meus, ninguém rouba e nem tira. Afinal, melhor sonhar a mentira de um mundial contra o campeão europeu do que viver a verdade de um campeonato estadual, por exemplo.
Leio, então, novamente a carta que para mim era alforria e que hoje é utopia. Num ato impensado e lapso de troca cuspi no prato que comi. E comi o banquete que me ofereceram. E agora que acabou? Já diria outra canção: “O meu coração chorou”. E chora. De saudade. Que ainda ontem chorei. Relendo a carta e sentindo o perfume da grama brasileira que, seja lá quantas Copas passarem, comerei até o fim da minha vida.
Fica então a pergunta: o que fazer com essa dor que me invade? Mato esse amor? Me mata o ciúme? Absolutamente! Mato o ciúme daqui quatro anos e vivo esse amor incondicional com o futebol do meu país.
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