Por Rodrigo Tigre*
O rádio e o futebol sempre estiveram em sintonia. De acordo com os registros, a primeira transmissão da modalidade no País se deu em 19 de julho de 1931, durante a partida entre as seleções de São Paulo e do Paraná. Foi assim que teve início a íntima relação dos brasileiros com o esporte bretão por meio do rádio. Há acadêmicos, como o sociólogo Ronaldo Helal, que defendem o rádio como o responsável pela transformação do esporte em paixão nacional e até mesmo pelo surgimento do patriotismo.
De lá para cá naturalmente muita coisa mudou, desde a qualidade, como a cobertura das transmissões e a evolução da forma de narrar. Em 1960 surge Fiori Gigliotti, referência por criar e fazer uso de bordões. Mais adiante, por volta da década de 70 nascem ícones do jornalismo esportivo como José Carlos Araújo e Osmar Santos, que viraram de cabeça para baixo a locução de futebol, em um momento em que a televisão já dominava a atenção das pessoas. Com expressões como “ripa na chulipa” e “pimba na gorduchinha”, Osmar usou o bom humor e a linguagem próxima a do ouvinte para trazer a audiência para o rádio.
Já no final da década de 90 e início dos anos 2000, o futebol começou a ganhar ainda mais espaço no rádio com a tendência de ser incluído em estações populares em seus horários nobres, até mesmo em FM com programas dedicados ao pré-jogo, análises e discussões pós-jogo. A verdade é que não vimos a TV “matar” o rádio, mas sim, o meio ainda mais forte e com uma programação ainda mais diversa de conteúdo futebolístico.
A próxima etapa desta evolução passa pelo áudio digital, ouvido por aplicativos como o TuneIn, que reúne todas as principais rádios do mundo, diretamente pelos apps das estações ou ainda via streaming. Hoje no TuneIn você consegue, independente de onde esteja, escutar a narração de todos os jogos do Brasileirão (Série A / Série B) ou mesmo da libertadores, coisa que antigamente só era possível acessando uma rádio local.
O surgimento do áudio pela internet alterou o modo de consumo deste meio. Segundo pesquisa da Audio.ad “Cenário do Áudio Digital no Brasil”, de 2016, 52% dos ouvintes de rádio pela internet escutam através de PCs, 45% ouvem via smartphones e 19% por meio de tablets e Esportes é o terceiro conteúdo mais consumido depois de músicas e notícias.
Em 2018, viveremos a Copa da Rússia, com o áudio digital praticamente consolidado entre os fãs de rádio. Com jogos na parte da manhã e início da tarde, não há dúvidas de que muitos recorrerão ao recurso digital para poder acompanhar não apenas os jogos, mas também as notícias das partidas e novidades da seleção nacional por meio das rádios online, enquanto realizam outras atividades.
Diante desta perspectiva, será interessante observar como os anunciantes vão aproveitar esta oportunidade única de conexão com os consumidores. Do radinho de pilha com chiado ao áudio digital no aplicativo, a verdade é que o futebol sempre esteve “colado” no ouvido dos brasileiros. Aliás, não é lá que sua marca gostaria de estar?
* Rodrigo Tigre é sócio-diretor da RedMas, da Cisneros Interactive, é uma empresa líder em soluções de publicidade digital na América Latina e no mercado hispânico dos Estados Unidos.
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