Por Lucas Paes
A Seleção Brasileira de 1930: dois jogos, uma derrota e uma vitória por goleada
Em um mundo do futebol que ainda vivia os tempos do amadorismo em boa parte do mundo, a primeira Copa do Mundo foi disputada no Uruguai, em 1930, por seleções convidadas pela FIFA. O Brasil, na época, já começava a ser um país expoente no futebol, algo que só cresceria dali pra frente. O país já começava a criar a característica do futebol arte ofensivo que o marca até hoje.
A comissão técnica da Seleção Brasileira na preparação para aquela Copa do Mundo era inteiramente formada por cariocas. Então, a APEA, Associação Paulista de Esportes Atléticos, pediu que um membro da Comissão Técnica fosse do estado paulistano. Porém, alegando que não havia tempo hábil para as mudanças, os cariocas mantiveram a comissão totalmente carioca.
Revoltados, os Paulistas decidiram não liberar nenhum jogador para a disputa do mundial. Tal fato impediu nomes como Athiê Jorge Coury, Feitiço e o craque Friendenreich, um dos maiores jogadores da história do Brasil e o maior da história do futebol amador, de disputarem a Copa, enfraquecendo a equipe brasuca.
O único jogador do estado que disputou a competição foi um dos destaques do incrível time santista do início da década de 1930 e final da década de 1920. Araken Patusca deixou o Santos após brigar com um companheiro de time e foi para o Flamengo, podendo juntar-se a seleção. O destaque alvinegro porém, jamais entrou em campo pelo Mengão, indo jogar no São Paulo e depois de novo no Peixe, onde seria campeão estadual em 1935.
Preguinho, de gorro, marcando o primeiro gol brasileiro em Copas
Sendo assim, o treinador Píndaro de Carvalho acabou levando apenas jogadores de times cariocas ao mundial. O Brasil estreou diante da Iugoslávia, estando em um grupo com os europeus e o time da Bolívia. Os iugoslavos venceram na estreia, no Parque Central, por 2 a 1, no dia 14 de julho, com o gol brasileiro sendo marcado por Preguinho, aos 17' do segundo tempo, quando a partida já estava 2 a 0 para os iugoslavos (Tirnanic e Bek marcaram ainda no primeiro tempo).
Na partida seguinte, no lendário Estádio Centenário, o Brasil encarou a Bolívia já sabendo que não teria chances de classificação, já que a Iugoslávia havia vencido a mesma Bolívia por 4 a 0. Porém, os brasileiros entraram com vontade e fizeram o mesmo marcador dos iugoslavos: venceu por 4 a 0, com dois de Preguinho, destaque da equipe naquela competição, e dois de Moderato.
Apesar da goleada, o Brasil acabou eliminado. Eram grupos de três times (apenas um tinha quatro) onde só o líder passava, e os iugoslavos passaram com duas vitórias. Na semifinal, porém, os Iugoslavos acabaram trucidados pelos uruguaios, a exemplo dos norte-americanos, despedaçados pela Argentina, que perderia a final para a Celeste, que já era considerada a melhor equipe por ser bicampeã olímpica.
Em 1934, o problema da seleção brasileira foi entre amadores e profissionais, em um país que ainda implantava o profissionalismo no esporte bretão. Apenas em 1938, o Brasil iniciaria de fato a caminhada que o levaria a se tornar a maior seleção de futebol do planeta.
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